Isaac Bardavid, de 88 anos, trabalha na TV há 31 anos e já participou de 43 novelas. Apesar do vasto currículo na dramaturgia brasileira, ele é mais conhecido pela sua voz do que pela fisionomia. Tudo porque o artista deu voz à diversos personagens das telonas. Entre os mais famosos estão Wolverine, Freddy Krueger, Tigrão (Ursinho Pooh) e Esqueleto (He-Mal), assim como muitos outros.
O famoso, que foi eleito em duas ocasiões como o melhor dublador do Brasil (nos anos 1960 e em 2017), conta que a sua jornada na dramaturgia nem sempre foi fácil. Mesmo fazendo grandes personagens na TV Globo, o artista se sentia injustiçado por não ser contratado pela emissora.
"Eu era do tipo que ia para a televisão, fazia o meu trabalho e voltava pra casa. Na época, os atores se reuniam no (restaurante) Fiorentina [famoso ponto de encontro de artistas no Leme, zona sul do Rio], eu ia para Niterói (na região metropolitana, onde mora até hoje). Não sabia nem quem era o chefão, o que mandava em todo mundo", desabafou.
Cansado de trabalhar sem contratação, Isaac decidiu ir pessoalmente à direção da emissora. "Tomei coragem e bati na sala do Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, diretor-geral]", lembra. "A secretária perguntou a quem deveria anunciar, eu disse, e momentos depois ela me fez sinal para entrar", conta.
Na ocasião, ele foi bem recebido pelo então diretor, que o orientou a procurar o assessor administrativo, Edwaldo, também conhecido como Pacote. A felicidade pela possível contratação tomou conta de Bardavid.
Mas, no dia em que o encontro com "Pacote" foi combinado, as coisas não saíram exatamente como o artista esperava. A espera pelo assessor levou cerca de duas horas. "Em dado momento, eu perguntei à secretária se ainda demoraria muito tempo. Ela me informou que 'infelizmente o sr. Pacote teve um problema de saúde em casa e precisou ir embora'. Abrindo a agenda, ela perguntou: 'Vamos remarcar para quarta-feira [dali a dois dias]? Pode ser às 14h?"', relembrou.
Em sua segunda tentativa, Bardavid tomou um novo "chá de cadeira" e teve que esperar mais duas horas para, mais uma vez, ser informado pela secretária que Edwaldo não poderia atendê-lo.
Naquele momento, o artista entendeu que Boni e Pacote estavam tentando dificultar o trabalho do ator. "Compreendi que aquilo era combinado entre os dois [Boni e Pacote]. Eles iam me deixar esperando até que eu desistisse. Não devo ter sido o primeiro. Saí dali me sentindo muito humilhado, o último dos atores", ressaltou.
Bardavid desistiu de procurar novamente pelo assessor, que morreu em 2009.
Apesar do desprezo da diureção da TV Globo, o artista não dessitiu de continuar atuando nas novelas da emissora, mesmo não ganhando um salário digno de um veterano. O trabalho mais recente de Isaac Bardavid em TV foi na minissérie "Os Carcereiros", da Globo (2017).
(Com informações do UOL)
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