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PSICOLOGIA

Em tempo de reclusão forçada, psicólogos dizem que terapia on-line pode ser aliada

“Olá, tudo bem?” poderia ser o início de uma conversa qualquer por chamada de áudio ou vídeo com um amigo ou profissional da psicologia que atende seus pacientes a distância. Não é o caso, quem fala (e aparece na tela do celular) é Christian Dunker, psica

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Imagem ilustrativa da notícia Em tempo de reclusão forçada, psicólogos dizem que terapia on-line pode ser aliada camera Assim como em atendimentos presenciais, profissionais alertam que é importante pesquisar os terapeutas credenciados junto aos órgãos como conselhos e associações profissionais. | Divulgação

“Olá, tudo bem?” poderia ser o início de uma conversa qualquer por chamada de áudio ou vídeo com um amigo ou profissional da psicologia que atende seus pacientes a distância. Não é o caso, quem fala (e aparece na tela do celular) é Christian Dunker, psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da USP.

Dunker diz que dada a situação complexa que o país e o mundo vivem devido ao novo coronavírus, a terapia por chamadas de áudio e vídeo podem ser aliadas no tratamento de pessoas com transtornos mentais e também no acompanhamento daqueles que estão se sentindo ansiosos e estressados por causa da pandemia.

O psicanalista explica que para aqueles que não têm um psicólogo, ou psicóloga, de confiança, é importante checar as credenciais dos profissionais antes de partir para a terapia. “Há os lacanianos, tem a sociedade junguiana, a associação de psicólogos”, diz.

De forma mais prática, é possível checar as credenciais dos profissionais com os conselhos federal e regionais de psicologia, que regulam a prática. Dunker recomenda também buscar os profissionais ligados aos planos de saúde, caso tenha um plano.

Em circunstâncias normais, antes do tratamento começar, efetivamente, recomenda-se um período breve de entrevistas preliminares no qual o paciente conhecerá o programa terapêutico. “Esse período é um momento de escolha, quando se poderá dizer, ao final, se houve ou não um bom encontro”, explica o psicanalista.

Por essa razão, o atendimento on-line, em situações normais, não é recomendado para casos mais complexos e de pessoas em grupos de risco, como aqueles que têm ideação suicida. Também não é recomendado que pessoas com transtornos de adição sejam atendidas a distância. O coronavírus, entretanto, mudou tudo. “Essas recomendações [para casos complexos] também precisam ser ponderadas diante da dificuldade de se atender presencialmente neste momento”, aponta.

A psicanalista Vera Iaconelli diz que a busca por um bom profissional para atendimento a distância não difere da procura comum. “[Funciona] da mesma forma que a pesquisa para o atendimento presencial, deve-se pesquisar, conferir o currículo, buscar referências de amigos e conhecidos. Também há um movimento para divulgar atendimentos de qualidade”, aponta.

É relevante ressaltar, para facilitar a escolha do paciente, que há uma diferença entre terapeutas e psicólogos. Há psicólogos que são terapeutas, os psicoterapeutas, que são graduados em psicologia e especializados em uma técnica. E há também os terapeutas que não são psicólogos, cuja prática é restrita à técnica em que cursaram sua pós-graduação.

Paciência com nossa impaciência

A psicóloga paraense Selma Bisi conversou com o DIÁRIO sobre como manter a saúde mental em meio ao isolamento:

O que fazer nesse momento, que é inédito na vida de todos nós?

Todo processo de mudança de comportamento requer uma adaptação. Quando a mudança de comportamento vem acompanhada de reclusão, privação, restrição, perda do convívio social - afetivo, profissional - e ameaça à vida, pior ainda. O processo de adaptação é mais longo e muitas das vezes nem ocorre. Logo o sistema emocional é acionado, ligado direto na expectativa diária, gerando alto grau de estresse que, se não for cuidado, desencadeia um grande quadro de ansiedade, evoluindo para um grande quadro de depressão.

O que fazer de imediato?

Paciência com a nossa impaciência. Países como o Brasil, que nunca passaram por grandes tragédias como guerras, terremotos, furacões, não possuem treinamento para passar por situações tão difíceis. Logo, só aos poucos vamos aprendendo a nos defender e nos cuidar. Hoje a “guerra”, o “inimigo” são gotinhas e o ar que respiramos, o “inimigo” é invisível, por isso devemos ligar nosso sistema criativo para nos defendermos. E a melhor arma é simples, ficar em casa e lavar as mãos.

Por que para algumas pessoas é tão difícil ficar confinado com a própria família?

O problema é que esse mundo consumista afastou a todos de casa, da família, dos laços afetivos, e o mais grave: nos afastou de nós mesmos. Não temos a menor intimidade com nossa intimidade. Trazer de volta esses contatos afetivos, inclusive com nós mesmos, passou a ser uma dificuldade grande para inúmeras pessoas, porém é fundamental. Mas pense, é apenas uma pausa nessa correria louca a que estávamos tão acostumados. E quem sabe se não estávamos precisando disso para nos reencontramos e dar passagem para o nosso poder criativo? Então, acione a criatividade, você vai ficar impressionado o quanto ela é rica e vai fazer com que você descubra o mundo de possibilidades que você possui e que talvez nunca tenha colocado em prática.

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