O Ministério Público da Bahia (MP-BA) realizou, nesta segunda-feira (27), uma audiência pública em Salvador para discutir sua atuação no inquérito civil que investiga a cantora Claudia Leitte por suposta intolerância religiosa. A investigação foi aberta após uma alteração na letra da música “Caranguejo”, na qual a artista substituiu o trecho “Saudando a rainha Iemanjá” por “Eu canto meu rei Yeshua”, em referência a Jesus em hebraico.
A mudança, realizada durante um show em dezembro de 2022, gerou polêmica e foi alvo de críticas de representantes das religiões de matriz africana e do poder público. Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo de Salvador, condenou a substituição, e o caso foi levado ao MP-BA pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-brasileiras (Idafro).
A audiência pública teve como objetivo debater o papel do poder público no combate ao racismo e à intolerância religiosa, além de avaliar possíveis danos morais causados à honra e dignidade das religiões de matriz africana. Em nota oficial, os promotores de Justiça Lívia Vaz e Alan Cedraz destacaram a importância de promover um amplo diálogo com representantes da sociedade civil organizada, comunidades religiosas e setores públicos e privados.
“É necessário promover uma ampla discussão sobre os impactos de ações dessa natureza para a honra e dignidade dos povos de terreiros, bem como para a proteção do patrimônio histórico e cultural envolvido”, afirmaram os promotores na nota.
Repercussão e Declaração de Claudia Leitte
Claudia Leitte abordou o assunto pela primeira vez em uma coletiva de imprensa realizada em 30 de dezembro, pouco antes de sua apresentação no Festival Virada Salvador. A cantora se disse consciente da gravidade da situação e pediu que o debate fosse conduzido com seriedade.
“Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial. Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem jogá-los ao tribunal da internet”, declarou a artista.
Contexto da Polêmica
Claudia Leitte, que é evangélica desde 2013, vem adaptando suas músicas e performances a sua nova fé. Entretanto, a mudança na letra de “Caranguejo” gerou debate sobre os limites entre liberdade artística e respeito às tradições religiosas, especialmente em um país com diversidade cultural e histórica como o Brasil.
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O caso está sendo amplamente debatido não apenas em Salvador, mas também nas redes sociais e na opinião pública, evidenciando a necessidade de discussões profundas sobre intolerância religiosa e respeito às diferentes expressões culturais no país. O desfecho do inquérito ainda está pendente e deve trazer novas reflexões sobre a convivência entre as diversas fés e tradições brasileiras.
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"Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial. Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem jogá-los ao tribunal da internet. É isso".
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