As Olimpíadas 2020 estão entre nós e chegaram trazendo de tudo um pouco, desde a vitória da seleção de vôlei feminino sobre a Coreia do Sul logo na estreia, como a 1ª medalha para o Brasil pelo skatista Kelvin Hoefler e o fato de ser a competição com mais atletas abertamente declarados LGBTQIA+ que se tem registrados.

Apesar dos pontos positivos, nem tudo são flores no mundo dos esportes. O relato da ex-ginasta Daiane dos Santos é a triste prova disso. Em entrevista à revista Marie Claire, Daiane desabafou sobre o racismo que sofreu na seleção olímpica de ginástica, revelando que pessoas chegaram a recusar usar o mesmo banheiro que ela.

"Acho que não existe uma pessoa preta que não tenha sofrido racismo na vida. O que acontece é que muitas pessoas não entendem o que estão passando, não sabem diagnosticar. No meu caso, sempre foi tudo muito sutil: um olhar diferente, um tratamento diferente. Uma levantada de voz", disse.

"Comigo, houve situações na seleção, nos clubes, de pessoas que não queriam ficar perto, que não queriam usar o mesmo banheiro! Aquele tipo de coisa que nos faz pensar: opa, voltamos à segregação. Banheiros para brancos e banheiros para pessoas de cor. Teve muito isso dentro da seleção. E além da questão da raça, tem a questão de vir do sul, de não ser do centro do país, de ter origem humilde. Ou seja: ela é tudo o que a gente não queria aqui", continuou Daiane.

+ Olimpíadas: Brasil é medalha de ouro no quesito beleza 

Primeiro ouro na ginástica brasileira em campeonatos mundiais, Daiane disse ter testemunhado todos os tipos de preconceitos, motivo pelo qual a importância de se valorizar a representatividade. “Quando a gente vê uma pessoa preta em um lugar, ela representa todas as pessoas pretas. Mostra que é um lugar possível. E ainda mais em esportes que não são os que as pessoas estão acostumadas a ver uma pele escura. E a repercussão foi mundial porque eu não fui a primeira negra brasileira, fui a primeira ginasta negra do mundo a ganhar uma medalha de ouro”, disse.

MAIS ACESSADAS