É com a força do clipe “Diaba”, da cantora trans Urias, que o arquiteto especializado em direção de arte e cenografia Ítalo Matos venceu o prêmio de melhor diretor de arte no Berlin Music Video Awards (BMVA).
Ele foi o único da América Latina concorrendo na categoria, que teve entre os indicados diretores de vídeos de Dua Lipa e The Chemical Brothers. Realizada no sábado, 30, pela primeira vez a premiação foi totalmente em formato on-line.
“Estou surpreso porque o clipe podia entrar em várias categorias na premiação e entrou em direção de arte, com um time pesado de diretores concorrendo. Minha expectativa, na verdade, era estar concorrendo (risos), então isso já foi um grande passo”, comenta Ítalo, em entrevista ao Você.
Com a indicação, seu trabalho também já começa a ter mais visibilidade. “Eu estava recebendo mensagens de alguns desses diretores [concorrentes], existe uma união entre nós. E ainda tem pessoas que não sabiam que existia direção de arte nos videoclipes e com um brasileiro concorrendo passaram a se atentar para isso”, orgulha-se.
DEDICAÇÃO
Ítalo também foi diretor de diversos vídeos publicitários, mas foi nos clipes musicais que focou sua carreira. Desde 2017, ele já trabalhou com artistas como Pabllo Vittar, Ludmilla, Simone e Simaria, Duda Beat, Johnny Hooker, Gloria Groove, Manu Gavassi, Lali (Argentina) e Laura Pausini (Itália). “Eu costumo fazer meu trabalho, independente do projeto que seja, com a mesma dedicação. Mas, com certeza, porque o público é muito maior - imagine um clipe que são 100 milhões de visualizações -, o trabalho com eles certamente traz grande visibilidade”, comenta.
Com o clipe “Diaba”, Ítalo já havia vencido o Music Video Festival Awards de São Paulo, sua cidade natal. “Qualquer reconhecimento pelo meu trabalho é muito legal e fico muito feliz, mas faz ainda mais sentido quando a temática do projeto envolve uma relevância artística inclusiva e quando podemos destacar questões como a diversidade”, ressalta. O trabalho, com direção geral de João Monteiro, aborda a violência às mulheres transexuais e traz a cantora Urias quase como uma “deusa do caos”, completamente intocável pelo homens.
“O clipe se divide, dentro de uma estética paulistana, entre o lúdico e a realidade. Em um beco, surgem as mulheres trans e em um bar típico da cidade, Urias comanda os homens com seu poder”, descreve.
Ítalo já vem se destacando também por desenvolver projetos com relevância social. E diz que, esteticamente, não tem medo de revisitar videoclipes de décadas passadas e agregar ao seu trabalho inspirações trazidas de outras linguagens, como as artistas visuais. “Acho que, na verdade, o pop não se reinventa, mas acrescenta. Vejo muitos clipes pop dos anos 1990/2000 como inspiração para os clipes de hoje. Mas sim, a gente sempre pode trazer nova roupagem. O legal desse trabalho é que cada videoclipe é uma ideia diferente”, descreve.
O diretor de arte faz questão de destacar em seu currículo o trabalho que realizou em Belém, com a série “Sacoleiras S/A”, do cineasta paraense Roger Elarrat, e que estreou no último dia 8 na TV Cultura. “Foi uma experiência sensacional viver três meses aí [no Pará]… Eu amo de paixão esse estado”, diz Ítalo. Com 13 episódios, o seriado conta a história de Jô, uma dentista que acumula dívidas e acaba sendo empurrada às atividades clandestinas de contrabando, unindo forças com uma vendedora de cosméticos.
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