Sabe aquela medalha de prata que tem gosto de ouro? É assim que o paraense Flávio Amoêdo, de 39 anos, sente por ter ganhado o 2º lugar na 6ª temporada do “Bake Off Brasil” (SBT), reality de confeiteiros amadores que encerrou no último dia 12. Já de volta à capital paraense, o profissional de Marketing conversou com o DIÁRIO, falou como está sendo a repercussão, um pouco sobre a trajetória dele no programa e quais os planos para o futuro.
“O meu trabalho mudou completamente. Hoje, estou com a minha agenda de encomendas lotada, meu cardápio de Natal foi esgotado pela quantidade de produtos que coloquei para vender porque é aquilo que dou conta de fazer. Também estou com cursos marcados até março do ano que vem e encomendas o tempo todo. Sem dúvida, o programa me deu uma das maiores visibilidades que qualquer confeiteiro poderia ter e sou muito grato. Cada um teve o que mereceu”, diz Amoêdo.
Essa vitrine se espalhou tanto ao ponto de Flávio ser convidado para trabalhar em outros estados e até fora do país. Mas, ele afirma que, de Belém, não sai. “Meu negócio é ficar. Me enraizei aqui e estou muito feliz de estar na minha cidade, em ser abraçado por tanta gente”, comenta, citando ainda o carinho que tem recebido de pessoas de toda parte do país. “Acho que as pessoas sentiram nelas um pouco do Flávio”, acrescenta.
Abrir a própria doceria, trabalhar muito e dar a oportunidade para as pessoas (além dos jurados do programa) provarem as delícias que ele preparou e aprendeu a fazer são os principais planos de Flávio para o futuro. “Todas as pessoas merecem provar, principalmente aquelas que acreditam que tudo aquilo realmente foi verdade e que a gente pode mudar o mundo com sabor, abraço, aperto de mão. Meu intuito é fazer com que as pessoas acreditem que é muito mais além de um chocolate. Que um brigadeiro, por exemplo, pode se transformar em um brigadeiro de pirarucu, em brigadeiro de aviú, enfim... a gente pode fazer tudo o que quiser, basta a gente acreditar e estar preparado para fazer aquilo”, afirma.
Flávio passou por 18 episódios que foram gravados nos meses de junho a outubro, todos em São Paulo. Ele não tinha nome reconhecido na área da confeitaria como alguns participantes. E entrou na disputa em um momento delicado: no final do ano passado quase entrou em depressão depois de ser demitido de uma confeitaria em Recife e escutar da chefia que não sabia fazer bolo.
Com formato criado pela Love Productions e distribuído pela BBC Studios, o reality é uma disputa de provas entre confeiteiros amadores onde os participantes colocam a mão na massa e enfrentam os comentários da dupla de jurados especializados, os chefs confeiteiros Olivier Anquier e Beca Milano. O programa era apresentado por Nadja Haddad, nas noites de sábado. A seguir, a entrevista com Flávio:
P Qual o maior desafio dentro do programa?
R Foi mostrar para todo mundo que somos muito mais do que eles podem imaginar, que somos mais ricos em sabores que qualquer outro lugar. Meu maior desafio também foi me desafiar e fazer de uma planta que a gente utiliza apenas em comida salgada, transformar aquilo em algo doce, suave e maravilhoso.
P Qual a maior amizade?
R Paola e a família inteira dela. Eles me receberam de braços abertos e tenho maior carinho e apreço por todos. Dentro do programa, foi uma das amizades que vou levar. Tem o Biel e a Fernanda também.
P Qual a maior decepção?
R Várias, mas não vou comentar.
P Em algum momento pensou em desistir? O que te motivava?
