Os dois primeiros exemplares da franquia “Invocação do Mal” foram sucesso de público e crítica por apresentar histórias originais de possessão e assombrações, do ponto de vista de um casal de pesquisadores do ocultismo, Ed e Lorraine Warren, que existiu na vida real e cujos casos foram adaptados aqui. As maiores qualidades são a direção segura de James Wan e a relação de amor e companheirismo dos Warren, que só trabalham juntos e sempre protegem um ao outro: ele com a capacidade de entender as situações e ela sendo clarividente.
James Wan é um dos melhores diretores em atividade no cinemão de Hollywood. Sabe trabalhar com planos, pequenos espaços, luz e sombra e elementos de cena (a cena do carrinho saindo da cabana da criança no meio da casa no 2 é memorável), criando tensões e sustos sem apelar para os velhos clichês do gênero. Além disso, deu vida a algumas criaturas que já estão no imaginário do horror no cinema moderno, como a boneca Annabelle, a Chorona e a Freira, mesmo que seus filmes derivados sejam bem fracos.
Aqui entra o principal problema de “Invocação do Mal 3 - A Ordem do Demônio”: falta personalidade. Afinal, Wan cedeu a direção para Michael Chaves, que além de mais inexperiente, também não tem uma vitrine muito boa com o tolo “A Maldição da Chorona”. Assim, ficou parecendo que a única função de Chaves era criar mais um filme de terror genérico.
Com duas horas de duração, não tem nenhuma grande cena ou criatura capaz de gelar a espinha (o homem torto que o diga) e o roteiro apela para muitas conveniências para conseguir amarrar algumas pontas soltas. No fim, fica parecendo que a investigação do paranormal não se conecta e os “poderes” da vilã variam de intensidade, de um susto até ressuscitar cadáveres, ou de se teletransportar para qualquer lugar, o que foge muito da essência das obras anteriores. Assim o elenco passa a maior parte do filme andando de um lado para o outro ou levando sustos em alucinações que se repetem à exaustão. A única parte digna de nota é realmente o exorcismo inicial, bem feito e com efeitos especiais executados à perfeição.
Felizmente, o que torna “Invocação 3” assistível é o carisma e a relação interpessoal do casal principal. O medo dos Warren é palpável e garante a sensação de urgência para o que eles passam por terem essa necessidade de proteger um ao outro, mesmo com os dons certos para os casos investigados. O fato de Ed ter problemas de saúde e Lorraine ficar assustada nos lembra que são pessoas normais enfrentando batalhas sobrenaturais, mesmo que seus avatares reais sejam bem questionados por seus livros e casos. Nada disso seria possível se não fosse a química e o talento de Patrick Wilson e Vera Farmiga. Eles estão muito à vontade nos papéis, onde podem demonstrar como são excelentes atores.
No cômputo geral, “Invocação do Mal 3” não traz nada de novo para a franquia e parece mais um exemplar genérico de terror, desses que saem direto para streaming ou DVD, se não fosse o dinheiro investido e o elenco escolhido.
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