Não há como falar em festejos juninos em Belém sem lembrar imediatamente do Arraial do Pavulagem. Pelo 37º ano, o grupo puxa seu cortejo pelo centro de Belém, saudando as tradições musicais nortistas, os mestres e mestras da cultura. Neste domingo, acontece o primeiro dos quatro cortejos previstos para esta temporada. E não virá fraco. A partir das 10h, a expectativa é que a manifestação cultural agrega em torno de 35 mil pessoas. O número também é recorde no Batalhão da Estrela, o grupo de músicos e brincantes que dá suporte ao cortejo e é formado a partir das oficinas oferecidas no período anterior à quadra junina. Serão mais de 1.100 pessoas, a grande maioria delas de mulheres, entre brincantes de perna de pau, dançarinos e membros da percussão, além de músicos de instrumentos de sopro e outros.
“Esses cortejos populares são agregadores, e nesses 37 anos de troca de saberes, tem algumas conquistas, mas não são individuais de ninguém do Arraial. É a Funtelpa, a Prefeitura, a Equatorial, todo mundo que está em torno desse evento, com a ajuda das leis de incentivo”, diz Ronaldo Silva, um dos músicos fundadores do Arraial do Pavulagem.
O espetáculo começa com a Roda Cantada, às 9h, em frente ao Theatro da Paz. Às 10h, o cortejo sai, desce pela avenida Presidente Vargas e segue pela Rua Municipalidade, chegando depois à Praça Waldemar Henrique, onde a banda Arraial do Pavulagem se apresenta com convidados especiais. Junto com o Arraial, vão marcar presença amigos e parceiros como Luê, Íris da Selva e Allan Carvalho e a mestra Maria, da Vila da Barca. Um percurso que será cumprido em todos os domingos até 7 de julho.
Para Ronaldo Silva, toda essa movimentação popular em torno do arrastão do Arraial do Pavulagem é saudável e positiva, ao trazer de volta o envolvimento com as brincadeiras populares. “Quando os bois começaram a participar dos concursos, de alguma maneira também se afastaram da comunidade que ajudava a construir aquilo”, diz Ronaldo, afirmando que quando mudaram o nome do cortejo e da banda, se assumindo como um grande arraial, buscaram a força desse coletivo. Ele acredita que a energia que move o grupo a continuar vem dessa interação.
“Desde o primeiro dia que a gente começou a fazer essa brincadeira, ainda com o Ruy [Baldez, antigo integrante do Arraial], que a gente não para de descobrir coisas novas sobre a nossa cultura brasileira. Eu nunca me esqueço de ouvir alguém falar que Belém já foi capital cultural do país, na época da borracha, do Theatro da Paz, que recebia a elite. Quando o boi Pavulagem sair, pela primeira vez. lá pra cima do teatro, será uma coisa mágica”, festeja o cantor e compositopr, que junto com Júnior Soares acaba de lançar o EP “Boi da Estrela”, com músicas feitas em torno das emoções dos arrastões juninos.
“Acredito que a palavra tem força. É sobre compartilhar o que a gente tem de melhor. A gente foi ensinar essas músicas e o momento mais bonito, para mim, é esse, quando a gente consegue fazer com que as pessoas descruzem os braços, que cantem, dancem, toquem um instrumento, e tragam de volta esse direito ancestral de compreender melhor a cultura brasileira praticada aqui”, diz Ronaldo.
“Mesmo que as rádios não tocassem a gente, mas o público sim, e acho que a gente se renova por esse compromisso”, completa o músico.
INCLUSÃO
Com o tema “Arraial do Saber”, este ano os arrastões vão manter o espaço “+ Inclusão” da Equatorial Pará, patrocinadora do evento, que oferecerá 20 vagas no local adaptado durante os quatro domingos da festividade, destinadas às pessoas com transtorno do espectro autista e com deficiência (PCD). Para tanto, é preciso se inscrever no link descrito na bio do perfil da Equatorial no Instagram. Cada inscrito tem direito a um acompanhante.
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