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MÚSICA

Adolescentes paraenses se rendem à música pop coreana, o K-pop

Uma mistura de vários ritmos, como o R&B, o rock e o pop, em batidas e coreografias viciantes, e um largo investimento para transformar grupos musicais em sucessos, sem nenhum pudor de ser comercial. Assim a Korean Pop (música pop coreana), ou simplesment

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Uma mistura de vários ritmos, como o R&B, o rock e o pop, em batidas e coreografias viciantes, e um largo investimento para transformar grupos musicais em sucessos, sem nenhum pudor de ser comercial. Assim a Korean Pop (música pop coreana), ou simplesmente “K-pop”, desde os anos 1990 vem encontrando fãs no mundo todo, principalmente entre os adolescentes, com um gás extra da internet.

O produto é rentável e o esquema, industrial, através de agências que chegam a gastar quase meio milhão de dólares para criar um futuro talento. Os primeiros grupos a fazer sucesso fora da Coreia surgiram com a fundação da maior agência de talentos daquele país, a S.M. Entertainment, em 1995. Depois vieram a YG Entertainment, DSP Media e JYP Entertainment. Elas patrocinam e supervisionam a vida de seus pupilos em um treinamento que dura dois anos ou mais. Ali, meninos e meninas afiam suas vozes, aprendem coreografias profissionais, esculpem o corpo, ganham um visual completamente novo. É o período de “pré-debut”.

Prontos, eles seguem para o mercado. E o que se vê são artistas com visual superproduzido, que muitas vezes lembram personagens de anime (desenhos animados japoneses), com cabelos coloridos e rostos bem maquiados - os garotos, inclusive, tem um rosto bem afeminado -, roupas cheias de desenhos ou com bastante couro, e que chegam ao público com clipes e shows cheios de coreografias.

Fora do mercado asiático, eles se tornaram um novo modelo de celebridade, principalmente entre os jovens dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, além do Brasil e outros países latinos. Em Belém, a despeito da falta de lojas especializadas no gênero, não faltam fãs de K-pop que se mantêm atualizados sobre seus ídolos pela internet.

Ádria Raiol, de 14 anos, conta que assim como muitas meninas, descobriu a música coreana através de uma amiga da escola e foi buscar mais informações na rede. “As coreografias são muito legais, as batidas eletrônicas e as letras são o principal. Elas são bonitas e me motivam muito. Eu tinha baixa autoestima e elas me ajudam a me amar”, diz ela.

Lorena Rabelo, de 16 anos, é uma dessas fãs que adoram dançar e formar grupos para se apresentar em eventos dedicados à cultura asiática na cidade, entre eles o Animazon, que ocorreu no último fim de semana. “Eu conheci o K-pop através de uma amiga que me ensinou a dançar. Desde aí fui aprendendo mais, conhecendo pessoas em eventos de K-pop em Belém, dançando e me apresentando”. Esses encontros, ela conta, costumam ser realizados quase que mensalmente na cidade, alguns patrocinados e outros promovidos por um grupo de fãs interessadas em se reunir.

Cada encontrinho de fã chega a reunir cem pessoas. “É a oportunidade para quem não consegue se apresentar em eventos patrocinados. É só ir caracterizado e combinar com quem está organizando. Dançar K-pop é uma oportunidade incrível para quem é tímida perder a vergonha. É um momento liberdador”, conta Lorena.

“No intervalo da escola, a gente fica dançando, chamam a gente de doida (risos), mas é legal”, diz Ádria.

Disputas entre os “fandom” são acirradas

Junto com outras duas amigas, Nathalia Figueiredo e Gabriela Costa, ambas de 14 anos, Ádria e Lorena contam que são fãs da banda BTS, uma das mais famosas fora da Coreia do Sul. Quem é fã de K-pop logo descobre que um grupo de fãs não é chamado de fã-clube, mas de “fandom”. E para cada fandom, suas integrantes são chamadas de uma forma. No caso das fãs de BTS, uma sigla para Bangtan Sonyeondan, todas são chamadas Army. “Algumas meninas de fandom diferentes ficam de briguinha para defender quem é o melhor grupo, mas acho infantil”, opina Nathalia.

A principal banda a disputar o coração das fãs de K-pop com o BTS é a Exo, cujo fandom se intitula Exo-I. Ambos são formados apenas por garotos, mas também há grupos femininos bem famosos, como as BlackPink, Twice e uma das mais antigas, SNSD Girls Generation. Existem ainda alguns grupos mistos como o K.A.R.D. E ainda que tenha bandas para todos os gostos, Ádria conta que é um pouco difícil convencer alguns amigos a gostar de K-pop e seu estilo tão diferente do brasileiro ou do americano – muito mais difundido no Brasil. “Dizem que funk é que é música de verdade. Eu não concordo, não”.


De cabeça na cultura coreana

Como acontece com outras fãs, o interesse pelo K-pop, levou Ádria Raiol a querer conhecer mais da cultura e do estilo de vida de seus ídolos - exceto a comida. “É estranho, eles têm sorvete de alga e de polvo”, justifica.

