A forma de consumir música mudou nos últimos anos: streaming, mp3 e YouTube. Videoclipes exibidos na rede do Google e seus views são bom termômetro para medir a popularidade de um artista. O funk dominou o terreno. O Kondizilla, especializado no ritmo, tem mais de 17 milhões de inscritos. Anitta bateu marcas importantes com os últimos lançamentos.

Frutos da era digital, Mc Kevinho, Mc Livinho, Anitta e Ludmilla dominam as redes sociais. Esse conhecimento é determinante para o sucesso dos funkeiros. Um pouco atrasados nessa rede, estrelas da axé music e do sertanejo ainda conseguem números discretos — mesmo que ainda mantenham marcas relevantes em vendas, shows e aparições na mídia tradicional.

Porém, quando o assunto é YouTube, a distância é muito grande. Um exemplo dessa situação pode ser observada no último mês. Anitta, Claudia Leitte e Ivete Sangalo lançaram clipes na rede social. A funkeira esmagou as cantoras de axé (mesmo que, concretamente, elas nunca tenham entrado em uma competição).

Anitta conseguiu, em 24 horas, mais visualizações que Ivete em nove dias. Claudia Leitte teve desempenho ainda menor: não chegou a marca dos 3 milhões de views.

Gerações
Os números mostram uma troca de reinado? Improvável. As axezeiras ainda lotam shows pelo Brasil, como a recente vinda de Ivete a Brasília prova, vendem discos e figuram na lista de mais tocadas das rádios e do carnaval. A grande diferença é geracional.

Para entender isso, é preciso falar da MTV. No começo dos anos 2000, a emissora passou a focar no universo do pop-rock. Axé e sertanejo pularam fora do mundo dos clipes. O canal perdeu espaço e foi dominado por realities shows. Daí, veio o YouTube e o audiovisual voltou a ganhar força. Enquanto funkeiros invadiam a rede, os colegas investiram em DVDs ao vivo.

No entanto, como aponta Chico Barney, os tempos mudaram: “É louvável que artistas do quilate de Ivete e Claudinha tenham percebido a importância de ir além das gravações de shows ao vivo”, escreveu, em referência aos recentes clipes lançados. A lógica do DVD vende bem, mas não atinge a um novo público fissurado pela rede de vídeos.

Flávio Saturnino, agente de artistas e fundador do Popline, entende que as axezeiras buscam se inserir nesse novo mercado. “O YouTube não é um terreno conhecido de Claudia e Ivete. Elas ainda precisam construir um caminho nos vídeos. Ficaram muito tempo longe de lá”, explica.

Fonte: Metropoles

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