A “6ª Banca de Quadrinistas”, evento conhecido por promover uma mostra de trabalhos realizados por artistas independentes de todo o país, estará disponível pelo segundo ano consecutivo para visitação on-line, até 31 de outubro. Também ocorre hoje, 4, às 18h, o debate remoto “Crítica de quadrinhos: fundamentos e a cena atual brasileira”, com as participações do produtor de conteúdo Alexandre Linck, do jornalista e tradutor Érico Assis, e da pesquisadora Maria Clara Carneiro, em transmissão pelo YouTube.
Dentro da mostra, com curadoria do Núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural, será possível conferir o trabalho das quadrinistas paraenses Helô Rodrigues e Mandy Barros junto a outros 18 artistas selecionados. Entre histórias e tiras, os temas apresentados por eles abordam questões como sexualidade, processos de autoaceitação, empatia, amizade, humor nonsense, contextos políticos e econômicos. Alguns dos autores produzem HQs em duplas ou grupos - assim o número de artistas envolvidos sobe para 32.
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“Eu fiquei bem surpresa com o convite que recebi por e-mail, falaram que gostaram do meu trabalho e queriam que eu estivesse na ‘Banca’. Mandei alguns quadrinhos e eles comentaram dessa regionalidade presente, o lado da mulher no cotidiano. Eu gostei da seleção, porque traz muito esse lance do humor, acho que as pessoas vão se divertir e quem é paraense vai se identificar”, considera Helô, cujo trabalho pode ser acompanhado através do Instagram @heloilustra_.
Entre as narrativas, estão referências ao calor quase insuportável de Belém no verão, a falta da farinha na hora de tomar uma tigela de açaí e a própria linguagem paraense bem característica. A quadrinista destaca a importância de representar uma parte do país. “Pelo que eu vi, tem alguns do Norte, que são um tanto invisibilizados, principalmente as mulheres; tem também algumas do Nordeste. São pessoas com pontos em comum, meio que são os novos talentos fazendo a diferença nesse meio artístico a partir da web e abordando questões pessoais, de suas vivências”, descreve.
E é por esse caminho que segue também o trabalho de Mandy, que teve selecionada, por exemplo, uma HQ sobre o massacre de Pau d’Arco, em 2017, quando dez trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados. Esse material foi produzido para a revista digital “Cypher Comics”, em parceria com a ONG Front Line Defenders, da Irlanda. Outra história selecionada foi mais pessoal. “Ela foi produzida para a coletânea de quadrinistas afro-amazônicos ‘Zagaia’ e conta minha relação com meus avós, do interior de Parintins, no Amazonas”, detalha. Por último, ela ainda terá tirinhas com histórias de “visagens”.
“É a primeira vez que participo da Banca e, com certeza, é uma grande oportunidade porque é uma forma de divulgar os quadrinistas de todo Brasil. Só o fato de ser mulher, preta e do Norte, entre pessoas do país inteiro, é uma oportunidade gigante de mostrar não só minhas produções, mas as coisas aqui da região”, considera a artista, cujo trabalho também pode ser acompanhado em rede no Instagram @mandybarros.arte.
Evento on-line inclui debate sobre HQ e mostra virtual
No debate desta segunda-feira, 4, será abordada a formação do quadrinho brasileiro, desde os zines até as livrarias, e a relação do público com os produtores de conteúdo. Além de darem suas visões sobre as bases críticas dos quadrinhos, definições e elementos formais das HQs, os convidados respondem às perguntas enviadas em tempo real pelo público no chat do YouTube. A mediação é de Gabriela Borges, jornalista, pesquisadora e criadora do “Mina de HQ”, mídia independente e feminista, sobre histórias em quadrinhos.
OCUPAÇÃO
Ao visitar o site do evento, também é possível passear por projetos apresentados em “Bancas” anteriores, como é o caso da série “Ocupação”. Ela é dedicada aos nomes consagrados da HQ no país. Através dela já foi exposto o universo do cartunista Angeli, por meio de charges, ilustrações, tiras, quadrinhos, cartazes e revistas; assim como o da ilustradora e cartunista Laerte, uma das mais relevantes da atualidade; e do cartunista e desenhista Glauco, falecido em 2010, e também conhecido pelas suas tirinhas satíricas.
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