Ramón Rivera lança disco com referências do Lundu à Hendrix

Foram as referências amazônicas e afro-latinas que definiram um lado das inspirações de Ramón Rivera para a construção de seu primeiro disco, “Marajó Dreamland”. As viagens a Soure, na Ilha do Marajó, sua ligação afro-religiosa e a sonoridade nortista estão presentes com cordas, tambores e o lamento do lundu. Do outro lado, o experimentalismo de Jimi Hendrix, Bjork, Radiohead e da música terapêutica oriental são marcantes nas sete faixas de trabalho que custou dez meses de produção. O resultado pode ser ouvido através do canal do Youtube e Soundcloud do artista a partir de 10h desta terça, 30 de novembro. “Marajó Dreamland” é um projeto contemplado pelo Edital de Emergência Cultural Aldir Blanc Pará.

Ramón Rivera não esperava que 2021 reservasse tantas emoções, além das crises que o Brasil e o mundo já estavam imersos. O músico, ator e cantor paraense iniciou o processo de produção de seu primeiro disco, “Marajó Dreamland”, tocado pela ansiedade de viver as tensões do coronavírus e do desafio de fazer um projeto aprovado em um edital que tinha como objetivo auxiliar os artistas a sobreviver. Esse é o plano de fundo da criação de músicas contemplativas e com toque terapêutico, que vêm a calhar num mundo cada dia mais acelerado.

Em “Marajó Dreamland”, o artista vai contra essa velocidade e as pressões que forçam a criação cada vez mais moldada numa lógica mercadológica. “Tem muita coisa pra mim que não faz sentido nas regras, convenções que às vezes o mercado musical tende a ditar, a estabelecer, sobretudo numa era tão plural, digital. É claro que eu me comunico com elas, agora eu também me estabeleço, me posiciono, admito as minhas tensões e tenho que arcar com as consequências de ter faixas de sete, oito minutos no disco. Nós todos somos chamados ‘artistas independentes’, então eu não entendo por que eu tenho que lançar uma música que obedeça a tendências, sei lá... estritamente radiofônicas… Acho que é um álbum pra quem gosta de música”, defende Ramón.

Cria, como ele mesmo se define, dos teatros experimentais “Waldemar Henrique” e “Cláudio Barrada”, Ramón Rivera é ator, músico e cantor, e traz para o disco dramaturgia nas composições e um olhar cinematográfico para a produção do disco, que teve apoio do produtor musical Leonardo Venturieri. Músicas como a faixa de abertura “Exu dos Rios”, um instrumental de sete minutos, e “Clarividência”, que funciona como uma vinheta de passagem, garantem o tom experimental que dialoga sem embates com composições como “Rega Flor” e “Onde Nasce a Água”, faixas que trazem lembranças de construções mais pop.

“Acho que eu estou num momento muito visual, a pandemia fez com que eu me aproximasse das artes plásticas, mais como um apreciador mesmo, claro. Aí no processo do disco eu sugeri pro [Leonardo] Venturieri, que é um profissional de trilhas e sonorização pra cinema, que fizéssemos umas paisagens visuais no disco. É como se eu tivesse dirigindo um filme meu, foi assim que pensei. Isso está bem presente em ‘Exu dos Rios’ e ‘Badé’, por exemplo. E o disco todo, tentei pensar como uma unidade, compor ele com silêncios, pausas, minimalismos e dramaticidades, como quem tá fazendo um filme”, explica o artista, que também assina a produção musical do álbum.

Além do disco, lançado no Youtube e Soundcloud nesta terça, 30 de novembro, às 10h, Ramón faz um live em seu instagram apresentando algumas músicas, nesta mesma terça a partir de 20h. Na sexta, 03 de dezembro, o álbum chega às plataformas de streaming junto do videoclipe de “Rega Flor”, com estreia às 10h no canal do Youtube. Para acompanhar os lançamentos, basta seguir o artista no Instagram, @ra_moon_rivera.

RAMÓN RIVERA LANÇA “MARAJÓ DREAMLAND”

30/11, às 10h: Lançamento do álbum através do Youtube

30/11, às 20h: Live de lançamento do álbum através do Instagram

03/12, às 00h: Álbum “Marajó Dreamland” nas plataformas de streaming

03/12, às 10h: Lançamento do videoclipe “Rega Flor” através do Youtube