Mestre Solano completa 82 anos de vida no dia 23 de março. E para celebrar, o guitarrista viajará para a Europa, onde fará pequenas apresentações. Em Belém, antes do tour internacional, o músico faz um show nesta quinta-feira, 2, às 21h, no Savieira Cultural, no bairro do Jurunas. No palco, ele comemora o aniversário com convidados especiais - a cantora e baterista Layse e o cantor icônico Eloi Iglesias.
A guitarrada é o carro-chefe dos shows do artista. O ritmo que tem grande representatividade na cena musical paraense também é a maior inspiração artística de Solano desde a década de 1970. Ele se une a nomes como Vieira, Curica e Aldo Sena, como grandes colaboradores para a difusão da guitarrada.
Natural de Abaetetuba, sem estudo formal na arte, Solano acredita que a música é um dom dado a ele desde que nasceu. “São 82 anos de vida. Para mim, isso representa muita coisa, porque só de vida artística são mais de 60 anos. O que eu mais gosto de fazer é tocar e cantar. Sempre digo que quando nasci, a música veio no meu sangue, e o meu professor, que foi e é até hoje, é Deus, porque não tive professor para me ensinar nada do que eu sei na música. Desde quando comecei a tocar, do vinil até hoje, o que eu toco é um privilégio divino”, considera.
E não é só no ritmo que o estilo do mestre é frenético. Sua produção musical também é bem intensa. Em maio deste ano, ele pretende gravar seu vigésimo CD. “Vamos entrar em estúdio para fazer essas gravações, mas ainda estamos escolhendo quais músicas entrarão no disco. São todas composições nossas, a maioria inédita”, adianta.
INTERNACIONAL
Solano embarcará para Portugal na próxima terça, 7, e depois seguirá para a Suíça, de onde retorna no dia 1º de abril. A princípio, são dois shows previstos. “Já tinha viajado para a Europa antes e é muito bom ser reconhecido lá fora, ver as pessoas felizes com a nossa música. A gente tem sempre a expectativa de fazer shows incríveis. As minhas músicas tocam muito em Portugal, eles gostam bastante de ouvir as nossas guitarradas. E fico muito feliz de apresentar o que é nosso. Além da guitarrada, mostrar o brega e tudo o que o Pará tem de bom”, afirma.
Seja com cumbia, zouk ou guitarrada, Solano diz que o que não vai faltar no show desta noite é alegria. “Vamos fazer um grande show e ele será muito especial para mim. No palco, estará uma parte da minha banda, porque o espaço é um pouco mais compacto. Teremos ainda as participações de grandes convidados meus, que são o Eloi e a minha amiga Layse. As pessoas que forem ao show não se arrependerão”, garante. Ao lado dele, estarão ainda os músicos Vicente de Paula (contrabaixo), Jocimar “Farofa” (bateria), José Maria (guitarra base) e Carlinhos (teclados).
Desde os shows virtuais, feitos durante o isolamento na pandemia, uma coisa continua sendo certa para Solano: “Ninguém vai ficar parado. Era o que sempre falava para quem me acompanhava nas lives. Agora, em um show presencial, o que mais vai ter é guitarrada, cumbia, zouk, cacicó, que é outro ritmo que não deixa ninguém parado. Quando toco a guitarrada, só fica parado quem já morreu, porque a animação é só uma. Do começo ao fim, não tem tristeza. A gente toca o que as pessoas gostam”, diz ele.
O repertório é baseado nos seus 19 discos de carreira, conta Solano. “São músicas autorais que datam desde a época do elepê. São em todos os ritmos e diversas que fizeram sucesso, mas a que recebeu grande fama e regravações de diversos artistas, como Alípio Martins e Arnaldo Antunes, foi ‘Americana’, música que ele [Alípio] gravou nos anos 1980 com o Solano e seu Conjunto. Quando a gente toca esta, todo mundo se anima”, reitera.
O mestre segue inspirando jovens artistas
A cantora e baterista Layse é uma das convidadas do show de hoje. Ela conta que nutre uma grande amizade por Mestre Solano, com quem troca muitas experiências musicais.
“A gente tem uma proximidade muito grande com relação ao bolero, que é uma coisa que a gente sempre conversa muito. A gente se liga e troca composições, e neste show a gente vai fazer algumas das minhas músicas autorais, que são boleros que a gente toca com a banda do Mestre Solano, uma banda gigante, fica lindo. O arranjo é bem a cara deles e tem algumas versões de boleros em espanhol que a gente vai fazer”, adianta.
Em tantas conversas ao telefone, Layse conta que divide com Solano informações sobre a música caribenha, que chegava por aqui através das rádios AM e exerce forte influência nos sons produzidos no Pará. “Como venho de uma geração mais recente, ouvia muito essas músicas com meu avô e nas feiras. Nos shows, a gente faz esse bate-e-volta com a geração dele e a minha”, descreve a artista.
Um dos nomes da nova geração de cantoras instrumentistas no Pará, Layse é só elogios ao Mestre. “O Mestre Solano é muito importante para a música paraense e não só através dos clássicos dele, mas também porque ele é um dos criadores da guitarrada, juntamente com Mestre Vieira. E ele é um mestre guitarreiro que é um virtuose. Ele tinha parceria com Sebastião Tapajós, com pessoas que têm uma linguagem do chorinho, mais rebuscada. E ele pega as harmonias dele, que são bem complexas, e traz esse movimento para a guitarrada”, destaca.
“Além dos clássicos dele, como ‘Americana’, regravada por vários artistas brasileiros, como Arnaldo Antunes”, completa Layse, lembrando que Solano fez parcerias em shows com muitos artistas, como Armandinho da Bahia, e que bandas como Paralamas do Sucesso tiveram Mestre Solano entre suas referências.
“Ele é internacionalmente muito respeitado e aqui dentro da nossa música, Mestre Solano tem uma importância absurda na criação dessa linguagem ribeirinha junto com os outros mestres. Eu o amo muito e sou muito honrada de ter essa amizade”, afirma Layse.
PARA ENTENDER
Mestre Solano - Show de aniversário
Convidados: Layse e Eloi Iglesias
Quando: Hoje, 2, às 21h.
Onde: Savieira Cultural (R. dos Tamoios, 1587 – Jurunas)
Quanto: R$20
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