Ela abriu as portas em 1945, após dois anos do bombardeio sofrido pelo navio mercante brasileiro Pelotaslóide, por um submarino alemão U-590, próximo a Salinópolis, no litoral paraense. Naquele ano já quase esquecido, o Paysandu venceu o maior rival por 7 a 0, e Magalhães Barata e Álvaro Adolfo foram eleitos senadores pelo Pará em 2 de setembro. Também em 1945, cerca de 595 "pracinhas" partiram de Belém para lutar na Segunda Guerra Mundial na Europa, e quatro desses soldados morreram em batalhas na Itália.
Ao longo de seus 79 anos de história, a Casa Castelinho, localizada no mercado Porto do Sal, no bairro da Cidade Velha, em Belém, resistie ao tempo em meio à modernidade. Tudo começou com o comerciante português Carlos Dias, cuja principal fonte de renda, na época, era a venda de produtos como o peixe gurijuba, que vinham diretamente da área do porto por uma esteira.
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A taberna mantém as mesmas características desde a fundação. As marcas mais visíveis são as prateleiras de madeira, feitas por um carpinteiro alemão, e o balcão verde-bandeira, que lembra as cores da flâmula de Portugal e teve a pintura restaurada para preservar o legado do fundador Carlos.
A mercearia oferece variedade em produtos, como farinha, enlatados, mamadeiras, pentes de cabelo, sandálias de borracha, tabaco, produtos de higiene, produtos de limpeza e outros itens necessários para a clientela assídua.
Após o falecimento do comerciante Carlos, a mercearia passou para as mãos da filha dele, Lucília, que hoje tem 89 anos. No entanto, devido à idade avançada, a comerciante não comparece mais ao local para atender os frequeses. Desde o ano 2000, é o funcionário João Alaílson que assumiu a responsabilidade de administrar o local.
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Crise
O local sofreu uma grande crise após a inauguração do complexo de pontes e estradas conhecido como Alça Viária, em setembro de 2002. Essa ligação mais rápida entre a região metropolitana de Belém e alguns municípios do interior afetou negativamente o comércio do Porto do Sal. "Muitas coisas que eles vendiam naquela época, hoje não se vende mais. O tempo passou e o Porto do Sal foi caindo", lamenta João Alaíson.
Ele garante que o estabelecimento continua aberto não por necessidade, pois os herdeiros estão financeiramente bem, mas para manter o legado da família. É uma forma de preservar a história e a tradição que foram construídas ao longo dos anos.
Equipe Dol Especiais:
Reportagem: Brenda Hayashi
Fotos: Emerson Coe
Coordenação e Edição. Anderson Araújo
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