Nesta segunda-feira (31), ocorrerá a partir das 18h a 4ª edição do Cortejo Visagento, que terá como tema "Amazônia em pé", em homenagem a uma das entidades mais famosas do nosso folclore, o Curupira, o protetor da floresta.
O tema é importante, afinal a Floresta Amazônica representa um terço das florestas tropicais do mundo, desempenhando papel imprescindível na biodiversidade. Como se sabe, esse patrimônio infelizmente vem sofrendo amargamente com o descaso e ganância do homem.
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"O Cortejo Visagento é um evento anual organizado pelo Espaço Cultural Nossa Biblioteca, e tem como contrapartida a resistência ao americanismo e às datas do Halloween, resgatando a potencialidade regional fantasmagórica e visagenta, termo fortemente inspirado pela obra paraense Visagens e assombrações de Belém, de Walcyr Monteiro", sintetiza Elisa Rodrigues, antropóloga e mestranda em Sociologia e Antropologia (PPGSA-UFPA).
Ainda de acordo com Elisa, "a dinâmica do Cortejo agrupa a movimentação simultânea das fantasias dos participantes, que são livres, as contações de histórias do bairro e dos personagens homenageados em cada edição, junto da música, poesia, teatro de rua, dança e outras diversas manifestações culturais. Posicionando-se como movimento de resistência frente ao estigma do bairro, o envolvimento da comunidade no projeto é de extrema importância. O fazer cultural coletivo, o envolvimento e o reconhecimento das narrativas da construção das primeiras ruas e outras particularidades, promovem não só a valorização do bairro, mas também o sentimento de pertencimento e um encontro positivo com a memória do local, além do estímulo à cultura popular, muito rica e fluida em Belém", explica Elisa, que também é pesquisadora associada da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC) e desenvolve pesquisa na área cemiterial.
TRAJETÓRIA
Realizado pela primeira vez em 2017, o Cortejo valoriza histórias tradicionais do imaginário e encantados da região, especialmente as lendas pertencentes ao folclore nas últimas edições. As oralidades dessas narrativas ganham espaço no evento, que todo ano homenageia um personagem que compõe este imaginário.
Elisa Rodrigues afirma "o Cortejo proporciona um encontro de gerações, narrativas e sociabilidades. Propositalmente iniciado no Cemitério Santa Izabel, maior necrópole de Belém, e no horário escolhido, este encontro também é um convite para desfazer as sensorialidades mórbidas, as dimensões e experiências do medo que o cemitério representa, o centralizando como um local passível de cultura e atividades, e, portanto, um convite para conhecer o espaço e seus personagens, conhecidos como assombrações e visagens, que também são centrais no imaginário local da capital".
Ainda segundo a pesquisadora, "um dos objetivos do evento é também mostrar outra perspectiva do bairro do Guamá que não a violenta, sendo esta criativa, produtiva e pacífica, criando referências positivas também ante o passado do Guamá, bairro periférico e, atualmente, mais populoso de Belém, fundado no século XIX através do primeiro Leprosário da Amazônia, o Hospital dos Lázaros, que foi parte do sistema de manutenção da capital frente às políticas higienistas da Belle-Époque".
SERVIÇO
IV Cortejo Visagento
Quando? 31 de outubro, a partir de 18h
Onde? Cemitério Santa Izabel ( Tv. Castelo Branco, 896), Guamá, Belém
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