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MENINO DE OURO

Periferia, drama e sonho: Michael Trindade vai a Paris 2024

Conheça a trajetória de Michael Trindade, boxeador paraense que superou desafios para representar o Brasil nas Olimpíadas de Paris 2024.

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Imagem ilustrativa da notícia Periferia, drama e sonho: Michael Trindade vai a Paris 2024 camera O Pará estará bem representado dentro do ringue | Miriam Jeske/COB

"Guerreiro não foge da luta e não pode correr. Ninguém vai poder alcançar, quem nasceu para vencer", no ritmo do pagode cantado pelo Grupo Revelação, contamos uma parte da grande história de Michael Douglas Trindade, boxeador paraense que estará nas Olimpíadas de Paris.

Geralmente, as crianças brasileiras nascem querendo se tornar jogadores de futebol, já que é o esporte mais popular do país. Porém, muitas outras possuem sonhos diferentes e que também não deixam de carregar uma série de dificuldades, até mesmo maiores dos que querem ser craques da bola.

Uma dessas crianças que cresceram sonhando em ser atleta se chama Michael Douglas da Silva Trindade, de 23 anos. O menino criado na periferia do bairro do Guamá, em Belém, até os 13 anos, depois se mudou para o bairro Santa Clara, em Marituba e hoje luta na Categoria até 51 kg como integrante da Seleção Brasileira de Boxe.

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Desistir nunca foi uma opção para Michael Trindade
📷 Desistir nunca foi uma opção para Michael Trindade |Miriam Jeske/COB

O sonho de um atleta começa com a determinação e o esforço diário para alcançar a elite do esporte. Desde os primeiros treinos, a meta é clara: disputar uma Olimpíada. Superando desafios e obstáculos, cada conquista no caminho é um passo mais próximo do objetivo.

A jornada é longa e árdua, mas a recompensa de representar seu país nos Jogos Olímpicos é o combustível que mantém o sonho vivo. Para Michael, nada foi fácil e a falta de apoio dificultou muito a trajetória do boxeador, que hoje venceu na vida.

"Sou natural em Belém do Pará, onde morei por 13 anos no bairro do Guamá. De lá, fui para Marituba, onde comecei a treinar em um projeto social. Em 2016, eu vi um paraense nas Olimpíadas e sabia que também poderia chegar lá. Minhas raízes, como um bom paraense da periferia, me influenciaram a não desistir. O mais difícil foi continuar sem apoio e até hoje não temos. Mas eu não desisti. Mostrei que sou capaz", comenta Michal Douglas.

Drama real

Em 2023, Trindade viveu um dos melhores anos da carreira, porém também foi um ano onde ele enfrentou uma das maiores dificuldades da vida e, ao contrário do boxe, ele não tinha como resolver dentro do ringue. Apenas manteve a fé e deixou a luta com outro guerreiro: Michael Bryan.

"No mês de julho de 2023, meu filho passou por uma cirurgia e eu tinha que estar perto, porém não podia por estar em competição. Isso foi muito difícil para mim. A cabeça estava lá e aqui. Mas graças a Deus o meu filho operou, se recuperou e ficou bem. Graças aos profissionais que me deram todo o apoio na equipe olímpica, como o psicólogo e meus amigos de treino", recorda.

"Prometi para mim mesmo que eu iria classificar. A medalha e classificação eu dediquei ao meu filho", contou. Ele conquistou a vaga após ficar com a prata nos Jogos Pan-Americanos de 2023".

Michael Bryan, de 1 aninho, é o único capaz de dominar o campeão
📷 Michael Bryan, de 1 aninho, é o único capaz de dominar o campeão |Arquivo Pessoal

"Quando garanti a vaga olímpica, a sensação que tive foi de trabalho bem feito. Foi algo inexplicável, pois foi um ano em que passei por muitas dificuldades familiares. Quase perdi meu filho em 2023. Ter me recuperado mentalmente foi gratificante demais. E também fisicamente, pois eu não estava 100% e consegui chegar à final do Pan-Americano", relata Michael.

