Um amor que passa de uma geração para outra. Assim as músicas de uma das maiores bandas do século, The Beatles, se mantêm presentes na trilha sonora da relação entre pais e filhos.
É o que acontece na família do funcionário público Bráulio de Abreu Fernandes há décadas. Quando o pai dele, o mecânico Dionísio Fernandes, passou a curtir as músicas dos Beatles, esse amor acabou transmitido para ele, que hoje tem 46 anos e passa adiante essa paixão para os filhos. “Eu sou fã dos Beatles desde os oito anos de idade. Ouvindo meu pai com as músicas no toca-discos, acabei gostando também”, recorda Abreu, dizendo que o pai era chamado de “Vinil” por causa da numerosa quantidade de discos de sua coleção.
Nesse universo sonoro, Abreu conta que sempre se identificou com as músicas e jeito dos Beatles, que acabaram fazendo com que ele se tornasse presença constante nos shows dos Beatles Forever, banda cover paraense. A partir daí, começou sua vasta coleção. “São DVDs, CDs, fitas VHS e cassetes que eu coleciono. Eu sempre tive vontade de ir aos shows dos Beatles. Então, desde quando “conheci a banda Beatles Forever, há mais de 20 anos, acompanho sempre. Essa banda foi reconhecida como a melhor banda cover dos Beatles e ganhou, inclusive, um prêmio em um programa de rede nacional”, diz o beatlemaníaco.
Ele sempre levou aos shows os filhos Elias Israel, 16, Brenda Vitoria, 17, Ana Laura, 17 e Diandra Fernandes, de 29 anos, que perpetuam na família o gosto pelo som dos “Fab Four”. “Os meus filhos significam tudo para mim, eles são minha vida, meus amores. Eles são tudo o que eu tenho de melhor. São pessoas do bem, independentes, estudiosos e amam os Beatles, mesmo que cada um tenha a liberdade de ouvir o que quiser”, orgulha-se o pai.
Quando está entre os filhos, Abreu diz que eles seguem o exemplo do pai. “Todos os shows dos Beatles Forever, eu piro mesmo. Minha filha fala: ‘pai, pelo amor de Deus’. É como se eu estivesse lá, presenciando os Beatles reais, eu sinto com muita intensidade essa emoção. Onde tem show deles, eu vou com os meus filhos, mas nunca os obriguei a ouvir ou ir aos shows, eles gostam bastante também. Os Beatles são atemporais, não existe uma idade definida para ouvi-los”, afirma ele, acrescentando que os filhos já ganharam baquetas do baterista da Beatles Forever ao responderem uma das perguntas feitas para a plateia em um dos shows da banda.
“Meus filhos gostam do ‘Revolver’, de 1966. É um relacionamento de amor pelas músicas, pelo trabalho e o legado maravilhoso que a banda deixou, com as ideias de John Lennon, que foi extremamente marcante. Sempre me inspiro nas frases dele na minha vida pessoal”, aponta Abreu.
Músicas viram tópico para conversa
Se fosse possível escolher apenas uma canção do quarteto formado por John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison, Bráulio de Abreu diz que elegeria como favorito, o disco de estreia da banda, “Please Please Me”. “Todo dia, sigo um ritual ouvindo os Beatles. Se estou no carro, em casa, tudo o que eu faço é ao som deles. É como se fosse uma terapia”, afirma.
A criatividade do quarteto, as vozes marcantes e o bom gosto dos rearranjos são alguns dos fatores que conquistam novos admiradores a cada dia. “Para mim, são as letras que fazem o fenômeno que eles são até hoje. De 1962 até 1970, eles começaram com músicas mais românticas e foram se atualizando, compondo músicas mais políticas, em letras instrutivas e a voz marcante do John Lennon. Gosto muito do Paul McCartney, mas o John Lennon era o espírito dos Beatles”, considera.
