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PSICA

Festival eclético em Belém dita o que é tendência no Brasil

Quem diz é a Folha de S. Paulo em destaque sobre o evento que reuniu grandes nomes e artistas em ascensão na capital paraense. Mistura de estilos do festival chamou atenção e deve ser seguida por eventos semelhantes de Norte a Sul do país.

Imagem ilustrativa da notícia Festival eclético em Belém dita o que é tendência no Brasil camera Me bota no paredawn de som: Karol Conká e os DJs da aparelhagem Crocodilo | REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

"Em Belém tudo vem dos rios e passa por barcos, a música paraense não é um item diferente", afirma o produtor de eventos Jeft Dias, enquanto ao fundo, num palco sobre o rio Guamá, acontece o show da banda Fruto Sensual, um dos grupos de tecnomelody mais tradicionais do Pará. Essa foi uma das apresentações que deram a largada ao Psica, festival de música que aconteceu durante três dias no meio do mês passado e que levou pessoas de regiões diferentes do país para o norte do Brasil.

O evento, que teve Elza Soares e a equipe de som Crocodilo Prime como artistas principais, chamou a atenção pela variedade de ritmos e públicos que se misturaram nos quatro palcos do festival também realizado no estacionamento de um shopping. A começar pelas bandas de rock que iniciavam a programação de cada dia --vale ressaltar que em Belém existe uma cena roqueira forte com bandas que viajam pelo exterior em turnê, mas que não aparecem muito no Sudeste.

Uma delas, a Baixo Calão, estava sendo aguardada por uma multidão de metaleiros. Tocando grindcore --estilo de rock mais pesado que o hardcore--, o grupo iniciou a maratona de shows no mesmo dia que destacou Marina Sena, Chico César e o tecnomelody estridente da aparelhagem Crocodilo Prime.

Essa variedade de gêneros musicais não é comum em grandes festivais. O Primavera, Te Amo, evento que aconteceu em São Paulo uma semana antes do Psica, teve em sua programação artistas de gêneros parecidos na programação de outros festivais --caso das rappers gêmeas Tasha e Tracie e de Karol Conká.

Escalar atrações de públicos tão diferentes para um mesmo dia de evento pode ser um tiro no escuro. No Rock in Rio de 2001, por exemplo, o show do cantor Carlinhos Brown, que abria o dia de apresentações dedicadas ao metal e tinha como destaque a banda Guns N' Roses, teve de ser interrompido depois de o músico receber vaias e ser atingido por garrafas e copos de plástico.

Vinte anos depois, o festival teve edições fora do país e mudou o estilo. Artistas como Ivete Sangalo, Anitta e rappers internacionais marcam presença nos palcos principais do megaevento anualmente. Mas a lição foi aprendida. Nos dias dedicados ao rock mais pesado, só bandas do gênero se apresentaram --em 2011, na volta do Guns N' Roses ao festival, quem abriu o dia foi o Detonautas.

Por outro lado, a aposta do Psica em diversificar o lineup foi um dos seus principais acertos. "Aqui a gente não tem acesso a shows como no sudeste do país", afirma Norah Costa, articuladora comunitária que viajou de Santarém, cidade do interior do Pará, até Belém para assistir aos três dias de shows. "Querendo ou não são os ídolos que a gente ouve aqui. Nem sei explicar a sensação de ver um show Black Alien em uma região amazônica."

Costa ainda argumenta que a cultura musical local continua sendo importante, mas que ter a oportunidade de ver artistas de outros lugares do país foi o motivo para ir ao evento. "Quando eu vi a aparelhagem do Crocodilo Prime como artista principal de um evento com Elza Soares e tantos outros grandes artistas, ainda podendo ouvir grupos tocando carimbó a todo momento, não tinha como eu não ir."

Segundo Gerson Junior, diretor do Psica e um dos responsáveis pela curadoria do festival, a distância é a grande vilã dos eventos locais. "Aqui a gente tem o que chamamos de 'custo amazônico', que são os custos adicionais por conta da dificuldade de deslocamento, logística et cetera. Tudo sobe de preço porque as passagens aéreas são muito mais caras para cá", afirma o produtor.

Além da dificuldade em levar artistas ao norte do país, que foi um dos motivos de o Psica não apostar só em apresentações de gêneros parecidos, a forma como a periferia de Belém ouve música influenciou também na escolha da programação. Jeft Dias, que divide com Junior a curadoria do festival, comenta que nos extremos da cidade as pessoas ouvem música de forma mais eclética.

"A gente tenta levar para nossa curadoria a forma que a periferia amazônica consome arte e música. Eu fui criado na feira, e no dia a dia a gente consome o rock anos 1980 do vizinho, a lambada, a música gospel dos feirantes, o tecnobrega do bike som e por aí vai. Daí a gente tenta levar tudo isso para o festival", afirma Dias.

Outra particularidade do festival são os artistas locais. Quando estão no palco, são recebidos com coro dizendo seus respectivos nomes, e os shows são sempre emocionantes. Quando saem dos holofotes, se comportam como pessoas normais circulando entre o público --caso dos rappers Nic Dias, Mc Super Shock e da cantora de brega Layse.

Esse orgulho dos artistas com relação ao pertencimento à cultura local também foi um chamariz para o evento. "Essa pegada de trazer para dentro de um festival a identidade do lugar foi uma das coisas que me motivou a ir", afirma a maranhense Ingrid Barros, realizadora audiovisual. "Todo o visual, a linguagem puxada para o tecnobrega, a identidade com a comunidade por assim dizer, tudo isso chamou a atenção."

Com cerca de 8.000 pessoas por dia, o saldo do Psica foi positivo e a tendência é que, em 2022, segundo os organizadores, a dose eclética do público no festival seja ainda mais diversa e inclusiva. Resta ficar de olho para ver se outros festivais seguirão o sucesso do Psica.

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