As praças, ruas, feiras, entre outros espaços públicos de memória social de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, são o palco dos habitantes criadores da Ribalta Companhia de Dança durante a realização da I Bienal de Dança Ananin.
A programação, que segue até o dia 31 de março, tem diversos formatos apresentados diariamente na internet. Para conferir a programação completa, basta acessar as redes sociais do evento. A Bienal é uma realização da Ribalta com incentivo da Lei Aldir Blanc.
“Nós, da Ribalta, já vínhamos há um tempo nutrindo o desejo de expandir nossa poética de criação para outros habitantes da cidade. Pessoas que pudessem partilhar conosco as suas histórias de vida por meio da oralidade e das suas memórias nos diversos espaços de afeto de Ananindeua”, é o que explica a professora Dra. Mayrla Andrade, coordenadora da Bienal, sobre o processo de criação do evento.
Mayrla, que também é a responsável pela pesquisa que desenvolveu o termo “habitante criador”, conta que se sente realizada em ver o resultado da Bienal.
“É ver um sonho de uma experiência sensível, mas é um sonho real. Ver que aquilo que a gente desenvolve enquanto artista, habitante criador local, no nosso espaço de criação em dança, é um saber necessário e tão forte quanto as outras artes”, afirma Mayrla.
Para a Bienal, os habitantes criadores Mayrla Andrade, Lindemberg Monteiro, Allan Lima, Leonardo Bahia e Marlene Ferreira realizaram uma cartografia sentimental de seus lugares de habitação na cidade, onde revisitam coletivamente e apreendem por meio dos movimentos os significados e emoções de um espaço que é, antes de tudo, vivido no e pelo corpo.
Com 31 dias de programação virtual, a Bienal apresentará vídeos no estilo intervenção de dança e espetáculos gravados em diversos espaços de Ananindeua como as feiras, os monumentos históricos, as praças e as ilhas.
Entre os espaços estão a Praça Matriz de Ananindeua, a Feira do conjunto Paar, o Balneário da Cacimba, o Ginásio de Esportes, a Casa do Seringueiro, o Porto do Surdo, entre outros 20 espaços. A programação inclui transmissões ao vivo, rodas de conversa, vídeos, espetáculos e o lançamento de livros.
“A dança só se faz com esse poder de força pelo encontro. É um encontro de vidas, espaços, afetos, memórias e lembranças”, diz Mayrla. “A gente deseja muito tocar com a nossa dança, reconhecer outros moradores locais nos bairros e ilhas que ainda não partilhamos com a nossa dança e encontrar outras oralidades e narrativas de habitantes criadores locais através de suas memórias”, conclui.
Habitantes criadores
A expressão “habitantes criadores” é resultado do conceito desenvolvido por Mayrla durante sua pesquisa de mestrado em artes pela Universidade Federal do Pará (UFPA). O conceito é usado para designar todos os que são filhos da terra local, nela habitam e (re)criam seus saberes, fazeres e modos de viver. A dissertação de Mayrla teve como título “Da casa de contato à dramaturgia do contato: experimentações e reflexões na Casa Ribalta” (FERREIRA, 2012).
A Ribalta é a companhia de dança mais antiga em exercício contínuo de atuação em Ananindeua. A companhia realiza aulas, espetáculos e produções em dança e é formada por um grupo de artistas pesquisadores ananindeuenses que desenvolvem seus trabalhos no espaço da Casa Ribalta.
A companhia pesquisa a linguagem em dança na contemporaneidade tendo como principal indutor nas proposições coreográficas a história de vida dos intérpretes-criadores. A Ribalta tem acumulado em seu currículo premiações no Pará e em outros estados como o Distrito Federal e o Ceará. Entre os prêmios estão o do Festival Brasileiro de Artes Cênicas, Prêmio ORM, Prêmio Secult-PA de estímulo à criação em dança, Prêmio PREAMAR de arte e cultura da Secult-PA, Prêmio FUNARTE Arte de RUA, Prêmio da Fundação Cultural do Pará e o Prêmio de Honra ao Mérito pelos relevantes serviços prestados ao município de Ananindeua.
SERVIÇO
I Bienal de Dança Ananin
Programação online e gratuita
Até 31 de março
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