A busca da própria identidade guia a artista visual Renata Aguiar em sua exposição “Reminiscências”, que abre nesta quinta-feira (14), na Galeria Theodoro Braga, em Belém. No trabalho, a artista apresenta fotografias, fotoperformances e vídeoperformances, que são o resultado de suas investigações poéticas das relações corpo-território na Amazônia.
Para o trabalho, a artista percorreu locais de travessia da sua mãe e de sua avó - passando por em Muaná, na Vila de São Miguel do Pracuúba (AM), até Abaetetuba, Santarém e Santa Maria do Uruará, no Pará - e voltou em cidades que fizeram parte da sua juventude em busca de costurar, nessa interação com os espaços, a sua história enquanto mulher amazônida.
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“Essas muitas mudanças, esse certo nomadismo que marcou a história da minha mãe da minha avó, marcou também a minha história. E durante muito tempo eu achei que nesse nomadismo existia uma falta de identidade. Foi essa falta que me fez buscar essas imagens que hoje preenchem não só o meu imaginário, mas também as paredes de minha exposição, que preenchem o meu corpo e dão forma para ele, mas que também preenche essa lacuna que eu fui construindo e desconstruindo ao longo da experimentação como artista: uma artista mulher amazônica, sim, em uma existência singular que se afirma a partir da imagem materializada enquanto arte”, declarou Renata.
Trajetória
A artista nasceu em Urucará, no Amazonas, Renata, mas logo se mudou para Porto Velho, em Rondônia. Também viveu em Capanema (AM), e Ajuruteua e em Bragança (PA).
As obras, são o resultado de um trabalho que durou quatro anos. Ele fez parte da pesquisa dela para o doutorado em Artes Visuais do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Com as fotografias, Renata foi a grande vencedora do Prêmio Branco de Melo 2023, da Fundação Cultural do Pará, a individual tem curadoria de Marisa Mokarzel.
"Renata mergulha na Amazônia e em outras terras. Seu corpo está em deslocamento. A performance voltada para a fotografia ou vídeo se solidariza à delicadeza de uma percepção de mundo que não se acomoda no óbvio da linguagem artística. A Renata transforma a pesquisa em ato poético”, destaca Marisa Mokarzel, curadora da exposição.
Oficinas
Além da exposição, Renata vai ministrar duas oficinas para estudantes ribeirinhos das ilhas de Belém e para artistas. A primeira será uma iniciação à fotografia, com o tema “Oficina de câmera obscura”.
“São alunos ribeirinhos que vivem nas ilhas de Belém, a grande maioria deles nunca teve oportunidade de estar numa galeria de arte. Então, essa experiência por si só é transformadora e, com a oficina, quero trazer para eles essa construção da imagem, mostrar como na verdade cada um de nós pode forjar imagem para falar, narrar e construir as nossas próprias realidades. Através da fotografia e da performance, somos capazes de construir mundos a partir da nossa própria perspectiva, uma perspectiva muitas vezes invisibilizada pela mídia, pela televisão, pelo discurso colonial que fala da Amazônia, que nunca fala de si”, explicou Renata.
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Já a segunda irá falar sobre a fotografia e performance, e terá a participação de Carlos Vera Cruz. As atividades ocorrem gratuitamente no espaço da galeria Theodoro Braga.
A exposição "Reminiscências: da fotografia à performatividade" ficará aberta à visitação até o dia 27 de outubro, na Galeria Theodoro Braga.
Serviço
Exposição “Reminiscências: da fotografia à performatividade”.
Início: 14/9
Hora: 18h
Local: Galeria Theodoro Braga, no subsolo do Centur (Av. Gentil Bitencourt, 650, Nazaré)
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