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MEMÓRIA

O dia em que o Manuel Pinto da Silva tremeu

Pode até ser assustador, mas aquele velho papo sobre tremor de terra aqui em Belém também dispõe de certos encantos. Imagino que principalmente por causa das explicações “técnicas” de várias pessoas que, volta e meia, se arvoram a explicar o fenômeno,

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Imagem ilustrativa da notícia O dia em que o Manuel Pinto da Silva tremeu camera Cezar Magalhães/Diário do Pará/Arquivo

Pode até ser assustador, mas aquele velho papo sobre tremor de terra aqui em Belém também dispõe de certos encantos. Imagino que principalmente por causa das explicações “técnicas” de várias pessoas que, volta e meia, se arvoram a explicar o fenômeno, mesmo sem dispor de um mínimo conhecimento teórico ou prático para tal.

Uma das explicações mais curiosas, só para vocês terem uma ideia,defende a existência de uma Cobra Grande adormecida no subsolo da cidade. Então, quando a tal cobrona se mexe, tudo treme... Pode, Freud?

Renomados geólogos já cansaram de dizer o que realmente ocorre. E isto em mais de uma centena de entrevistas. Suas conclusões, é óbvio, fazem todo o sentido. Os argumentos advindos de crendices populares, contudo, são os que parecem, mesmo assim, ter mais crédito entre os incrédulos.

Um deles, inclusive, apregoa que Deus às vezes gosta de pregar alguns sustos nas pessoas, para que elas se toquem e tenham mais fé na igreja. Paciência.

Há três anos passados, na manhã de uma terça-feira, lembro ter lido no jornal sobre um pequeno abalo sísmico ocorrido no Umarizal, à noitinha de segunda, com reflexos sentidos até em Batista Campos. Muita gente do bairro concedeu entrevistas relatando os acontecimentos, notadamente quem residia na Travessa Dom Romualdo de Seixas. Aí os bombeiros foram conferir, mas nenhuma rachadura ou dano foi encontrado. O mais curioso de tudo, entretanto, foi que eu, lá perto, na Visconde de Souza Franco, não senti absolutamente nada. Dormi o sono dos justos e só me espantei dia seguinte ao saber do tal tremor.

Digo-lhes, entretanto, que jamais duvidei dele. Até porque aos 19 anos, dia 10 de janeiro de 1970, eu percorria a calçada do edifício Manoel Pinto da Silva, umas onze e meia da noite, esquina da Serzedelo Correia, quando o chão balançou. Creio que por uns cinco segundos, mas o suficiente para aterrorizar quem passava ou estava por ali.

Meus pés não me traíram. O chão tremeu mesmo. Foi rápido, mas tremeu. O suficiente para que houvesse um buzinaço de carros pela avenida e os moradores do prédio, de 25 andares, descessem as escadas exatamente como estavam.

De repente, na rua, com olhos esbugalhados denotando pavor, ali se postavam senhores de pijama, senhoras de baby doll e jovens só de cuecas. Todo mundo pálido, perplexo. Um ambiente nada acolhedor que, de repente, tão rápido quanto havia sido o tremor, transformou-se num grande circo com direito a sarros e gozações.

Houve corajosos que logo voltaram aos seus apartamentos, mas também medrosos que somente subiram ao amanhecer do dia. Não lhes nego ter ficado excitado e louco para contar a história que testemunhei in loco lá em casa – que era perto, no edifício Renascença. Para minha decepção, contudo, pai, mãe e irmãos dormiam. Relatei-lhes tudo apenas na manhã do dia seguinte. Eles não haviam sentido nada. E ainda me olharam desconfiados.

Repararam como a vida realmente se repete? Mas tomara que os tremores de terra não. Quem os sentiu, sentiu. Quem não os sentiu, que nunca duvide dos mais velhos…

* Edgar Augusto assina a coluna Feira do Som, no caderno Você, do DIÁRIO DO PARÁ.

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