O ator Marcos Pajé, que interpretou o Palhaço Bozo entre os anos 1983 e 1986, voltou a falar sobre o período em que apresentava o programa infantil sob efeito de cocaína. Usuário de drogas como álcool e maconha, Pajé acabou perdendo o emprego e o salário de R$ 20 mil, além da mulher, e passou a usar crack. Ele contou que fumava 30 pedras da droga por dia na tentativa de se matar.
"Foi na adolescência. Eu tinha uns 14, 15 anos. Comecei a fumar maconha com uma turminha do colégio. Cabulávamos aula e íamos para um bar beber. Era mais cerveja com uma pinguinha do lado. Ouvíamos muito Janis Joplin, Led Zeppeling. A droga circulava abertamente. Gostei e não parei mais, e com ela, continuava a fumar maconha e a beber. Cheirava no camarim mesmo, antes do programa começar. Mas procurava não dar bandeira. Era uma carreirinha pequena, só para dar aquele estalo. Tinha consciência de que iria estar com crianças e tinha autocontrole”, disse Pajé.
"Eu já estava entrando em paranoia com a cocaína. Ela também já não me bastava mais. Passei a não ter paciência para tirar fotos, vivia irritado. Quando cheguei nesse estágio disse para mim mesmo que ia parar com tudo. Foi quando decidi não colocar mais dinheiro na tal "panelinha". Mas as pessoas que faziam parte dela diziam que eu tinha que continuar contribuindo, mesmo sem consumir. E não demorou muito para que eu fosse mandado embora.
Parte do dinheiro que recebia, sempre dei para minha mãe. Ela guardou, fez um pezinho de meia e consegui me manter sem trabalhar por cinco anos. Nessa época, tinha parado totalmente com a cocaína, mas continuei com a maconha e o álcool”, contou.
Pajé relatou também sobre outros entorpecentes e o seu relacionamento amoroso e familiar.
"O crack entrou depois que eu me separei. Conheci umas pessoas do bairro onde eu morava que vieram me oferecer. Eles diziam que dava um barato muito bom. Como a cocaína e a bebida já não fazia mais efeito em mim, experimentei. O crack realmente é a droga do pânico. Ela te dá uma sensação de que as coisas que você imagina realmente vão acontecer, você fica com medo, era um horror. E nessa, fui perdendo amigos, e até familiares”, disse o ator.
A droga consumiu a sua saúde, o que era percebido visivelmente na época.
“Por causa do crack, cheguei a pesar 51 kg, quando meu peso normal seria 75 kg. Me internei numa clínica de reabilitação no interior de São Paulo por livre e espontânea vontade, no entanto, fui muito mal tratado. Me prenderam num quarto por oito dias. Eu só comia e tomava remédio para dormir. Não aguentava mais aquilo, foi quando fugi. Sentia muitas dores nas juntas. Nos seis, sete primeiros meses, eu chorava de dor só para andar, dar alguns passos. Tomava muito relaxante muscular para tentar aliviar as dores. E é por causa deste motivo que era muito fácil voltar para a droga, porque se consumisse, a dor passava, desaparecia”, contou Pajé.
(DOL com informações do portal R7)
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