Havia uma estranha calma no desfecho da aventura anterior de Harry Potter, a sexta adaptada dos livros de J.K. Rowling, “O Enigma do Príncipe”. Consciente de que é o escolhido, Harry anuncia que tem de levar adiante a tarefa de Dumbledore, que colecionava as memórias de Valdemort em busca de uma, em especial, para compreender melhor como ele conseguiu se preservar à destruição da morte.
E Harry dizia, lembram-se?, que nunca se havia dado conta de como o mundo que se descortina de Hogwarts era bonito. Sua luta, ele crê, era solitária, mas Hermione lhe dizia que era um tolo, pois Ron e ela estariam sempre a seu lado.
Era um final sereno, o mundo visto do alto. A calma que precede a tempestade. O sétimo filme da série, que, a partir da madrugada de amanhã (18), toma de assalto as telas de todo o Brasil - serão 700 cópias, o que ameaça o reinado de “Tropa de Elite 2”, mas o filme de José Padilha ainda tem fôlego para romper a barreira dos 10 milhões de espectadores -, é o primeiro da série de dois em que foi dividido o último livro sobre o bruxinho. “Harry Potter e as Relíquias da Morte - Primeira Parte” entra agora, a segunda fica para meados (julho) do ano que vem.
Se o anterior terminava calmo, o atual começa em clima de guerra, com as forças de Valdemort lançando seu ataque contra Harry. O herói está sendo levado para lugar seguro e todos se metamorfoseiam nele. Há uma multidão de Harrys em cena. E há uma carnificina, meio elenco morre nos minutos iniciais de “As Relíquias da Morte”, só que o espectador não vê essas mortes. Elas - e outras, ao longo do filme - são referidas somente nos diálogos. É o filme mais sombrio da série.
Sob o efeito de sortilégios, o trio ameaça dividir-se, corroído por ciúmes e desconfianças. Mas a amizade prevalece. “Harry Potter e as Relíquias da Morte” termina bem - e triste - com um funeral, seguido da investida final de Valdemort, que se apossa da relíquia (qual?) enterrada com Dumbledore e abre a caçada da segunda parte, a final de toda a saga.
Em Cannes, no ano passado, conversando com o repórter sobre sua participação em “Aconteceu em Woodstock”, Imelda Staunton comentou seu trabalho com autores de prestígio, como Ang Lee e Mike Leigh (O Segredo de Vera Drake). Nenhum dos dois lhe mereceu a definição de gênio. Esta, Imelda reservou para David Yates. Com ele, Harry Potter ganhou em densidade, sem perder em aventura nem magia. (Agência Estado)
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