A bailarina e professora de dança Tatiana Pará, radicada no Rio de Janeiro, e os artistas visuais Nina Matos, Renato Chalu e Armando Queiroz, este último radicado em Minas Gerais, estão com trabalhos artísticos disponíveis on-line para o público. Eles foram contemplados, respectivamente, por editais da Funarte e do Itaú Cultural de apoio aos artistas durante a pandemia de Covid-19.
Com a videodança “Para Ter Onde Ir…”, Tatiana transforma em movimento corporal as sensações trazidas pelo livro homônimo do poeta paraense Max Martins. Já os artistas visuais integram uma publicação virtual com outros 151 nomes. Armando traz a fotografia intitulada “Hécate”, Nina Matos chega com a série “Tributo”, enquanto Renato Chalu apresenta “Olhar Através”, também no formato de série fotográfica.
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Tatiana conta que comprou o livro “Para Ter Onde Ir…” por conter o poema “A Cabana”, que ela já gostava. Ao ler a obra por completo, ficou maravilhada. “É um livro com essa poética mais introspectiva, existencial, de rituais de passagem, de trânsito. Eu estava com a ideia de fazer algo inspirado no livro quando saiu o edital ‘RespirArte/Funarte’”.
Ao ritmo de “Gracias a la Vida”, de Mercedes Sosa, a artista dança na frente da câmera do celular, em um espaço claramente caseiro. “Tenho essa janela com uma luz bonita em casa e gravei tudo sozinha. Tudo foi se encaixando, até a música, que achei por acaso, nada foi coreografado”, comenta a bailarina.
E assim, feito em momento de quarentena, de estar mais em casa, ela conseguiu transmitir também essa sensação que é comum ao livro de Max Martins. “Tem um pouco dessa coisa positiva também, de ser um momento de passagem, transitório. Encerra comigo indo até a janela, como uma manifestação natural de esperança”, afirma a bailarina.
A videodança é algo que a artista já experimentava há algum tempo, inclusive com premiações e participações com a videoperformance “Awakening” na seleção oficial do “Athens Video Dance Project” e no “Dança em Foco”, em 2017, além da “IV Imarp - Mostra Internacional de Dança - Imagens em Movimento”, em 2019.
Dentro desse período de pandemia, ela ainda foi contemplada em outro edital da Funarte, o “Arte Em Toda Parte”, ministrando sua oficina de “Conexões Somáticas” para preparação corporal de artistas, algo que ela já vem ministrando on-line e que tem relação com sua pesquisa de mestrado em Dança na Universidade Federal do Rio de Janeiro. O conteúdo deve ser liberado em breve pela organização do edital.
Imagens ficam no ar até março de 2021
Já na tarde de ontem, 15, estreou no site do Itaú Cultural a publicação virtual que reúne as obras dos três artistas visuais paraenses e outros 151 selecionados. O projeto é fruto da série de editais de emergência realizados pela instituição para apoiar artistas impactados pela pandemia. Ele fica disponível somente para visualização até 15 de março de 2021, e encerra o ciclo de exibições dos projetos selecionados no “Festival Arte como Respiro”, que entre setembro e novembro deste ano, em uma primeira etapa, reuniu 45 videoperformances.
Os trabalhos são divididos em duas sessões na publicação. Uma delas contempla 94 produções de artes visuais com temática livre, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e demais linguagens. A outra traz séries fotográficas em que a produção durante o período da pandemia é expressa de diferentes maneiras por outros 60 artistas. Na publicação é possível visualizar uma breve descrição de cada obra, imagens e um perfil de cada autor. Sobre Armando Queiroz, por exemplo, é posto que ele costuma trabalhar questões sociais, políticas, patrimoniais e a “criar a partir de observações do cotidiano das ruas”.
Nina traz a série que é fruto de uma pesquisa em iconografia histórica com vários desdobramentos. Aquela que é apresentada no catálogo do Itaú Cultural, em particular, aborda os indígenas “pacificados” do início do século 20. “Apresento alegorias de registros documentais de 1923, os quais emolduro com adornos de azulejaria portuguesa. Três fotografias pintadas de crianças de distintas etnias indígenas, onde observamos representações de um ideal de civilização para os ‘protegidos indígenas’, registros nos quais tais crianças posam inseridas em cenários mimeticamente forjados e construídos, de violentos apagamentos de identidades”, descreve.
Já o trabalho de Renato Chalu quase conversa com a videodança de Tatiana Pará, pois é um desdobramento também da relação com a casa, com um novo olhar sobre ela e seus detalhes. “O ensaio surgiu de forma experimental enquanto limpava o equipamento no estúdio. Ao perceber as imagens, perdi o tempo necessário e fotografei uma tarde inteira suprindo uma necessidade física de fotografar. O isolamento criou o cenário propício para a execução do ensaio”, afirmou em entrevista ao site do Itaú Cultural, sobre as fotos que trazem desde a luz projetada nas paredes de seu estúdio até cenas vistas por frestas.
VEJA
- Videodança “Para Ter Onde Ir…” - Tatiana Pará
Onde: youtu.be/TnwY8Em1TKw
Classificação: Livre
- Publicação virtual “Arte como Respiro”
Quando: Até 15 de março de 2021
Onde: no site Itaú Cultura
Classificação: 14 anos
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