Um dos episódios mais sombrios da história recente do Brasil, a Guerrilha do Araguaia (1967-1974), foi palco de conflitos intensos no Sul do Pará, onde militantes comunistas enfrentaram a ditadura militar em uma tentativa de instaurar uma revolução socialista. A repressão do regime foi implacável, deixando um rastro de desaparecimentos, torturas e violações que ainda ecoam na memória nacional. É nesse contexto histórico carregado que se desenrola Quando Caem as Cinzas: desventuras amazônicas na noite brasileira, o novo romance do autor santareno Carlos Augusto Galvão, lançado pela editora Appris pelo seu selo Artêra Editorial.
A obra acompanha um jovem médico que, ao se mudar para Marabá durante os anos de chumbo, se vê enredado em uma teia de tensões políticas, sociais e humanas que refletem o caos e a violência da época. Galvão constrói uma narrativa intensa e visceral, capturando não apenas o sofrimento imposto pela repressão militar, mas também os dilemas morais e os impactos deixados pelos próprios guerrilheiros na vida das populações locais.
Com uma escrita que mistura realismo e lirismo, o autor entrega uma obra que vai além do relato histórico. Galvão humaniza o conflito, apresentando perspectivas diversas: dos camponeses que sofriam entre dois fogos, dos guerrilheiros idealistas e das figuras que, como o protagonista, precisaram decidir entre sobreviver ou resistir.
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Quando Caem as Cinzas é, ao mesmo tempo, uma homenagem ao povo amazônida e uma reflexão sobre os custos da violência e da luta pelo poder. Galvão oferece um olhar sensível e multifacetado sobre um período pouco explorado na literatura brasileira, conectando o passado ao presente em um cenário de resistência, memórias e cicatrizes ainda abertas. A obra é um convite à reflexão sobre os limites da coragem e as consequências da escolha de lutar, mesmo quando tudo parece estar em ruínas.
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O lançamento do livro reafirma a importância de revisitar esse capítulo da história brasileira, não apenas para compreender o passado, mas também para dar voz àqueles que continuam a carregar o peso desse legado.
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