Debates, audiovisual, performances e outras atividades fazem parte da programação da “Semana de Arte Themônia”, que inicia nesta quinta-feira e segue até sábado, 26. Promovido pela Fundação Cultural de Belém (Fumbel), o evento traz para o centro da discussão a arte contemporânea pautada na valorização da cultura drag queen da cidade, a partir da atuação do coletivo Themônia. As atividades se dividem entre o Memorial dos Povos e o Palacete Bolonha. O acesso é gratuito.
“O objetivo é fazer com que a gente discuta arte contemporânea pelo viés novo em que esse coletivo se coloca, que já é conhecido nacionalmente. A gente vai falar de arte, cultura e a ideia é que a gente discuta como essas questões atravessam a questão de gênero no Brasil. O evento é voltado para todo público, em especial adultos que irão discutir essas relações entre a arte, corpo e transversalidade”, afirma Michel Pinho, presidente da Fumbel. Segundo ele, a programação terá mesas redondas, exibição de documentário, roda de conversa, atrações musicais, performance, desfile e discotecagem.
Hoje, às 18h30, no Palacete Bolonha, ocorre a abertura de “Desfecho”, uma exposição multilinguagens, com performance, vídeo, moda, uma espécie de resumo de tudo que vai ser apresentado durante o evento até sábado, com as participações de Allyster Fagundes, La Falleg Condessa, Htadhirua, Matheus Aguiar, Venicius e Wan Aleixo, além da apresentação performática de Camaleona, feita em libras. Na sequência, às 19h30, tem a mesa redonda “Arte Themonia na cidade de Belém. Já ouviu falar?”, com Tristan Soledade e Skyyssime.
Na sexta, 25, no auditório Acyr Castro, do Memorial dos Povos, a programação inicia às 18h30, com a exibição dos documentários “Iauraete”, de Xan Marçall; “Meninx”, de Tarcísio Gabriel; e “Corpo Transversa”, de Flores Astrais, seguida de um bate-papo sobre as produções exibidas.
A noite segue com uma roda de conversa sobre a produção de moda e figurino no universo das Themônias e drag queens na cena paraense, com participação de Akadella e Joimaique Melo, e mediação de Gigi Híbrida.
O último dia do evento será festivo, com uma noite cultural no anfiteatro do Memorial dos Povos, a partir das 17h. O encerramento terá shows musicais de Xirley Tão, Amoras Signoreth e Johann, discotecagem com as DJs Shayra Brotero e Yndjáh Bah e feirinha de produtos culturais, além de minidesfiles performáticos também com as drags Aphrodite, Condessa de Devonriver, Lissandra Candy, Coytada, Dzi Vedette, Flores Astrais, Htadhirua, Johann, Monique Lafon, Pandora Rivera Raia, Safira Clausberg, Babildri e Bella pra Jesus.
Adriano Furtado, intérprete da drag Xirley Tão, explica que o termo “Themônia” começou a ser usado pelo coletivo em 2013. “Quando andávamos pelas ruas [de Belém] montadas e o povo dizia ‘coisa do demônio’, daí foi um pulo para virar identidade ‘Themônia’, com ‘th’, para brincar com o estrangeirismo da palavra drag”, relembra.
De acordo com ele, no início a proposta era apenas se vestir, maquiar, colocar elementos, mas depois foi ganhando um significado. “Logo percebemos que ia além disso. Não era só ser drag. Era provocação, era discussão de identidades, era coletivo, descobrir o corpo e o papel desse corpo na sociedade. Na verdade, descobrimos o potencial político de ser Themônia. E hoje o coletivo é formado por um monte de gente, gente que nem se monta, mas que se identifica com o posicionamento social e político de se chamar como Themônia”, detalha.
O coletivo defende a bandeira da coletividade, dos direitos iguais, equidade social, valorização da cultura e subjetividade das ações. Em 2018, o grupo realizou sua primeira convenção, com aproximadamente 20 pessoas. “A coisa cresceu nos últimos anos e viramos referência em muitos trabalhos acadêmicos e artísticos. Ganhamos visibilidade”, comemora Adriano.
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