Um grande ícone da cultura paraense e belenense será homenageado no carnaval de São Paulo pela agremiação Império de Casa Verde, em 2024: Fafá de Belém. Com a gargalhada sendo umas das suas maiores características, Fafá se diz muito emocionada com mais uma homenagem e com a oportunidade de representar o Pará e a Amazônia para todo o país.
Em uma entrevista exclusiva para o DOL, a artista conta um pouco do que podemos esperar do desfile e como pretendem levar a cultura paraense para a avenida.
Confira:
DOL: Você foi escolhida como enredo de uma escola de Samba que vai contar sua história e um pouco mais sobre a Amazônia. Como é para você representar o Pará, nossa cultura e nossa região?
Fafá: Uma homenagem que me emocionou muito ser escolhida para ser tema de uma escola de samba em São Paulo. Eu tive a honra de ser tema do Rancho, minha escola do coração, em um momento em que se podia falar de diretas, Papa, enfim. Agora ser escolhida por uma escola do tamanho da Casa Verde, que ano passado ficou em segundo lugar por um décimo ou dois décimos, escolher uma “cabôca” de Belém, porque eu sou uma de nós. Não é a Fafá de Belém que tá ali, é a menina que veio de lá. Que tem as suas origens em Belém, que tem a sua origem dentro do Igarapé, que tem a floresta como tema, que tem a gargalhada e o riso fácil, eu sou uma paraense e eles levarem para esse enredo a nossa terra, as nossas crenças, trazerem a nossa fé, o nosso jeito, o nosso colorido, falar transversalmente de um país chamado Pará é muito, muito, muito emocionante. Fico muito, muito honrada e estarei muito participante, a gente tem conversado muito e vamos conversar mais e quero paraense comigo na avenida (risos).
DOL: Como você se sente sendo homenageada por uma escola de Samba depois de receber tantas outras homenagens?
Fafá: É muito emocionante olhar para a gente. Nós estamos à beira de uma COP, daqui a dois anos teremos uma COP em Belém do Pará, fala-se muito de Amazônia desde que eu me entendo por gente, mas o olhar sobre nós é sempre de cima pra baixo. Olhar pra gente no mesmo lugar, olhar para o nosso Povo Ribeirinho, olhar para a nossa cultura, olhar para a necessidade de conscientização, da nossa importância que a preservação do nosso Estado, dos nosso igarapés, da nossa água, esse é um dos objetivos da varanda de Nazaré. É levar pro mundo quem nós somos e trazer o olhar do mundo para o paraensismo. Com respeito, com delicadeza, ‘venham, mergulhem nas nossas águas, mas tentem saber de nós o que nós entendemos que é possível, o que é preciso e o que é necessário’.
E nós também olharmos para esse imenso continente que é a Amazônia, é mais que uma região, e sabermos que somos parte fundamental para que essa preservação aconteça. Não dá para terceirizar a responsabilidade. É cada um de nós fazendo e juntos construindo e reconstruindo a nossa floresta, despoluindo os nossos canais, olhando nossos igarapés, as nossas águas, a nossa cultura ancestral das ervas e folhas e da fitoterapia.
DOL: Quais as expectativas para o desfile e como está sendo acompanhar sua história contada na avenida?
Fafá: A gente está conversando há algum tempo. Eu me coçando toda, que ninguém podia saber, porque primeiro precisava ser aprovado, ser levado para a comunidade, para o presidente, para os diretores, então a gente só pôde anunciar agora. Muito emocionante e principalmente pela pesquisa que eles estão fazendo. Não é uma coisa folhetinesca, não é uma coisa caricata, não é uma coisa exótica. Eles estão tratando com muito respeito a história dessa mulher que é uma Amazônida na alma, no comportamento, no ser. Como eu te digo: eu sou a que tá aqui, mas sou todas nós.
DOL: Você recebe muitas pessoas na varanda de Nazaré, o círio também será representado no desfile?
Fafá: Sim! O Círio estará e a nossa fé em Nazinha. Então o abre alas é tão fabuloso que eu fiquei muito emocionada e quando vi, chorei. O abre alas é de uma delicadeza com os nossos símbolos, com Nossa Senhora de Nazaré, com o Theatro da Paz, com a nossa trajetória de democracia, é muito bonito. A nossa fé cabocla, os nossos Caruanas, Os nossos Tucuxis, as nossas tribos, as nossas comunidades ribeirinhas, extrativistas... É muito, muito forte. Vai estar muito bonito.
DOL: Mande um recado contado um pouco do que podemos esperar do desfile.
Fafá: O Pará pode esperar um desfile onde estará representado. Desde as fantasias, de vários retratos da nossa gente, de vários olhares sobre o que nós somos. Somos muitos, somos plurais e o carnavalesco, a escola está pesquisando com muito cuidado e muito carinho para fazer um desfile histórico. O que o Pará vai ver na avenida, é um Pará representado e desfile que ficará na história dos carnavais. Muita gratidão, minha Nazinha, por estar junto comigo nessa avenida e a todo o povo do Pará que sempre esteve junto comigo, sempre, sempre e eu com eles. Estamos juntos na varanda, estamos juntos no Círio, estamos juntos nas nossas lutas, estamos juntos quando nos olhamos nos olhos. E eu sou uma cantora popular, e é para o povo, com o povo e a partir dele que eu canto e existo. Muito obrigada.
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