Cesário Costa tem se destacado como um dos maestros mais ativos de sua geração em Portugal (Foto: Divulgação)
O maestro português Cesário Costa entende a função de regente como a de quem busca alinhar ideias e técnicas para fazer um trabalho conjunto entre quem coordena o som e aqueles que estão à sua frente. Distante da ideia do líder que imprime sua marca musical por meio de dezenas de instrumentistas, ele acredita que a maneira como cada membro de orquestra costuma tocar é parte também da sua demanda. Essa busca pelo diálogo e por abrir possibilidades de interpretação pode ser vista nos programas que ele tem regido, com o objetivo de aproximar compositores de outros países com os de Portugal.
Hoje, Belém recebe o maestro para uma noite de celebração, no concerto “Grêmio 150 Anos – Cada Vez Mais Luso-Paraense”, com a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz. No programa, constam as obras “Te Deum: Abertura para Duas Orquestras”, de Sousa Carvalho (1745-1798); “Nocturno”, de António Fragoso (1897-1918); “Variações Sobre um Tema Alentejano”, de Braga Santos (1924-1988); “Suíte Alentejana nº 1: Fandango”, de Luís de Freitas Branco (1890-1955), regidas por Cesário; além da abertura da ópera “Guarani”, de Carlos Gomes (1836-1896); “O Trenzinho do Caipira”, de Villa-Lobos (1887-1959), “Uirapuru”, de Waldemar Henrique (1905-1995), e “Batuque”, de Oscar Lorenzo Fernández (1897-1948), que terão à frente o maestro titular da OSTP, Miguel Campos Neto.
“O conhecimento da música orquestral portuguesa no Brasil não é feita de uma forma sistemática. E o fato de falarmos a mesma língua e sermos países irmãos é interessante para nos conhecermos. Essa apresentação tem um formato que acho interessante e o objetivo é mostrar esses laços. Escolhi um compositor português clássico, Sousa Carvalho, do século 18, que tem influência italiana, e uma obra diferente da habitual, com duas orquestras que dialogam entre si”, diz o maestro.
Cesário Costa destacou ainda o compositor Luís Branco, que foi professor de outros compositores que tiveram importância na história da música em Portugal, Braga Santos e António Fragoso. “Este morreu aos 21 anos e teve uma obra que tem influência do fandango, uma dança tradicional. Em ‘Nocturno’, ele mostra a influência da música francesa. E Braga Santos é um grande compositor que fez variações sobre o tema alentejano, a partir da música popular”, explica.
A Orquestra do Theatro da Paz toca peças de compositores portugueses e paraenses esta noite (Foto: Elza Lima/Secult/Divulgação)
SUCESSO
Cesário Costa tem se destacado como um dos mais ativos maestros portugueses da sua geração: foi vencedor do 3º Concurso Internacional Fundação Oriente para Jovens Chefes de Orquestra, em 1997, e desde então foi convidado para dirigir inúmeras formações nacionais e estrangeiras. Seu repertório estende-se do Barroco ao contemporâneo, incluindo mais de 130 obras em estreia absoluta. Além de direção de orquestra, tem exercido funções de docência e de programação musical em várias instituições, como a presidência da Metropolitana, instituição que gere a Orquestra Metropolitana de Lisboa (da qual foi também diretor artístico). Foi diretor artístico e maestro titular da Orquestra do Algarve e da Orquestra Clássica do Sul e atualmente é diretor artístico do In Spiritum – Festival de Música do Porto, onde reside.
TROCA CULTURAL
O presidente do Grêmio Literário Português, Alírio Gonçalves, considera a iniciativa uma importante parte das celebrações dos 150 anos da instituição. “Para nós é um orgulho ter um maestro português conceituado aqui em Belém conosco, neste ano de atividades comemorativas. O Grêmio sempre trabalhou e existiu para unir portugueses e paraenses, isso faz a nossa história desde quando começamos na capital paraense. Hoje temos nove mil sócios e 90% são brasileiros. Olhamos sempre para o lado cultural, esportivo e social”, diz o presidente.
Confira
Concerto “Grêmio 150 Anos – Cada Vez Mais Luso-Paraense”
Quando: Hoje, às 20h
Onde: Theatro da Paz (Praça da República)
Quanto: R$ 20, à venda na bilheteria do teatro
Informações: (91) 4009-8758
(Dominik Giusti/Diário do Pará)
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