
Ser jogadora profissional de e-sports vai muito além de sentar na frente do PC e passar horas jogando. Tem treino, tem tática, tem preparo psicológico e, é claro, tem a luta diária por espaço em um cenário que, apesar de estar crescendo, ainda trata a modalidade feminina como um nicho.
O mundo dos games movimenta bilhões de dólares e tem muitos fãs espalhados pelo planeta, mas quando o assunto é mulher competindo, os desafios são outros -menos patrocínio, menos visibilidade, menos oportunidades.
Os números mostram que a presença feminina nos games é enorme: no Brasil, mais da metade dos jogadores é formada por mulheres. Mas e no cenário profissional? A história já é outra. Em jogos como "Counter-Strike", "League of Legends" e "Valorant", cujos torneios masculinos lotam arenas e distribuem premiações milionárias, as competições femininas ainda correm por fora, muitas vezes sem a mesma estrutura e investimento.
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A diferença não vem da capacidade técnica, mas do ambiente. Desde que começaram a se aventurar no competitivo, as mulheres precisaram lidar com a desconfiança e o machismo.
Lara "Goddess" Baceiredo sabe bem como é isso. Hoje, ela é uma das jogadoras mais conhecidas do "Counter-Strike" brasileiro, mas o começo foi turbulento. Estava no quarto ano de arquitetura e urbanismo quando decidiu largar tudo para seguir carreira no game -uma escolha arriscada em um cenário onde as mulheres ainda precisavam provar, o tempo todo, que mereciam estar ali.
"No começo, eu ouvia muita coisa absurda, mas nunca fiquei quieta. A melhor forma de lidar com isso sempre foi respondendo", conta.
A resistência trouxe respeito: com o tempo, Lara se consolidou nas competições, passou por grandes organizações como Fluxo e Black Dragons, se tornou uma referência para quem quer seguir o mesmo caminho e hoje joga pelo MIBR, realizando seu sonho desde os tempos que em que a segurava uma caneta no lugar do mouse.
Mas a rotina de uma pro player vai além dessa batalha. Os dias são cheios de treinos técnicos e táticos, estudo de adversários, análise de partidas, trabalho em equipe e até acompanhamento psicológico e físico para evitar lesões causadas por tantas horas de jogo. Tem cobrança por resultado, tem exposição na internet e tem aquela pressão extra de saber que, quando uma mulher erra, as críticas são ainda mais pesadas.
Nos últimos anos, organizações têm apostado mais em times femininos e os torneios exclusivos para mulheres ganharam mais relevância. Mas a desigualdade segue grande: prêmios menores, menos campeonatos e uma cobertura midiática bem mais tímida do que a dos torneios masculinos.
"Assim como em outros esportes, na modalidade feminina não falta visibilidade", diz a jogadora.
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Apesar das dificuldades, a cena tem crescido, e cada nova jogadora que entra no competitivo ajuda a abrir caminho para outras. Lara sabe da importância disso. "Eu não vejo como um peso, mas sei da responsabilidade. Muitas garotas olham para mim e enxergam a possibilidade de chegar aqui. Isso me motiva."
Para meninas que querem começar no competitivo, ela recomenda que acreditem em si mesmas, pois muita gente não vai fazer o mesmo.
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