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Anna Kahn lança livro resultante de prêmio com pesquisa feita em Belém

Com a proposta de investigar o próprio processo de criação, a fotógrafa carioca Anna Kahn lançou-se um desafio: não prever o que seria feito para o projeto “Sem Medo do Escuro”, contemplado com o 15º Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, da Fundação Nacional

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Com a proposta de investigar o próprio processo de criação, a fotógrafa carioca Anna Kahn lançou-se um desafio: não prever o que seria feito para o projeto “Sem Medo do Escuro”, contemplado com o 15º Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Como o nome escolhido para o trabalho orienta, ela aceitou lançar-se ao desconhecido, em algo ainda por desvelar, para que a obra final fosse realizada. E dessa forma, em agosto de 2016 veio parar em Belém, pela primeira vez. O resultado dessa incursão na capital paraense está descrito no livro que será lançado nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, contando os percursos no breu da imagem.

O projeto se deu a partir de curiosas e mágicas conexões, daquelas que fazem qualquer incrédulo ter um pouco mais de fé na coincidência e no destino. O início de tudo foi seu contato com o fotógrafo Miguel Chikaoka, fundador da Associação Fotoativa, e que mantém uma rede de articulações pelo país inteiro. Apesar de tê-lo conhecido há muitos anos, ela ainda não tinha tido a oportunidade de vir à sede da entidade. Quando ganhou o prêmio, achou prudente vir, e ficou hospedada na casa do artista visual Alexandre Sequeira. O segundo momento foi a escolha do curador: chamou o pernambucano Diógenes Moura sem saber que ele tinha profundas conexões com o Pará - recentemente ele fez a curadoria da exposição “Retumbante Natureza Humanizada”, de Luiz Braga, e mantém outras pesquisas sobre fotografia paraense.

Até aí, tudo bem. Grata ligação, ela pensou. Até que o curador lhe envia “Pssica”, do escritor paraense Edyr Augusto. Depois de ler numa tacada só, ela chega a Belém, justamente na noite de abertura de uma exposição com curadoria de Diógenes. Sai do aeroporto, segue para a Casa das Onze Janelas. E lá conhece o fotógrafo do DIÁRIO, Wagner Almeida, com quem começa a pensar sobre por onde andar, impactada pela narrativa do livro de Edyr. Terceira ponte!

“Depois de uns dois dias, passei a acompanhá-lo com a equipe de polícia do jornal, ao lado do jornalista Fabrício Nunes. Isso me deu um estalo, já que desde que desci do avião e peguei o táxi, passei a enxergar Belém a partir do livro. Era como se a cidade fosse acontecendo na minha frente, ia me conectando com as pessoas e as coisas iam acontecendo. E o projeto se deu assumidamente inspirado a partir da literatura. Também fui na Feira do Açaí, alguns dias, tomar café, e passávamos as madrugadas falando sobre violência, e essa Belém contemporânea”, relembra Anna Khan.

"Casal", imagem presente no livro. (Foto: Anna Kahn/divulgação)

FOTÓGRAFA SE INSPIROU EM OBRA DE EDYR AUGUSTO

Ainda em Belém, instigada em buscar mais sobre referências literárias e obras do paraense Edyr Augusto, Anna Kahn foi até uma livraria. Pegou todos os títulos assinados pelo paraense. A leitura a ajudaria a compreender que outros escuros percorrer, pensar a imagem fotográfica a partir da imagem prévia dos textos nos livros. Quarta conexão. “Foi quando a atendente que mostrou a prateleira onde os livros dele se encontravam e me disse que ele estava lá na livraria. E fui até lá cumprimentá-lo, nos conhecemos assim, totalmente ao acaso”, conta.

O livro traz todo esse percurso, não exatamente de forma linear, mas que conecta todos os causos dessa descoberta de uma proposta poética a partir de pontos que ela intuitivamente seguiu.

A obra apresenta ainda a segunda parte de seu deslocamento, rumo a Diamantina, em Minas Gerais - o que foi desafiador após a passagem pela Cidade das Mangueiras. Como seria a partir de agora? Ela ainda estava ligada à Janalice, a personagem principal de “Pssica” - mal sabia que isso seria extremamente importante para a ida até Minas.

“Ela é uma menina de classe média e é vendida como prostituta. Vai para o Marajó e Guiana e tem esse épico da história, com outras paralelas, abordando o tráfico de seres humanos, que depois, em pesquisas, descobri que é o terceiro crime mais lucrativo no mundo. Como ia fazer o trabalho em Diamantina? Queria procurar um diálogo com Belém. Fui ainda muito impactada. E ah, pensei, vou sem medo do escuro. Como fiz Belém tão contemporânea e ouvi que Diamantina vivia do esquecimento e no esquecimento, fui lá olhar para o passado, onde o Brasil começou, com a história do ouro e do diamante. Foi quando me indicaram o livro ‘Minha Vida de Menina’, de Helena Moreley”, conta.

"Cupim", outra fotografia presente no livro. (Foto: Anna Kahn/divulgação)

E mais uma vez da literatura, e da potência imagética da narrativa, descobriu seu caminho: o livro narra as memórias de uma menina, entre seus 14 e 16 anos, do fim do período escravocrata no Brasil. Bingo! Estava desfeito mais um nó conceitual para a realização do projeto. “A personagem principal chama-se Alice. E eu com a cabeça na Janalice! Escravidão! É uma obra bastante angustiante e que fala de forma desconcertante a vida dos escravos quando eles passaram a ser libertos”, comenta Anna.

Agora a ideia é trazer todas essas histórias para serem contadas em Belém. Após passar pelo Rio, ela pretende voltar à capital para distribuir o livro, gratuitamente.

VEJA

"Sem Medo do Escuro"
Autora: Anna Kahn
Editora: Dream Books
Quanto: distribuição gratuita
Onde conseguir: o livro está disponível no Facebook e também em instituições culturais e de ensino de fotografia. Em Belém, na FotoAtiva e Residência São Jerônimo.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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