"Depois de tudo superado, foi extraordinário conseguir a minha vaga olímpica. Então, é ótimo poder representar meu município, meu estado e meu país. Mesmo sem apoio, consegui. Espero que em 2028 não tenha somente eu. Espero que deem apoio para a nossa categoria e que tenhamos muitos outros paraenses, pois sempre tiramos do nosso próprio bolso para defender o nome do Pará", ressaltou.


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Minhas raízes, como um bom paraense da periferia, me influenciaram a não desistir. Irei brigar com todo o coração, garra, e poder que eu tenho, que todo o paraense tem, de não desistir nunca, então, vou lutar para conseguir essa tão sonhada medalha

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Alto rendimento e 100% dedicado

Atualmente morando em São Paulo, Trindade, além de ser da Seleção, também faz parte do Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) do Exército Brasileiro. Ou seja, ele recebe para ser atleta e consegue se dedicar ainda mais na busca pelos objetivos.

"Eu tenho uma rotina de atleta de alto rendimento. Acordo cedo para treinar. Às 6h30 já estou pronto. Depois do treino, descanso, aproveito as comodidades da equipe olímpica como massoterapeuta, fisioterapeuta, psicólogo, médicos, tudo temos. É uma vida de atleta, assim como era no Exército Brasileiro", comenta.

"Por estar na Seleção, não estou no quartel, mas estou defendendo essa instituição sempre. É ótimo ser atleta da Seleção Brasileira e do Exército, pois não nos preocupamos em trabalhar fora, como muitos atletas fazem. Para eles, é muito mais corrido. Eu recebo e me mantenho por ser atleta de alto rendimento. Só me preocupo em treinar, me recuperar, lutar e trazer vitórias e medalhas para o Brasil", diz.

Paraense está em Portugal finalizando a preparação para os Jogos Olímpicos.
📷 Paraense está em Portugal finalizando a preparação para os Jogos Olímpicos. |Miriam Jeske/COB

Apesar de algumas melhorias ao longo dos anos, os esportes olímpicos ainda enfrentam significativas dificuldades devido à falta de apoio governamental. Muitos atletas se veem obrigados a superar obstáculos financeiros e logísticos por conta própria.

Eles se comprometem diariamente com treinos e competições sem a infraestrutura necessária. Essa realidade desafiante faz com que cada conquista seja ainda mais valiosa, enquanto a luta pelo sonho de disputar uma Olimpíada se torna um verdadeiro teste de resiliência e determinação.

Uma inspiração

"Depois que vi o Julião Neto em 2016, acendeu uma chama em mim para Paris 2024. Nunca pensei em Tóquio, o ciclo anterior, mas sim em Paris, que era o meu foco, a minha meta, o meu objetivo. Isso significa muito para mim, pois me tornei um atleta olímpico mesmo sem as pessoas olharem para o boxe.

"A Federação de Boxe do Estado do Pará consegue colocar atletas na Seleção. Agora, eu represento o Pará e o Brasil. Isso serve de inspiração para a criançada nova, que sempre reclama da falta de apoio e eu digo que também não tive. Não é isso que vai fazer eles pararem, pois eu não parei. Se eles têm força de vontade, se desejam se tornar atletas de alto rendimento, vão ter que superar tudo isso. Foi assim que cheguei até aqui e significa muito para mim", finalizou.

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 começam no próximo dia 26 de julho e vão até o dia 11 de agosto. A Seleção Brasileira segue preparação na Rio Maior Sports Centre, em Portugal, e, no dia 23 de julho, embarca para Paris, rumo às Olimpíadas.

Equipe Dol Especiais:

  • Reportagem: Kaio Rodrigues
  • Multimídia (vídeos): Vicente Crispino
  • Coordenação e edição: Anderson Araújo
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