Paternidade
Assim como Bráulio, na plateia dos Beatles Forever sempre estiveram muitos pais e seus filhos, unidos pela música. Por isso a banda resolveu criar um projeto com essa inspiração. O projeto “Pais e Filhos” teve inicio em 2007, sempre com encontros especiais - o próximo show, ainda no clima deste Dia dos Pais, será no dia 27, a partir das 17h, no espaço cultural do CCBEU, em Belém.
E se este amor musical dividido entre gerações está no público, também faz parte da própria banda Beatles Forever. Idealizador do grupo, o baterista Tom Menezes conta que foi inevitável que acontecesse uma transmissão desse amor pela banda de Liverpool para o filho Antônio Vitor Vidigal Menezes, que hoje tem 27 anos. “Quando meu filho tinha 3 anos, estávamos em uma exibição do filme ‘Yellow Submarine’. Era uma luta entre o bem e o mal, os Beatles eram do bem”, começa ele.
“Lembro que meu filho brincava e corria durante o filme, mas quando começava a tocar a música dos Beatles, ele prestava atenção para a tela e me perguntava se eu tinha aquele disco. Um dia depois, a gente foi para Salinas e ele me pediu para colocar o disco. Ele dizia: ‘de novo’, ‘de novo’. Quase fura o disco (risos). A partir daí ele passou a gostar dos Beatles. Hoje, ele é formado em Direito, e toca piano e guitarra, estudou no Conservatório Carlos Gomes”, cita Tom, um dos criadores do Beatles Forever, há 34 anos, e que desde 2007 conta ainda com Alexandre Macambira e Eliexer Galo nas guitarras e Henrique Souza no baixo.
Não é surpresa que a trilha que norteia as conversas entre pai e filho é a dos Beatles, destaca o baterista. “A gente senta para falar sobre música. Eu tenho certa noção qual a nota que ele tem que fazer na bateria. Então, o papo começa sobre Beatles e vai para outras músicas”, conta Tom, que tinha discos da banda entre seus cinco e seis anos e escutava as músicas na vitrola da mãe.
“A gente escutava Beatles uma vez e percebia que eles eram diferentes. Ouvia o Roberto Carlos também, mas não tinha a coisa de analisar as letras. Depois que os Beatles fizeram ‘Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band’, o trabalho deles foi mais relevante ainda nesse sentido. Aquele elepê foi eleito como uma das capas mais diferentes de todos os tempos. A gente não consegue explicar por que conseguiram se eternizar, seja em lançamentos memoráveis, seja na famosa Abbey Road, o último disco deles que tornou aquela travessia mais lembrada do quarteto. Aquela cena é emblemática, especialmente, para quem gosta dos Beatles”, diz Tom.
SÓ COISAS BOAS
A ansiedade era a marca do tempo em que as músicas dos Beatles podiam ser gravadas em fitas cassetes. É o que lembra o bancário Alex Façanha, 42 anos. “Eu já conheço os Beatles há bastante tempo. Tive o primeiro contato por volta de 12 anos. É uma coisa bacana porque na época em que era adolescente, eu não tinha muito acesso aos discos, então, tinha que gravar com parentes as fitas cassetes”, lembra. “A gente fazia coleções e hoje,acaba passando para os filhos o nosso gosto musical”, diz.
Pai de Mariana, 16, Alex Junior, 12, e Beatriz, 2 anos, ele conta que estimula o gosto musical dos filhos e isso tem dado certo, diz ele. “Não sei expressar o quanto eles são importantes para mim. Sempre procuro levá-los a lugares que eles gostam e a música sempre esteve presente nesses ambientes. O papel do pai é tentar incentivar os filhos ao que tem de melhor e os Beatles remetem a coisas boas e bonitas. É uma paixão que nos faz querer compartilhar com os nossos filhos, que eles possam conhecer e se apaixonar pela música e o que elas representam para os fãs”, acredita Alex Façanha. “Sempre quando tem shows dos Beatles Forever e dá para levá-los, faço o possível para que eles tenham acesso à boa música”, diz o bancário.
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