R Pensei sim, no momento em que eu estava ficando estafado psicologicamente, porque foram 120 dias confinados dentro de um quarto de hotel, onde ficamos sem trabalhar e eu não tinha mais de onde tirar minha renda para pagar minhas contas. Vendi minha casa em Imperatriz (MA) na semana que entrei no programa e o dinheiro que levei para lá foi apenas para me manter nesse período, mas não imaginava que ia demorar tanto para acabar. Chegou um momento que tudo o que mais queria era minha casa, trabalhar e honrar minhas dívidas. O que me motivava era minha fé e não querer decepcionar a minha família. Acredito que das vezes que falhei no programa, eu não os decepcionei.
P O que gostaria de ter feito e não conseguiu?
R Talvez estudado mais. Tinha dias que acordava 3h e ficava acordado até a hora de nós irmos gravar. Ficava sentado, fazendo qualquer tipo de modelagem para poder chegar a uma perfeição a que, de uma hora para outra, eu não iria chegar.
P Quem era o Flávio antes do programa e quem é agora?
R O Flávio antes do programa era um menino que não acreditava tanto em si. Na verdade, o programa foi um impulso para que eu pudesse acreditar agora que, dentro daquele Flávio, tem um maior ainda por tudo o que passei nos últimos dois anos. Fui totalmente modificado. Hoje, o Flávio que existe é mais paciente, perdoa mais, agradece mais que pede, e em nenhum desses momentos perdeu sua fé. É um Flávio bem diferente do anterior.
P O que o “Bake Off Brasil” representou na tua vida?
R Representou uma etapa na minha vida na qual eu estava totalmente desgostoso com a confeitaria pelas coisas que aconteceram. Ele veio para me mostrar que não, que com garra e persistência a gente chega longe. Cheguei em segundo lugar competindo com pessoas que têm nome no mercado há muito tempo e eu não tenho. Trabalho com confeitaria há um ano, mas nada profissional ao ponto de ter bolos premiados para me manter.
P O que a premiação representou para você?
R Me sinto vitorioso. Sou o primeiro paraense a participar de uma competição dessa e poder mostrar para todo mundo que aqui no Norte temos pessoas batalhadoras, sonhadoras, que lutam diariamente, que estudam muito e fazem desses nossos sabores essa grande diferença. Eu acreditei e sonhei muito com aquele momento, mesmo sabendo que eu poderia perder.
P Acreditava que poderia chegar à final?
R No início do programa não, pensei que fosse sair porque tinha gente que já trabalha há muito tempo com bolo, mas com o tempo fui acreditando que se eu fizesse algo diferente, se eu continuasse com a pegada de mostrar sabores que nunca foram mostrados no programa, poderia chegar mais além. Não é à toa que fui vice-campeão.
RECEITA
Pensando em uma receita para a ceia de Natal, Flávio preparou, a pedido do DIÁRIO, uma boa opção que é clássica e do agrado da maioria das pessoas. Ele incrementou um panetone, com itens de fácil acesso e que não pesam no bolso. Confira:
PANETONE RECHEADO
l 500g de panetone – qualquer marca
l 100g de creme de leite
l 400g de doce de leite
l 60g de biscoite maisena
l 30g de manteiga
l 55g de castanha-do-pará cortada
(40g para o recheio e 15g para a cobertura)
Modo de preparo
Tire o miolo do panetone e reserve a tampa. Misture o creme de leite com o doce de leite e reserve. Triture o biscoito e a castanha-do-pará, depois misture com a manteiga e leve ao forno ou à panela por 10 minutos até o ponto crocante. Assim que esfriar a mistura, monte a primeira camada de castanha com biscoito, em seguida, o doce de leite, depois castanha com biscoito novamente e a tampa. O que restar do doce de leite, jogue por cima e, por fim, a castanha-do-pará triturada.
Dica: Uma opção que pode substituir a castanha é colocar pedaços de chocolate raspado ou biscoito com manteiga ou margarina. Também pode colocar na cobertura pistaches, amêndoas, nozes, e até um mix de castanhas de caju e castanha-do-pará.
Custo médio: R$ 30
Tempo: 20 minutos
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