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Lembra dele? Ex-apresentador revela segredos do Shoptime

Ciro Bottini foi apresentador do canal desde o lançamento até o ano de 2020

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Imagem ilustrativa da notícia Lembra dele? Ex-apresentador revela segredos do Shoptime camera Ciro apresentou o programa a quase 28 anos | ( Divulgação )

O Shoptime é uma empresa brasileira de varejo tendo como plataformas de venda um site, app, TV e catálogo online. Lançada em novembro de 1995, a empresa sai do ar nesta quinta-feira (01) com uma despedida melancólica.

O Shoptime foi comprado pela controladora da Americanas em 2005, na ocasião, a TV de vendas se tornou vítima do rombo bilionário da rede varejista. Ciro Bottini foi apresentador do canal desde o lançamento até o ano de 2020, ele conta que ter durado quase 28 anos é algo surpreendente por si só.

"No comecinho, nós não sabíamos bem o que era bacana de vender na TV, o que causaria um efeito positivo com o público. Então íamos buscando, tentando, errando e aprendendo até acertar [...] Tinham uns produtos bem estranhos (risos)." Revela o apresentador.

Na época, além do catálogo esquisito para um canal de TV,a empresa também teve de lidar com a desconfiança dos compradores nos primeiros meses. "Até tivemos uma audiência legal, mas era muito difícil vender. As pessoas tinham medo de comprar, de passar o número do cartão de crédito por telefone." Conta.

Tudo começou a mudar quando Ciro se tornou uma das atrações do programa: "Eu apresentava o CD Mania, e o primeiro produto a fazer muito sucesso foi o CD. Porque não era tão caro, então o público criava coragem de testar. Se fosse um golpe e a compra não desse certo, não teria gastado tanto dinheiro. Os CDs ficaram quase um ano inteiro como campeão de vendas. Aí o povo tomou confiança, começou a comprar panelas, outros produtos mais caros."

Ciro conta que também passou por muitos desafios no Shoptime divulgando produtos esquisitos: "depois de um tempo, ganhei autonomia para falar: 'Isso é ruim, não vou vender", conta, criou bordões e passou horas ao vivo no ar para negociar tudo o que caísse em suas mãos. "Quando algo vendia bem, o diretor dizia no ponto no seu ouvido para continuar falando. Eu chegava a ficar 40, 50 minutos, uma hora inteira no mesmo produto. Tinha que estar pronto para qualquer improviso", lembra.

Ciro deixou o programa em 2020 em comum acordo após se dar conta que seu ciclo estaria se encerrando. Para ele, o fim do canal é uma tragédia: "A empresa não conseguiu fazer a transição para o digital", lamenta.

“É uma coisa triste, mas eu já esperava, por vários motivos. O primeiro é que o modelo de negócios quando começamos, lá atrás, era muito moderno, disruptivo, tenho muito orgulho do que a gente fez. Mas os anos se passaram, e o Shoptime não conseguiu revitalizar a marca e rejuvenescer o público”.

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"A televisão continua vivíssima, mas a venda de produtos não tem mais aquele apelo do passado. Hoje, o que se vê é algo mais ágil, conectado, de live commerce. Na essência, é a mesma coisa (risos), mas em outra mídia", alfineta.

Para Ciro, o motivo para o fim do canal é a situação do rombo da Americanas: "Com o colapso da marca, o rombo nos cofres da empresa, é inevitável que tenham que cortar custos. O canal não era a marca principal do portfólio deles, já vinha dando sinais de cansaço, era evidente que isso ia acontecer."

Vale vender tudo

Fora da TV Ciro continua na vida de comércio, ele inclusive adotou o slogan "vender, vender, vender" e faz palestras por todo o Brasil para ensinar interessados em faturar com produtos --ou seja, o apresentador agora "vende" a si mesmo.

"Eu comecei a fazer as palestras em 2005, fiquei anos conciliando minha agenda no Shoptime com isso. Identifiquei essa área como um nicho de mercado há muitos anos. Então, quando saí do canal, minha agenda ficou aberta para mais eventos. Hoje, faço de 10 a 15 palestras por mês e tenho um faturamento muito melhor", conta.

A experiência de Ciro gerou um novo negócio, ele abriu uma empresa própria, a Máquina de Propagandas Bottini, onde ele negocia a gravação de propagandas para pequenas e médias empresas de todo o país que dificilmente teriam acesso a garotos-propaganda conhecidos nacionalmente.

"Montei dois estúdios nas minhas casas, gravo tudo lá. Fecho o contrato online, entrego online, é tudo muito rápido. E tudo personalizado. Falo com entre 40 e 50 novos clientes por dia. Não fecho com todos, é claro, mas muitos dão certo. Faço para o dono da padaria de bairro, da fábrica pequena do interior", lista ele, que não perde uma chance de vender seu peixe”.

"Você liga e não fala com meu empresário, vai falar comigo direto, é o meu número que eu divulgo. Adoro conquistar clientes. Não só pelo dinheiro, que é bom também, mas pela sensação de conquista. Todo vendedor tem isso, é um desafio, um obstáculo, e quando você supera eleva a sua autoconfiança."

"Eu sou vendedor com muito orgulho. Criei esse meu caminho e vou nele até o fim. Não sou ator, quando vendo um produto, estou sendo eu mesmo. Fiz e faço sucesso como vendedor, sem motivo para ter vergonha", resume.

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