Motivada pelo conceito do upcycling, em que os materiais são reutilizados - o que já é duma tendência para a moda sustentável, - a designer paraense Nilma Arraes produziu uma coleção de bolsas a partir de sacolas plásticas.
Ao reutilizar materiais que seriam descartados no meio ambiente, o resultado final foi um produto exclusivo, sustentável, feito à mão e pensado de forma consciente do início ao fim. Com o projeto, batizado de “De lá pra Cá, Daqui Praculá”, a designer recebeu o Prêmio Produção e Difusão Artística - 2019, que integra o Projeto Seiva, da Fundação Cultural do Pará (FCP).
“São sacolas de plástico de supermercado, da feira. O termo ‘de lá’ quer dizer que são as sacolas que seriam jogadas fora e ‘praculá’ significa que elas voltam para o nicho de mercado, mas com um valor agregado”, explica Nilma.
“O prêmio foi um valor em dinheiro para desenvolver o projeto inscrito. Com ele, desenvolvi as bolsas, utilizando o conceito upcycling, fiz um catálogo que servirá de portfólio.
ARTESANAL
A designer conta que faz o processo de coleta de sacolas plásticas, prensagem e corte das tiras de plástico, tudo de forma manual. “Após a coleta, junto as sacolas, fazendo uma espécie de sanduíche, com uma sacola em cima da outra e um papel. Depois passo o ferro para que uma cole na outra. Elas ficam parecendo pedaços de tecidos (mantas), eu corto em tiras entre 5 mm a 7 mm. Corto várias, seleciono as cores. Depois de cortadas, eu tranço as tiras, fica formado um desenho das cestarias caboclas”, detalha.
Os saberes amazônicos estão presentes nesse processo feito por Nilma.. “Tem um valor cultural porque eu pego a técnica dos trançados das peneiras, que já existe, e agrego o saber ancestral da nossa cultura cabocla a uma técnica moderna de utilização, criando as bolsas”, conta ela.
Após todo esse processo, o resultado foi uma coleção formada por seis bolsas. “Terceirizei a confecção das bolsas, então, ao finalizar o material, ele foi enviado para uma empresa talhar e fechar as bolsas”, explica.
PESQUISA
Sempre utilizando materiais naturais, como pedras, escamas e diversos insumos da flora amazônica, a designer conta que é a primeira vez que cria um trabalho com o plástico. “Mas sempre me incomodou bastante o descarte das sacolas no meio ambiente e como isso prejudica , mares e animais”, diz.
Provocada por essa inquietação, em 2017 ela começou a fazer experimentações com as sacolas. “No início, pensei em fazer acessórios, que é um ramo que eu já trabalho, inclusive com uma marca, mas não gostei do resultado, não ficou como eu queria”, recorda.
Quando foi lançado o edital da FCP, Nilma teve a ideia das bolsas. “Mas eu não queria fazer as mantas somente, tinha que agregar alguma coisa da nossa cultura. Como já sabia fazer o trançado, vi que era isso que ia utilizar. Fiz seis modelos de bolsas e um catálogo que disponibilizei numa plataforma”, conta a designer que pretende comercializar as peças, mas ainda precisa de uma empresa parceira para sua confecção.
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