Entra ano, sai ano, gostem ou não, o programa Big Brother Brasil (BBB), da Rede Globo, sempre ajuda a levantar ou aprofundar discussões sobre temas e pautas diversas, sejam as mais comuns ou mais sensíveis e muitas vezes silenciadas. Por ser um reality show que reúne pessoas, em sua maioria, até então não famosas e que não se conhecem, com exceção, logicamente, dos famosos que desde 2020, passaram a ser escalados para a disputa, o programa atrai a atenção de milhões de pessoas no país. O que atrai? Entre diversos fatores, ver como as pessoas interagem, afinal são obrigadas a viver e conviver na mesma casa por até mais de três meses, o que provoca o surgimento de amizades, alianças, inimizades, ataques, ofensas e outros tipos de afetos e atritos.
Pois bem, na edição deste ano, um dos destaques é a recorrência com que a cantora Wanessa Camargo, filha de Zezé Di Camargo, afirma que o baiano Davi Brito, motorista de aplicativo, desperta gatilhos nela. Isto em geral é feito com ênfase e expressões de angústia, o que ajuda a reforçar a ideia de que os tais gatilhos, segundo a própria Wanessa, são dolorosos. Apesar disto, ela vem sendo bastante criticada fora da casa pelo uso do termo e várias outras ações suas, o que pode provocar certo “esvaziamento” do sentido da temática, tão importante atualmente.
Para a psicóloga Amandda Albuquerque, “os gatilhos mentais são estímulos emocionais, cognitivos ou situacionais que podem desencadear reações emocionais intensas, como ansiedade, medo, raiva ou tristeza. Eles podem afetar a vida de uma pessoa de várias maneiras, influenciando comportamentos, saúde mental, relacionamentos e a qualidade de vida. Gerenciar esses gatilhos é crucial para o próprio bem-estar”, explica a especialista em saúde mental, que atende jovens, adultos, casais e público LGBTQIAPN+.
Os gatilhos psicológicos, portanto, são estímulos que despertam memórias ou emoções associadas a experiências passadas, muitas vezes traumáticas. Podem ser sons, odores, palavras ou situações específicas que desencadeiam reações automáticas e intensas no campo emocional. Como se nota, compreender o papel dos gatilhos psicológicos é crucial para o bem-estar emocional.
“Os gatilhos mentais podem variar em intensidade e impacto ao longo do tempo, e sua persistência pode indicar problemas mais graves. Inicialmente, gatilhos podem ser uma resposta natural a eventos estressantes ou traumáticos. No entanto, quando esses gatilhos se tornam recorrentes, intensos ou disruptivos na vida de alguém, podem sinalizar problemas mais graves, como transtornos de ansiedade, depressão ou transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)”, explica Amandda, que atende presencialmente em Belém do Pará e de forma remota para qualquer localidade.
Ainda de acordo com a psicóloga, “é possível classificar alguns gatilhos como mais perigosos do que outros com base em critérios como a intensidade emocional que desencadeiam, sua persistência, o impacto nas atividades diárias, a relação com traumas passados e comportamentos de evitação associados. Essa avaliação, conduzida por profissionais de saúde mental, é importante para determinar a gravidade dos problemas e direcionar o tratamento apropriado”, sintetiza.
GATILHOS E SAÚDE MENTAL BEM ALÉM DO BBB
Bem além das reclamações constantes de Wanessa Camargo e da casa do BBB, compreender os gatilhos é essencial para cuidar da saúde mental. Ignorá-los pode levar a respostas emocionais desproporcionais, aumentando o estresse e a ansiedade. Ao identificar e compreender esses gatilhos, uma pessoa ganha a capacidade de gerenciar suas emoções de maneira mais saudável, promovendo uma resposta mais equilibrada diante de situações desafiadoras do cotidiano.
Amandda Albuquerque destaca que “é importante observar se os gatilhos estão afetando negativamente o funcionamento diário, os relacionamentos e a saúde mental da pessoa. Se isso ocorrer, é aconselhável buscar ajuda psicológica para avaliação e tratamento adequados. A intervenção precoce pode ajudar a prevenir a progressão dos problemas relacionados aos gatilhos mentais”. É justamente aí que a ação de fazer terapia se torna mais importante ainda, em que o processo de autocuidado e autoconhecimento será fundamental na trajetória de vida do paciente.
“A terapia desempenha um papel vital na percepção e melhoria da reação diante dos gatilhos. Através dela, as pessoas ganham autoconhecimento, identificando a origem e os padrões associados a esses gatilhos. Terapeutas ensinam estratégias de enfrentamento saudáveis, ajudam na tolerância emocional e capacitam os indivíduos a lidar com emoções desconfortáveis. Além disso, a terapia pode abordar traumas subjacentes relacionados aos gatilhos e prevenir reações impulsivas. No final, promove o empoderamento, capacitando as pessoas a gerenciar seus próprios gatilhos de forma mais saudável, melhorando a qualidade de vida e a saúde mental”, finaliza a psicóloga.
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