A produtora cristã Angel Studios está oferecendo ingressos gratuitos para o filme "Som da Liberdade", que estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira (21).
O longa liderou as bilheterias no Brasil neste fim de semana, segundo a Comscore Movies, empresa que monitora o desempenho de filmes.
Em seu site, a Angel Studios diz que quem não consegue pagar pelos ingressos pode obtê-los de forma gratuita "graças à generosidade de outras pessoas".
A ideia é que quem tem dinheiro compre ingressos de forma antecipada para disponibilizá-los às pessoas que dispõem de poucos recursos financeiros. Os valores variam de R$ 22, faixa na qual é possível doar apenas um ingresso, até R$ 770, na qual 35 ingressos podem ser ofertados de graça.
"A Angel Studios, produtora internacional do filme, está promovendo por aqui a mesma estratégia de engajamento que fez no exterior", diz em nota a Paris Filmes, distribuidora do longa no Brasil. "As pessoas que apoiam a mensagem do filme podem comprar ingressos para outras que não podem comprar, dando a possibilidade dessas outras pessoas assistirem."
A Ancine, a Agência Nacional do Cinema, porém, não sabe informar se os ingressos comprados a mais entram nos números de bilheteria do filme. "Não estamos a par dos detalhes da estratégia do distribuidor", disse o órgão em nota.
A estratégia da produtora lembra aquela adotada durante a exibição do filme "Nada a Perder", cinebiografia do bispo Edir Macedo. Em 2018, a bilheteria foi inflada por ingressos oferecidos de graça a fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o pastor é líder.
A diferença é que, na ocasião, a instituição comprava os ingressos antecipadamente e distribuía para as pessoas. Agora, interessados em ver "Som da Liberdade" devem fazer um cadastro no site da Angel Studios e manualmente resgatar o ingresso a partir da disponibilidade de outros financiadores.
Dirigido por Alejandro Gómez Monteverde, "Som da Liberdade" narra a atuação de Tim Ballard, ex-agente especial do governo dos Estados Unidos. O filme independente se tornou um sucesso inesperado ao arrecadar US$ 178 milhões desde seu lançamento nos Estados Unidos.
Apesar do sucesso em bilheteria, o longa sofreu represália pela proximidade com teorias conspiratórias do grupo extremista QAnon.
O diretor afirma que as alegações são infundadas, pois a produção do filme teria sido iniciada em 2015, antes do surgimento do QAnon, no ano de 2017.
"A origem [do filme] foi evitada, proposital ou acidentalmente, na mídia", afirma o Alejandro em entrevista à Variety. "A origem responderá a muitos desses equívocos no filme".
No filme Ballard, é interpretado por Jim Caviezel, ator de "A Paixão de Cristo". No passado, ambos promoveram teorias conspiratórias ligadas ao QAnon. Ballard se tornou também bastante próximo do ex-presidente Donald Trump, que chegou a apresentar uma sessão do filme, onde estiveram presentes outras figuras da extrema-direita.
Entre as ideias divulgadas pelo grupo QAnon está a de que existe uma conspiração internacional de ativistas pedófilos e canibais ligados à esquerda política, responsável por uma rede de tráfico infantil para exploração sexual. Ambos, Ballard e Caviezel, negam relação com o grupo.
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