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HOMEM X NATUREZA

Mostra "Inacontecimentos", convida à experiência interativa

Lucas Negrão, desde pequeno, vê isso de perto. Nascido na periferia da Amazônia urbana, viu o Rio Tucunduba, que atravessa a sua rua, como marcador do avanço da depredação.

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Imagem ilustrativa da notícia Mostra
"Inacontecimentos", convida à experiência interativa camera Seus olhos também miraram as comunidades atingidas pela construção da hidrelétrica de Belo Monte | ( Divulgação )

Há anos, a maior floresta tropical do planeta é um dos biomas mais afetados do mundo pelo assédio humano. Lucas Negrão, desde pequeno, vê isso de perto. Nascido na periferia da Amazônia urbana, viu o Rio Tucunduba, que atravessa a sua rua, como marcador do avanço da depredação. Já pesquisador, seus olhos também miraram as comunidades atingidas pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, interior do Pará: a seca do Rio Xingu e a morte da vida marinha.

Na mostra "Inacontecimentos", o artista paraense faz provocações a respeito das tensões que marcam a relação homem x natureza, e convida o público a uma experiência interativa a partir da arte eletrônica-digital. A exposição abre nesta quarta-feira (15) e segue em cartaz até 6 de dezembro, na Fotoativa, em Belém.

"Inacontecimentos" é uma exposição de instalação com uso de dispositivo tecnológico, que utiliza imagens de sobrevoos e imagens de satélite para tratar da ação humana no bioma Amazônia. Há fotos áreas de sobrevoos realizados em Marabá, Santarém e Oriximiná, e imagens em solo de áreas de preservação em Belém, Alenquer, Alter do Chão e Vila Nova. As imagens de satélites foram coletadas na plataforma de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e processadas com ajuda do software Qgis, muito utilizado por pesquisadores ambientais no monitoramento de queimadas e garimpos.

Na mostra, as obras interagem com o público alterando a visualização das imagens da Amazônia: de longe, se vê uma área de preservação do bioma, mas quando se aproxima, o dispositivo revela a imagem de uma Amazônia degradada pela ação (e aproximação) humana. Os dispositivos são formados por imagens conectadas a sensores de movimento, que se revelam ou se ocultam, dependendo da programação realizada no dispositivo - numa espécie de simulador da relação de ambiente e corpo na Amazônia trazida para a uma instalação interativa.

"Amplificar a reflexão e discussão acerca da ação humana no bioma Amazônia se faz urgente no contexto sócio-cultural, semear mentes pra a preservação e o cuidado com o bioma onde vivemos e com o qual nos relacionamos é que está constantemente sob ataques", pontua Lucas.

O projeto é resultado da pesquisa de mestrado em poéticas no Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Pará. A curadoria é da artista visual paraense Roberta Carvalho, que pesquisa arte e tecnologia desde 2007, sendo uma referência nacional nas artes visuais. Com um vasto currículo de pesquisa e produção, Roberta foi curadora da recente exposição “Brasil Futuro” que esteve em exibição no Museu da Casa das 11 Janelas e foi exibida em diversas cidades do país. Ela também é a idealizadora do Festival Amazônia Mapping e do projeto NAVE do Rock In Rio.

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📷 |( Divulgação )

Nascido e criado no bairro da Terra Firme, periferia de Belém, Lucas sempre sentiu na própria pele os impactos do rio que transbordava e enchia a casa. Desde 2016, pesquisa as questões sociais da realidade amazônica.

"Minha pesquisa desde então se voltou para as relações que nós estabelecemos com o ambiente em que vivemos, como rios, as florestas, as relações interpessoais e com a própria arte. O aspecto relacional é o eixo central da pesquisa e o foco tem sido a Amazônia, na proteção e preservação da vida nesse território", explica.

Artista de multilinguagens, atua entre o design gráfico, pinturas muralistas, fotografia e o audiovisual. É artivista com foco no enfrentamento das mudanças climáticas e fotoativista na democratização do acesso à arte-educação. "A arte tem o poder de transformar as pessoas e essas pessoas podem de fato construir o futuro que queremos, não apenas para a Amazônia, mas pensando em uma sociedade mais ecologicamente e socialmente equilibrada".

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Jovem destaque da arte contemporânea do Pará, Lucas Negrão foi contemplado com o Prêmio de Arte e Cultura 2023 da Fundação Cultural do Pará; participou de duas edições do Salão de Arte Primeiros Passo; do VIII Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia; da Semana de Arte e Muralismo, de FCP; do Rio Que Chove, de Psica produções; da Mostra Imagens Cotidianas do Sesc-Pará. Este ano, foi curador da exposição Amazônia Desvelada, na Associação Fotoativa.

Serviço:

A mostra "Inacontecimentos", de Lucas Negrão, abre nesta quarta-feira (15) e segue em cartaz até 6 de dezembro, na Fotoativa, localizada na Praça Barão do Guajará, 19 - Campina, Belém. Entrada franca.

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