O convívio da artista Evna Moura, muitas vezes despretensioso, na Ilha de Cotijuba, no Pará, resultou em uma pesquisa de mestrado que agora também frutifica na exposição “Olhares Ilhados”, selecionada no Prêmio Branco de Melo 2022. A mostra que reúne as experimentações da artista estará aberta de 19 deste mês a 26 de agosto, na Galeria Theodoro Braga, em Belém.
“Já frequento a Ilha de Cotijuba faz mais ou menos 20 anos. E ali comecei a criar uma relação com alguns moradores. Mas, oficialmente esse trabalho durou de 2 a 3 anos. Quando decidi fazer o mestrado em artes, escolhi o lugar como objeto de estudo, para refletir um pouco sobre o que são esses lugares esquecidos, ilhados, colocados à distância na Região Amazônica. A intenção é bem nesse sentido também”, diz Evna.
Segundo ela, a exposição é o remonte poético, a culminância em imagens, sonoridades, visualidades e outros desdobramentos elaborados durante dois anos na ilha, como uma experiência sensorial e humana, corporificada em processos artísticos que desdobram a produção e pesquisa acadêmica da artista visual contemporânea.
São imagens em cianotipia (processo de impressão fotográfica em tons azuis), serigrafia, fototipias em folhas, além de gravações de sons e audiovisuais que transmutam a ilha e traduzem sensações e afetos sobre o local.
Fotografia, serigrafia e até estamparia ajudaram a configurar os olhares sobre esse lugar. Entre as folhas banhadas pela luz do sol e transformadas pela técnica da antotipia aplicada por Evna, sobressaem imagens humanas, da natureza e outras possibilidades pictóricas.
Estão lá relações que ela carregou consigo. Entre eles, retratos de moradoras da ilha, como Lídia, Lene, Solange e Adriana, que estiveram presentes delas em diversas vivências ao longo do tempo de pesquisa em Cotijuba. Durante os dois anos do projeto, ela buscou compartilhar técnicas em oficinas artísticas voltadas para os moradores. “Eram feitas de forma improvisada, às vezes aproveitamos até materiais em transparência de outras fontes captadas - como uma forma de economizar - mas tudo o que surgiu gerou muita alegria e satisfação durante o processo. Para muitos, foi a primeira revelação fotográfica que fizeram, como a cianotipia com os sais de prata, trazendo boas surpresas”, conta a artista.
No Centur, estarão expostas imagens produzidas nesse período, dois audiovisuais, QR Codes de sons captados para o visitante ler com seu celular e ouvir com fones de ouvidos e ainda pedras, páginas de anotações e desenhos.
Formada em artes pela Universidade Federal do Pará (UFPA), com mestrado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Evna trabalha com fotografia e processos artesanais desde 2006, participando de exposições coletivas, e desde 2010 atuando também como arte-educadora. “Esse trabalho é especial para mim porque une essas minhas duas paixões, em que pude exercer esses dois fatores, produzindo uma série de oficinas durante a pesquisa”, afirma.
VISITE
Exposição “Olhares Ilhados”, da artista paraense Evna Moura
Abertura: Dia 19 de julho,
às 19h
Visitação: Até 26 de agosto, de segunda a sexta-feira, de 9h às 17h.
Onde: Galeria Theodoro Braga (Subsolo do Centur – Av. Gentil Bittencourt,
nº 650 - Nazaré)
Quanto: Entrada franca
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