Gabriela Costa, 14 anos, foi quem apresentou a música coreana à Adria e ainda à prima Maria Eduarda, de 10 anos. Ela conta que tanto o talento musical dos grupos como a comida contaram a favor ao se tornar fã. “O fato de que conseguem cantar e dançar sem usar playback, têm estilos diferentes do que eu tinha visto antes, o modo de vestir, a cor do cabelo, tudo fez eu me apaixonar por eles. Mas também acabei me interessando pelos hábitos, inclusive os alimentares”.

Outro efeito colateral de ouvir K-pop é querer aprender a língua deles, conta Gabriela. “Eu já dei uma estudada no básico, aprendi o alfabeto coreano (chamado “hangeul”). Eu me interessava por pop americano e foi assim que aprendi inglês. Quando descobri o K-pop, comecei a me interessar pelo coreano”.
E parece que essa é mesmo uma necessidade, já que existem várias palavras ligadas a esse universo dos ouvintes de K-pop. Para começar, os membros de cada banda têm suas definições dadas em outra língua.
OS integrantes do BTS, por exemplo, são Jin (visual), Suga, J-hope, Rap Monster (líder), Jimin, V (face) e Jungkook (maknae). Um alerta: cada integrante assume uma função e os nomes são apresentados de acordo com a ordem de nascimento. O “visual” é o mais bonito do grupo, escolhido pela empresa que criou a banda. O “face” é o mais famoso. E o “maknae”, o mais novo. No BTS, o cantor Jungkook ainda é chamado de “golden maknae” por saber fazer tudo: mesmo sendo a primeira vez a usar algum instrumento, ele acerta. O J-hope também é considerado o “dance machine” do grupo, ou seja, o dançarino principal.

Outra característica dos integrantes de K-pop é que muitos deles também estrelam K-Dramas e Doramas, como são chamadas as novelas e séries coreanas e japonesas, respectivamente. Logo, suas fãs também costumam conhecer mais esse produto da onda coreana que se espalha pelo mundo. “As séries se tornaram mais acessíveis até para quem ainda não conhecia o K-pop, porque passaram a fazer parte do catálogo da Netflix no Brasil. Agora é possível encontrar os k-dramas lá e as músicas no Youtube”, conta Gabriela.

Pela internet, elas também conseguem acompanhar com mais facilidade a vida e carreira dos seus ídolos. Hoje, além dos muitos sites, não faltam blogueiros dedicados a falar da cultura coreana como um todo. “Eles mesmos (cantores) gravam vídeos dizendo o que fizeram no dia, tem blogs que ficam no canal do grupo”, explica Gabriela, que assim como as amigas coleciona colar, jaquetas, moletons, posters e outros objetos ligados aos seus grupos favoritos.

O que a maioria das fãs gosta de comprar, conta Gabriela, são os moletons relacionados aos seus “Bias Ultimate” (cantor favorito entre todos). “Toda fã escolhe o seu favorito. Eu fui pela voz que para mim era a mais refinada, que mais se destacou. E aí temos esses moletons, que têm atrás o nome do cantor e a data de nascimento”, conta Gabriela.

Assim, a cultura coreana vai entrando na vida, no guarda-roupa e até no jeito de ser das adolescentes fãs de k-pop.

Um novo modo de ver a vida com alegria

O que muitas meninas contam é que a amizade com outros fãs do K-pop e a participação nesses eventos, o contato com uma cultura nova, as fizeram se sentir mais felizes. “Eu tinha princípio de depressão e isso mudou toda minha vida. Me fez mais feliz, me distraiu, mudou meu aspecto de vida. Mudei vendo meus ídolos, dançando, sentindo as emoções das apresentações”, conta Lorena.

A amiga Nathalia diz que aqui já há mais pessoas que apreciam a cultura coreana e isso ajuda até a fazer amizades.

“Quando mudei de escola, fui com meu casaco do BTS e uma menina perguntou se eu gostava de K-pop. Até hoje somos amigas”, conta Nathalia.

Já Gabriela diz que passou a agir de modo “mais fofo”, principalmente por causa dos Doramas. Lorena explica: é porque elas são séries, em sua maioria, românticas.

“Elas são sempre bem dramáticas mesmo, do tipo muito meloso”.

Já Ádria conta que uma das mudanças em si mesma após o contato com a cultura coreana também esteve na autoestima. “É uma música que alegra as tuas energias”, garante.

MINI DICIONÁRIO

Ensinamos aqui mais algumas palavrinhas para quem não quer se perder na conversa entre fandoms.

- Aegyo: É uma forma fofa de tirar fotos, de agir, como fazer caretas, bicos, encher as bochechas. É o ato de ser extremamente fofo.
- Bias: seu membro favorito do grupo
- Big Three/Big 3: São como chamam a SM Entertainment, YG Entertainment e JYP Entertainment, as três companhias que sempre dominaram a indústria musical por anos.
- Bias Wreckrer: um bias que arrancou seu coração do bias anterior
- Comeback: Regresso de um artista com um novo projeto (novo single, álbum, etc).
- Debut: quando um grupo é lançado
- Disband: É quando um grupo acaba.
- Dorama: novela (k-drama, novela coreana)
- Eye Smile: quando a pessoa sorri e os olhos dela fecham
- Fandom: Fã clube
- MV: videoclipe
- Saranghae: eu te amo (a frase favorita das fãs)
- Utt (ultimate bias): o preferido dos preferidos

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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