
O brasileiro tem o hábito de brindar e celebrar em família ou com amigos. Seja em aniversários, encontros ou até nos estádios de futebol, a bebida alcoólica faz parte de muitos momentos de lazer. Mas, em tempos recentes, especialistas alertam que o melhor é evitar qualquer tipo de bebida alcoólica fora de locais confiáveis. Segundo uma pesquisa divulgada em abril de 2025 pelo Núcleo de Pesquisa e Estatística da Fhoresp apontou que 36% das bebidas comercializadas no Brasil são fraudadas, falsificadas ou contrabandeadas.
Segundo o relatório, vinhos e destilados são os mais afetados pela falsificação. Uma em cada cinco garrafas de vodca vendidas no país está adulterada. O risco, muitas vezes, não é apenas de uma ressaca mais forte, mas de intoxicações graves e, em casos extremos, fatais.
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Foi exatamente isso que aconteceu com o cantor Hungria, que está internado na UTI após sofrer intoxicação por metanol. O artista ingeriu bebidas compradas em uma loja do Distrito Federal e, pouco tempo depois, apresentou sintomas preocupantes, como dores abdominais intensas e visão turva.
A assessoria de imprensa de Hungria informou que o quadro é estável e fora de risco imediato, mas o tratamento exigirá sessões de hemodiálise e uso de etanol farmacêutico, substância utilizada como antídoto em casos de envenenamento por metanol. Ainda não há previsão para alta hospitalar.
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De acordo com o Ministério da Saúde, este é o primeiro caso oficial registrado no Distrito Federal, mas não o único no país. O ministro Alexandre Padilha informou que já foram contabilizados 59 casos semelhantes no Brasil. Como resposta, o governo criou um estoque estratégico de etanol farmacêutico em hospitais universitários e adquiriu 4.300 ampolas para distribuição em centros médicos que não possuíam o antídoto.
Associações do setor, como a Abrasel e a Abrabe, têm orientado a população a redobrar a atenção. Entre as dicas:
- Faça as compras de bebidas em locais de confiança;
- Desconfie de preços muito abaixo do mercado;
- Desconfie do líquido se ele apresentar micropartículas e sujeiras;
- Exija nota fiscal, para garantir que a bebida tenha sido distribuída por fornecedores confiáveis;
- Verifique o lacre. Se estiver violado, a bebida pode ter sido adulterada;
- Rótulos mal colados ou informações borradas também podem ser sinais de falsificação;
- Procure na embalagem o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA);
No caso dos destilados, procure o selo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Se não estiver na embalagem, normalmente perto da tampa, significa que a bebida não foi fiscalizada por autoridades brasileiras.
O que é metanol?
O risco está no próprio metanol, um solvente químico altamente tóxico, presente em fluidos industriais como anticongelantes e limpa-para-brisas, mas jamais destinado ao consumo humano. Quando ingerido, pode causar danos irreversíveis, como cegueira, coma e até a morte. O problema é que seus efeitos iniciais são parecidos com os do álcool comum, o que atrasa a percepção de que algo está errado.
Como é tratada a intoxicação por metanol?
O tratamento precisa ser imediato. Médicos explicam que o etanol comum funciona como “inibidor competitivo” na metabolização do metanol, retardando sua ação tóxica e permitindo que o corpo o elimine. Por isso, a chegada rápida ao hospital pode salvar vidas. Sem esse recurso, o risco de sequelas graves é elevado.
O caso de Hungria reacende o alerta sobre um problema silencioso e crescente no Brasil. Em meio a tantos casos de bebidas adulteradas, especialistas reforçam: que a melhor forma de prevenção é evitar o consumo em locais e situações duvidosas. Para eles, enquanto não houver maior fiscalização e punição severa aos responsáveis por esse tipo de crime, cada gole pode ser uma roleta-russa.
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