
"O verdadeiro teatro sempre me pareceu o exercício de um ato perigoso e terrível". Não é por acaso que ideias como esta, presentes nos escritos do ator e poeta francês Antonin Artaud (1896-1948), fazem parte da dramaturgia de MOMO, espetáculo solo do ator e encenador Alberto Silva Neto. A cena concebida pelo artista e professor tem origem na prática da atuação cênica como veículo para uma reflexão sobre a própria existência.
O espetáculo estará em cartaz de 08 a 10 de março, às 20h, na Casa dos Palhaços (Trav. Piedade, 533). A bilheteria abre às 19h, com ingressos a R$ 40 (meia entrada a R$ 20).
MOMO é uma cena autobiográfica criada a partir de cartas trocadas na década de 1960 entre o pai de Alberto, Eduardo, e o pai dele, Alberto – avô paterno do qual o ator herdou o nome –, e do texto que escreveu por ocasião da morte do pai, em 2007. A esses documentos o criador juntou fragmentos de autores que o acompanham, como Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Max Martins, Mário Faustino, T.S. Eliot e Nietzsche. Além, é claro, do próprio Artaud, artista visionário cuja existência trágica, sempre no limiar entre a lucidez e a loucura, o inspirou a produzir um pensamento revolucionário para o teatro ocidental moderno.
MOMO é uma expressão usada para nomear o bobo, aquele que é ridicularizado por não se entender o que diz, mas, na verdade, profere profundas verdades incômodas de ouvir. Também se tornou apelido de Artaud quando criança em Marseille, sua cidade natal.

Numa encenação despojada de elementos cênicos, Alberto Silva Neto busca realizar um ato de sinceridade, revelando-se sem disfarce para as testemunhas de uma confissão tão íntima. Há densidade e leveza, choro e riso, dor e cura no percurso dessa simultânea busca e perda de si, com vistas a expandir sua percepção ao confrontar-se com sua trajetória pessoal, na perspectiva de ampliar possibilidades para o autoconhecimento.
Eventos – Após a temporada que marca o retorno em 2024, MOMO cumprirá agenda neste primeiro semestre com participação em três eventos. No dia 28 de março participa da I Mostra de Solos Casa SESC de Artes Cênicas – Teatro e Circo. Em maio, haverá outras duas apresentações. No dia 04 estará na próxima edição do Festival de Solos do Pará, em Santarém – evento no qual Alberto também conduzirá uma oficina de atuação e uma conversa com artistas da cena. No dia 29, MOMO será apresentado no Seminário de Dramaturgia Amazônida, promovido pela Escola de Teatro e Dança da UFPA.
MOMO é uma realização do grupo USINA. Tem dramaturgia, encenação, direção cênica e atuação de Alberto Silva Neto, com acompanhamento psicopoético de Wlad Lima (Clínicas do Sensível) e fotos de divulgação assinadas por Cezar Moraes.
Alberto Silva Neto, 54 anos, nasceu em Belém. Iniciou no teatro como ator, em 1987. Atuou nos grupos Experiência, Palha e Cuíra. Em 1989, foi um dos fundadores do USINA. Desde 2004 dirige espetáculos do grupo tais como “Tambor de Água”, “Parésqui” e “Solo de Marajó” – este ainda em cartaz. É Doutor em Artes e professor da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará, onde criou e coordena o projeto de pesquisa PACATU – Processos para a Autonomia Criadora do Atuante.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar