Um dos símbolos da memória paraense, o Cemitério da Soledade abriga túmulos de personalidades marcantes na história do Estado. Com o objetivo de preservar o patrimônio arquitetônico, urbanístico e paisagístico, além de oferecer novas opções de uso, a Secretaria de Estado de Cultura (Secult) vem trabalhando na restauração do espaço.
O investimento gira em torno de R$ 16 milhões para transformar o ambiente em parque público, incorporando um museu e outras ações culturais abertas à população. O local deve abrigar uma área expositiva na capela, ações de Educação Patrimonial e informações expográficas.
De acordo com o secretário de Estado de Cultura, Bruno Chagas, as obras seguem após a desocupação do depósito da feira da Travessa Doutor Moraes, pela Prefeitura de Belém, na última semana. “Finalmente foi atendida para que pudéssemos dar continuidade na execução da obra do cemitério. Já iniciamos a fase de restauro dos túmulos. Toda a parte hidráulica, elétrica e de encaminhamento já está em fase de conclusão. Na capela e o muro iniciarão nessa semana as partes da pintura e revitalização. No pórtico de entrada também já iniciamos a revitalização e esperamos que o cronograma possa ser atualizado, apesar do atraso que ocorreu relacionado à prefeitura até o final desse primeiro semestre”, comentou o titular da Secult.
PROJETO
As obras do Cemitério da Soledade iniciaram em agosto passado e incluem o restauro de parte da arquitetura mortuária e do pórtico, a criação de uma nova entrada voltada para a travessa Doutor Moraes, a construção de calçamentos com acessibilidade, banheiros, área para administração, iluminação e paisagismo. A arquitetura mortuária abriga obras do barroco, neoclássico e neogótico.
Renato Gimenes, coordenador do curso de História da Universidade do Estado do Pará (Uepa), explica que o trabalho de restauração ocorre quando o bem público apresenta comprometimento no estado de conservação e precisa ser recuperado por meio de um projeto que visa integrá-lo ao presente.
“Uma restauração é um projeto de intervenção de grande alcance sobre o bem, ressaltando tanto suas características originais quanto o passar do tempo, suas transformações, com a finalidade de registrar a memória dos sujeitos e dos acontecimentos que foram responsáveis pela forma de um espaço”, diz Gimenes.
Ele completa: “Um restauro é um projeto delicado e demorado, que demanda tempo e pesquisa, e que não pode ser feito por empreitada, por exemplo. Existe uma fundamentação teórica para os restauros, fundamentada em pesquisa histórica, arquitetônica, arqueológica”, destaca.
O projeto do Soledade é o resultado de um Acordo de Cooperação Técnica para o restauro e requalificação, assinado entre o Governo do Estado, por meio da Secult, e a Prefeitura de Belém.
Investimento ampliado no patrimônio histórico
Estima-se que mais de 30 mil pessoas foram sepultadas no Cemitério Nossa Senhora da Soledade, criado em 1850. No período em que esteve em atividade, a população enfrentou duas epidemias: febre amarela (1850) e cólera (1885).
Além do Cemitério da Soledade, o Governo do Estado também executou obras de restauro do Theatro da Paz, entregue em agosto do ano passado. Com 143 anos de existência e classificado como um Teatro-Monumento, o “Da Paz” recebeu investimento de R$ 4,5 milhões em obras iniciadas em novembro de 2020.
As intervenções realizadas incluíram a revitalização da fachada; restauro completo do forro das varandas; pinturas internas e pinturas especiais; reforma do forro e das instalações elétricas; reforma e limpeza de pisos; substituição das palhinhas das cadeiras; tratamento de esquadrias; revitalização total do Café da Paz e reforma completa dos banheiros, adaptados à acessibilidade e com instalação de elementos decorativos inspirados no mosaico do hall de entrada do TP.
Em janeiro deste ano, o Governo do Estado entregou ainda o Museu de Arte Sacra revitalizado. Com investimento de aproximadamente R$1 milhão, foram realizadas intervenções para reconstituição da pintura das fachadas, reparos no telhado, remoção de infiltrações, goteiras, desentupimento das calhas e outros. O local, que abriga ainda a Igreja de Santo Alexandre, não recebia essa uma execução ampla de obras há cerca de 10 anos.
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