Você já ouviu falar do “Dia do Berto”? Se você é paraense, principalmente da Ilha do Marajó, provavelmente conhece a lenda do “Berto”, um ser místico que é responsável por “pretejar” o açaí.

Segundo o folclore marajoara, essa entidade sai pelo mundo no dia 24 de agosto – dia que, também, marca o início da safra do fruto. Ao adentrar nos açaizais, ele urina no pé do açaizeiro. Para os que acreditam, é esse “mijo” que é responsável por deixar o açaí com cor escura.

Apesar de, essencialmente, a lenda mostrar algo positivo, há uma crença de que, nesse dia, é proibido a colheita do açaí e, muito menos, adentrar nas matas. Os mais crentes também evitam viajar e até sair de casa, reservando o dia para o descanso, enquanto o "Berto" está pelo mundo.

Para os caboclos, o “Berto” seria também mais um apelido para o “Diabo”. Contudo, no dia em que o “Berto” está solto, evita-se qualquer contato com o açaí ou com a floresta, reforçado pelos relatos de acidentes que acontecem nessa data. Quem se arriscar fazer uma caminhada na mata também corre perigo de ficar "mundiado", ou seja, perdido.

TRANCA RUA

Dia 24 de agosto, para as religiões de matriz africana, também é dia do Tranca Rua. Essa entidade não é considerada como “do mal”, mas seria um guardião do submundo. Sua simbologia é retratada como um homem com rabo, chifres e que usa um tridente. Não se sabe se a lenda do “Berto” tem algo a ver com o Tranca Rua, visto que a população marajoara se desenvolveu sob uma forte influencia africana.

No "Dia do Berto" não se pode colher açaí, viajar, e nem adentrar nas matas Foto: Andreza Andrade/Bem Diverso

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