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POLÊMICA

Jornalista paraense da Globo denuncia assédio sexual e é demitida 

A jornalista paraense Ellen Ferreira, que apresentou o "Jornal Nacional" em outubro do ano passado, foi demitida da Globo na manhã desta quinta-feira (23). A profissional foi chamada à sede da emissora em Roraima depois de se recuperar da Covid-19, que co

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Imagem ilustrativa da notícia Jornalista paraense da Globo denuncia assédio sexual e é demitida  camera Depois de ter montado dossiê contra diretor, Ellen Ferreira foi demitida na manhã desta quinta-feira (23) | Reprodução

A jornalista paraense Ellen Ferreira, que apresentou o "Jornal Nacional" em outubro do ano passado, foi demitida da Globo na manhã desta quinta-feira (23). A profissional foi chamada à sede da emissora em Roraima depois de se recuperar da Covid-19, que contraiu no início do mês. Mas, chegando lá, ela foi surpreendida ao ver que os papéis de sua demissão já estavam prontos.

Leia também: Apresentadora paraense do JN superou escândalo de vídeo íntimo vazado


Ellen Ferreira nasceu em Belém, mas mora há mais de 25 anos no Estado de Roraima, onde apresentou o Jornal de Roraima 1ª Edição.

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Ao retornar de uma doença tão séria , a covid 19, chego em meu trabalho e fico sabendo de meu desligamento da emissora. Confesso que fiquei triste, mas, todo meu legado acredito que não vão tirar de mim. Representei Roraima no JN. Fiz reportagens, apresentei todos os jornais , vários plantões, coberturas, entradas ao vivo em jornais nacionais. Numa reunião bem direta, alegaram que eram reformulações e que eu não estava mais nos projetos da emissora. Como qualquer pessoa, me senti triste e sem forças. Depois, me acalmei, e pensei... essa não é a primeira vez que vou recomeçar, e é isso! por onde eu for, tenham a certeza que o profissionalismo, respeito e qualidade sempre serão minha marca. 🧡🙏🏼📿 Leiam a matéria. Vão entender melhor. Fiquem com Deus.

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Que saudade dessa experiência linda. #jn #jornalismo #sonhos

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Ellen Ferreira

Ellen Ferreira Reprodução/Globo

O argumento usado para justificar o desligamento foi reestruturação, mas Ellen acredita que o real motivo seja outro. Ela contou à coluna de Leo Dias que um diretor de jornalismo foi acusado por ela e por vários outros funcionários dos mais diversos tipos de assédio.

"Edison Castro é um psicopata que já havia passado pelas redações de Goiás, Maranhão e Tocantins. Homofóbico, racista, gordofóbico. Praticava assédio moral e sexual, deixou toda a equipe doente. Uma moça da TV Anhanguera [Goiás] chegou a tentar se matar por causa dele”, afirma Ellen.

“Debochava de um repórter que era gay. Chamou o cabelo de uma repórter negra de moita feia”, disse. A jornalista ainda conta que o ataque a ela eram constantes e que chegou a desenvolver uma crise de ansiedade por causa disso. "Ele dizia que eu era repugnante, gorda, que me vestia mal. Me ameaçava de demissão constantemente. A fama dele era de o João de Deus da redação. Havia gente que desejava bater nele", relata.

A situação chegou a tal nível que Ellen se viu obrigada a enviar um e-mail a Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, relatando o que acontecia, já que não recebia apoio de outros chefes dentro da Rede Amazônica.

Ellen decidiu se unir a outros funcionários que também eram constantemente ofendidos pelo diretor e, juntos, montaram um dossiê que foi enviado ao Sindicato dos Jornalistas de Roraima (Sinjoper). Com tamanha pressão, o jornalista foi demitido da Rede Amazônica no final de junho. Mesmo assim, Ellen acredita que a influência dele foi mantida e, por isso, ela acabou sendo demitida.

“Meu sonho foi interrompido. Eu estava escalada para apresentar o Jornal Nacional mais duas vezes esse ano, mas foi adiado por conta da pandemia. Agora, estou demitida”, conta ela, que diz não estar arrependida do que fez. “Eu lutei por uma equipe. Fiz o que foi necessário para acabar com aquela palhaçada e faria de novo. Acabaram com meu sonho, mas eu tenho saúde e vou conseguir me recuperar”, finalizou.

