“Viúva Negra” é o filme da Disney mais prejudicado com os adiamentos causados pela pandemia. O prequel (história anterior) de “Vingadores Guerra Infinita” seria lançado em 2020, mas foi adiado por mais de um ano pela empresa dona da Marvel, que nesse meio tempo lançou três séries e já lançou o filme solo da personagem também no Disney +, o que tem provocado polêmicas nos bastidores, incluindo processo de Scarlett Johansson contra a empresa por isso.
Por tudo isso, os prejuízos de produção foram incontáveis, já que além da própria conjuntura mundial, a proposta já nasce envelhecida. Afinal, estamos tratando da história de origem de uma personagem que já morreu no cânone oficial, em “Vingadores Ultimato”. Se passando logo após “Capitão América Guerra Civil”, “Viúva Negra” mostra Natasha Romanoff acertando as contas com o passado e tentando dar cabo da sinistra organização da Sala Vermelha, onde assassinas são treinadas para matar políticos e gerar conflitos internacionais. Para isso, ela conta com o apoio da “família” falsa infiltrada que teve na infância.
Como se vê, não se trata de uma premissa das mais originais e o roteiro não faz questão de se afastar muito do “feijão com arroz” dos filmes de espionagem e baseados em quadrinhos. Há espiões sem memória, vilão malvadão que quer dominar o mundo e herói decadente tentando se redimir com a vida. O roteiro até consegue segurar o interesse de quem assiste, mas esbarra nos velhos clichês, que incluem até contar o plano do mal para a heroína antes da virada final. Sem contar que, diferente dos seus pares no cinema, como James Bond, Jason Bourne e Atômica, tem um sério problema de ritmo e diálogos simplórios que beiram a vergonha alheia.
Felizmente, a direção segura de Cate Shortland consegue manter o padrão um pouco mais alto na experiência. Shortland cria ótimas cenas de ação e lutas coreografadas, além de saber aproveitar as paisagens como elementos importantes para a construção da urgência narrativa, com destaque para a perseguição por telhados e pelas ruas de Budapeste e a fuga da prisão na Sibéria.
A diretora tem o carisma do elenco como trunfo também. Além de Johansson já bem à vontade no papel, Florence Pugh é uma excelente adição ao universo Marvel, pois tem carisma e talento suficiente para segurar futuros papéis do estúdio, incluindo aventuras solos. E claro, a competência habitual de Rachel Weisz e David Harbour, que espero ver mais vezes por aí pelas franquias do MCU. Mas aqui, a fórmula Marvel e a sensação de filme atrasado diluem a expectativa e, infelizmente, “Viúva Negra” é mais um filme esquecível de quadrinhos, o que está se tornando uma espécie de hábito ruim, ainda mais se tratando de uma experiência ressignificada que é frequentar uma sala de cinema no pós-covid. Ou a Disney e seus executivos repensam suas estratégias de produção e divulgação desse tipo de obra, ou os próprios fãs irão cansar da experiência. A ver...
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