Maior jogador de futebol do Brasil e considerado o atleta do século passado, Pelé, morto nesta quinta-feira, aos 82 anos, também se aventurou pela música. O craque cantava, tocava violão e escreveu mais de cem músicas, além de ter feito parcerias com gigantes da música brasileira, como Elis Regina, Roberto Carlos e Sergio Mendes.
Pelé teve seu interesse pela música despertado por seu pai, Dondinho, que tocava cavaquinho. Ele aprendeu a tocar violão com o jogador Tite, ponta esquerda do Santos e contemporâneo do Rei no clube paulista.
A estreia do Rei na música foi ainda nos anos 1960, quando ele estava em atividade no futebol. Ele lançou o compacto "Tabelinha", em 1969, com duas músicas compostas pelo jogador e cantadas por Pelé e Elis em dueto.
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Numa delas, "Perdão Não Tem Vez", uma bossa nova em estilo romântico, Elis e Pelé têm um diálogo. Ela perguntou quando ele fez a música, o Rei diz que foi logo após uma excursão com o Santos. "Tenho uma certeza -quando você fez essa música, você fez com dor de cotovelo", diz a cantora.
Na outra, "Vexamão", Pelé narra, com sua voz grave e desengonçada, uma situação em que pedem para que ele toque violão e cante, o que ele descreve na letra como um vexame. "Mas o engraçado é que eu cantava errado, e os 'puxa' achavam bom", ele canta.
Em agosto de 1969, quando o compacto foi gravado, o Brasil jogava as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970, quando a seleção brasileira conquistou o tricampeonato mundial. No dia em que eles se encontraram no estúdio, o Brasil fez um jogo contra o Paraguai no Maracanã, vencido por um a zero, com gol de Pelé.
Ao longo dos anos, não era raro ver o jogador empunhando um violão em imagens nas concentrações do Santos ou do Brasil. E, apesar de a música ser um hobby para o atleta, ele se apresentou diversas vezes na TV e em filmes, incluindo o álbum "Pelé", de 1977, trilha sonora do documentário homônimo sobre ele, em parceria com Sergio Mendes e participação do saxofonista Gerry Mulligan.
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Das 13 faixas do disco, seis são composições de Pelé. Uma delas, "Cidade Grande", foi regravada em 1981, no álbum "Alegria de um Povo", de Jair Rodrigues, com participação do craque, quando se tornou um sucesso.
Também em 1977, ano em que Pelé se despediu dos gramados, ele se apresentou com Roberto Carlos no especial do cantor na TV. Eles tocaram violão e cantaram juntos a música "Meu Mundo É uma Bola", lançada no álbum do jogador com Sergio Mendes, em programa dedicado à Copa de 1978, que aconteceria na Argentina.
Nos anos 1980, Pelé foi um dos nomes que cantou no disco "Clube da Criança", um especial com músicas do programa homônimo apresentado por Xuxa na TV Manchete. O Rei canta a música "Recado à Criança", que ele mesmo compôs, ao lado de Patrícia Marx e Luciano Nassyn, que no ano seguinte integrariam o grupo musical infantil Trem da Alegria.
Além de Pelé, músicos como Martinho da Vila, Robertinho de Recife, Sérgio Reis, a banda Roupa Nova e, claro, Xuxa também cantam no álbum. "O futuro pertence a vocês, respeitamos sua nobreza", canta Pelé na música.
Também mirando o público infantil, Pelé gravou "ABC do Bicho-Papão", agora com o Trem da Alegria, em 1998. "Que bom vai ser/ o nosso Brasil/ quando a maioria/ souber ler e escrever/ até parece conto de fada/ mas acredito em vocês/ nossa criançada", diz a letra.
A música depois foi usada em 1998 pelo Ministério da Educação, com Pelé como garoto-propaganda da campanha, em vídeo exibido na TV.
Em 2006, Pelé ainda lançou o álbum "Pelé Ginga", com participações de Gilberto Gil e Rappin' Hood. O disco traz 13 composições do craque, incluindo faixas antigas, como "Cidade Grande".
Dez anos depois, Pelé celebrou a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro com a música "Esperança", escrita e gravada por ele. Novamente mirando a juventude, ele é acompanhado por um coro de crianças e evoca a "festa brasileira" que "fará todo o mundo feliz".
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