Abaixo, o relato que Ellen enviou à Globo:

Essa mensagem é um desabafo. Apenas um breve relato do que a praça de Roraima tem vivido. Eu ainda estou de luto em família. Estamos no limite com a situação de coronavírus e estamos trabalhando com muita garra diante de um fade grande, no meu caso de 1h20 minutos.Com tantas coisas acontecendo, o Edison, chefe de Roraima, ameaça, cria briga entre funcionários, deturpa as coisas e situações e estamos exaustos de tanta pressão psicológica. Ele repete que vai me demitir (também ameaça a outras pessoas ) e, no meu plantão de sábado passado, repetiu todo tempo que ia me demitir e que minha situação ‘estava complicada ‘. Não sou de faltar, cumpro minhas obrigações, produzo, apresento, faço reportagens, e nunca me vi como agora com pavor e mandando mensagens de ajuda. E me sinto sozinha e oprimida.Se ouvissem os funcionários, mas não nos ouvem, estamos no limite. Reforço que estamos dando o nosso máximo na cobertura jornalística. Mas viver com medo e sensação de que vamos perder emprego é algo sufocante e ruim.Ele faz fofocas, intrigas, joga um contra o outro. Estou esgotada. Quando ele chegou a Roraima, pensávamos que seria uma nova era e estamos frustrados com tanta humilhação. Comigo fez uma fofoca e sou a bola da vez, onde me trata um dia bem, outro não, vira a cara e faz ameaças. Para os chefes maiores, é o cara, lúcido, visionário e persuasivo. Pra nós, meros funcionários, perseguidor e eu estou à base de remédios.De fato, ele entende de TV. Mas com as pessoas tem criado clima insustentável e não podemos falar, fazer nada, porque somos oprimidos. Ele afirma às pessoas: ‘A empresa tá do meu lado’, e a gente engole seco. Quando me deu aumento de 500 reais, fiquei feliz demais, mas repetidas vezes jogou na minha cara o aumento e pensei em ir no RH pra voltar meu salário antigo.Ele reverte tudo. Ele faz uma artimanha de humilhar, bater na pessoa e, no dia seguinte da flores, elogiar. Isso é desgastante. Doentio. É acusado de assédio sexual também, a moça levou pro RH de Manaus, mas acabou desistindo por medo dele. E eu só quero trabalhar em paz, sem pressão e humilhação, assim como os funcionários desta emissora que vivem com medo.Na quinta feira, durante uma entrevista pela internet, ele que cria situações pra me desestabilizar no JRR1 , mandou eu repetir sobrenome do entrevistado que eu tinha dito certo. Pois ele atrapalhou duas vezes a minha entrevista indo ao estúdio dizer que quem manda é ele.Eu apresentei por 1h20 querendo chorar. Angustiada e pedindo força pra Deus. Quem vê, não mexe porque ele disse que a empresa está do lado dele. Por fim, pedi ajuda de Manaus, daqui de Roraima e só me sugeriram demissão. E segunda-feira eu terei a resposta. Jamais imaginei enfrentar tudo isso e me sentir só mesmo sabendo que não sou errada e estou sendo assediada mas não tenho voz . Estou em pânico. Não sei mais o que fazer. Obrigada.

Em nota enviada ao DOL, a Rede Globo explicou que "o respeito é um valor fundamental do seu Código de Ética e que a empresa repudia qualquer tipo de assédio ou preconceito, que não são tolerados no ambiente de trabalho em nenhuma hipótese".

Confira na íntegra:

As afiliadas da Globo comungam dos mesmos princípios editoriais mas são empresas independentes. O diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, ao receber email da jornalista Ellen Ferreira, entrou imediatamente em contato com o setor de afiliadas para que a queixa fosse transmitida à Rede Amazônica. A Globo reitera que o respeito é um valor fundamental do seu Código de Ética. A empresa repudia qualquer tipo de assédio ou preconceito, que não são tolerados no ambiente de trabalho em nenhuma hipótese. Os esclarecimentos sobre o que ocorreu depois devem ser dados pela afiliada.

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