Famoso por julgar com empatia, morre juiz Frank Caprio

Atrás da toga de um juiz, muitas vezes associada à frieza e à rigidez da lei, pode existir um coração capaz de ouvir, compreender e até mesmo perdoar. Frank Caprio foi a prova viva de que a Justiça também pode ser humana. Conhecido por seus julgamentos cheios de sensibilidade, o magistrado de Rhode Island, nos Estados Unidos, morreu na última quarta-feira (20), aos 88 anos, após lutar contra um câncer no pâncreas.

A notícia foi confirmada pela própria equipe do juiz nas redes sociais. “O juiz Frank Caprio faleceu pacificamente aos 88 anos, após uma longa e corajosa batalha contra o câncer de pâncreas. Amado por sua compaixão, humildade e inabalável crença na bondade das pessoas, o juiz Caprio tocou a vida de milhões por meio de seu trabalho no tribunal e além dele. Seu calor humano, senso de humor e gentileza deixaram uma marca indelével em todos que o conheceram”, diz a nota.

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Caprio havia revelado o diagnóstico em 2023, após uma série de exames motivados por um mal-estar. Na ocasião, emocionou seguidores ao compartilhar a notícia no Instagram e pedir uma pequena oração por sua recuperação. Desde então, passou a receber milhares de mensagens de apoio de fãs espalhados pelo mundo.

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O magistrado atuava desde 1985 no Tribunal Municipal de Providence, Rhode Island. Sua rotina foi registrada pelo reality Caught in Providence, onde conquistou a audiência com seu estilo único de julgar com humanidade, humor e empatia. O programa ganhou força em 2017, quando vídeos de suas decisões passaram a viralizar nas redes sociais, alcançando centenas de milhões de visualizações e fãs do mundo todo.

Um dos casos mais lembrados aconteceu quando uma mulher, endividada com multas no valor de 400 dólares, revelou em lágrimas que havia perdido o filho assassinado e lutava para reconstruir a vida. Comovido, Caprio decidiu perdoar a dívida. “Eu não acho que alguém jamais quis experimentar isso em suas vidas”, disse ele, demonstrando compaixão diante da dor alheia.

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As raízes dessa humanidade vinham de sua infância. Filho de um imigrante italiano vendedor de frutas e leite, Caprio aprendeu com o pai a ajudar quem não podia pagar, mesmo quando sua própria família vivia em condições modestas. “Eu apenas faço o que meu pai me ensinou. Eu sigo seus conselhos, e isso ressoou no mundo”, declarou em uma entrevista.

Antes de se tornar juiz, Caprio deu aulas de História para se sustentar enquanto estudava Direito à noite. Trabalhou como advogado e, anos depois, assumiu como juiz parcial na corte municipal, em 1985. Sem imaginar, começava ali uma trajetória que ultrapassaria os limites do tribunal e inspiraria milhões de pessoas no planeta.

Com 3,3 milhões de seguidores nas redes sociais, Frank Caprio deixou exemplos de humanidade em tempos em que empatia se torna cada vez mais necessária. Sua partida encerra uma trajetória brilhante, mas eterniza o “juiz da empatia” como símbolo de que a Justiça pode, sim, caminhar de mãos dadas com o coração.