plus
plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Edição do Dia
Previsão do Tempo 26°
cotação atual R$


home
CINEMA

Drive ressuscita gênero de filmes de ação

Um sujeito alto, loiro, trajando uma jaqueta perolada com um imenso escorpião amarelo às costas. Melancólico, ele guarda um palito de dente entre os lábios, coloca suas luvas de couro e entra num carro que não tem nada de especial. Sim, nesta história, nã

twitter Google News

Um sujeito alto, loiro, trajando uma jaqueta perolada com um imenso escorpião amarelo às costas. Melancólico, ele guarda um palito de dente entre os lábios, coloca suas luvas de couro e entra num carro que não tem nada de especial. Sim, nesta história, não são os carros os protagonistas – como na lamentável série “Velozes e Furiosos” ou no bobo “60 Segundos” – mas sim, um homem. Aquele que tem um talento fora de série ao volante, que cruza as estradas e ruas em velocidade, fazendo peripécias e manobras arriscadas, numa cidade que não dá trégua aos perdedores.

motorista do título (Ryan Gosling) é um piloto profissional, que arrisca sua pele trabalhando como dublê em filmes de ação. E, quando ele sai dos sets, arrisca a pele novamente, participando de roubos e operações ilegais. Sua vida não tem muitas perspectivas e ele parece não se importar com isso. O roteiro adaptado da obra de James Sallis, pelo próprio diretor do filme, o dinamarquês Nicolas Winding Refn, constitui-se num trabalho coeso e empolgante que estuda os limites das pessoas presas a vidas ordinárias numa grande metrópole.

E para passar o clima certo, de tensão, angústia e adrenalina típico de uma obra existencial e cheia de momentos de ação, que colocam o protagonista em armadilhas das quais ele sai da forma mais sangrenta e imediata, é que Winding Refn usa recursos estéticos e narrativos acertados. A fotografia e a montagem são sofisticadas, e desde o principio, ele impõe uma atmosfera oitentista para homenagear os filmes americanos de ação da época. O letreiro lilás, com uma fonte semelhante a de Dirty Dancing e Gigolô americano, a ambientação composta por roupas e atitudes que são resquícios de Velocidade Máxima, Chuva Negra, Matador de aluguel e Um tira da pesada, pipocam na tela. Mas a inocência ou falta de, estilo visual e narrativo mais, digamos, apurado, desses filmes, ficou para trás.

Porque o protagonista de Drive não é um herói clássico, aí é que reside boa parte do trunfo. ‘Cool’ até o último fio de cabelo estrategicamente arrumado e penteado, e o óculos de aviador, ele anda suavemente pelas ruas, trabalha numa oficina mecânica consertando carros e não esboça qualquer preocupação com nada e com ninguém, inabalável e indiferente como uma pedra de gelo. Quando tem que se livrar de alguém, é como se estivesse esmurrando um pedaço de bife que precisa ser amaciado antes de ir para a panela. Sua natureza começa a mudar quando conhece a meiga Irene (Carey Mulligan) e seu filho, Benício, vizinhos no ‘cafofo’ aonde mora.

Como se alterado pelo encontro com aquelas duas criaturas tão frágeis, ele passa e se importar, amar e ter motivos para sorrir, mesmo de esguela. E passa a ficar menos silencioso. Seus planos de vida feliz são frustrados pelo aparecimento do marido dela, que saiu da prisão. Mas quando o motora aceita a proposta do seu ‘rival’ romântico, e dirigir para ele num último trabalho, o tiro sai pela culatra e ele se vê envolto numa grande confusão. E isso implica muito derrame de sangue e abala a relação com o seu chefe manco, dono da oficina, que começa a correr risco.

“EU SÓ DIRIJO”
Nas poucas vezes em que abre a boca e emite algum som, Ryan Gosling repete essa frase. Ela serve para ilustrar aquilo que, além de fazer melhor, é a única coisa que o preenche. Vemos a cara de satisfação quando ele acelera, despista a polícia ou bandidos, e olha pelo retrovisor os algozes comendo poeira. Ou quando se vinga colocando toda a fúria no motor e capô do carro, que termina ensanguentado.

Entre muitas cores neons e tons enfumaçados, a Los Angeles de Drive é uma cidade perigosa, e suas ruas são promessas de conflitos para o motorista anti-herói, que destila sua fúria para salvar aqueles que ama. A trilha sonora é um caso a parte, muitas vezes minimalista, atmosférica, dando a real dimensão da solidão e urgência impressa nos personagens principais. O ex-baterista do Red Hot Chilli Peppers, Cliff Martinez, é responsável por 14 das 18 músicas do filme. A influencia de Angelo Badalamenti (compositor de Twin Peaks e Veludo Azul, ambos de David Lynch) no seu trabalho é marcante. A canção que toca mais de uma vez, no princípio e fim da saga, é ótima. Intitulada Nightcall, tem uns sintetizadores marcantes e é interpretada por Kavinsky com a participação da cantora brasileira Lovefoxxx (do grupo Cansei de Ser Sexy).

Drive é um sopro de criatividade, aonde o talento de Winding para expressar visualmente a severidade e melancolia do seu personagem título e tornar as perseguições e a violência mais verdadeiras e autenticas. Com ângulos inusitados, narrativa cadenciada e muita convicção, o diretor sabe que está, antes de tudo, lidando com uma história de um homem – minuciosamente interpretado por Gosling - que se vê numa encruzilhada e tem a sua rotina permeada pela ação. Esses são alguns dos motivos pelos quais estão saindo tantas críticas empolgadas e o desempenho nas bilheterias tem sido melhor do que se imaginava. Há muito ainda a ser dito sobre esse filme, mas o principal é vê-lo e embarcar na jornada sentando ao lado do motorista. (Diário do Pará)

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

    Mais em Cinema

    Leia mais notícias de Cinema. Clique aqui!

    Últimas Notícias