De acordo com diretora assistente da Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos (DECCC) da Polícia Civil do Pará, Thiciane Maia, o aumento nos golpes está diretamente relacionado à inserção da internet e dos meios digitais no cotidiano das pessoas, como nas transações bancárias. “Hoje, praticamente todos os aspectos da vida estão, de alguma forma, vinculados ao ambiente digital", explica.
"Quanto mais dependemos desse meio, maior é a exposição e a vulnerabilidade a esse tipo de crime. A conveniência oferecida pela digitalização, especialmente no setor bancário, muitas vezes vem acompanhada de uma renúncia a certos níveis de segurança”, observa.
Portanto, quanto mais conectados estamos, mais suscetíveis nos tornamos aos golpes. A delegada destaca que com a integração de novas facilidades, há um aumento nas brechas de segurança. Isso se traduz em um crescimento da vulnerabilidade e demanda mais atenção por parte dos usuários para identificar e corrigir possíveis falhas.
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Quanto mais conectados estamos, mais informações pessoais e financeiras circulam, e mais suscetíveis nos tornamos aos golpes.
Thiciane Maia, Diretora assistente da DECCC da Polícia Civil do ParáQuanto aos crimes mais comuns, a delegada apontou que a maioria está ligada ao setor financeiro. Um exemplo é o golpe do falso parente, onde os criminosos se passam por filhos ou parentes, alegando estar em necessidade urgente de ajuda financeira. Outro golpe frequente é o do falso leilão, onde a vítima acredita estar adquirindo um bem de uma fonte confiável, mas na realidade está caindo em uma fraude.
Além disso, há o golpe do falso funcionário de banco, onde os criminosos contatam as vítimas, alegando problemas na conta bancária e solicitando informações confidenciais, que são usadas para roubar dinheiro ou realizar empréstimos. O golpe do falso boleto também é comum, onde boletos falsificados são enviados por e-mail ou WhatsApp, levando a vítima a pagar por uma conta que, na verdade, vai para a conta dos criminosos.
Por fim, o golpe da 'novinha' envolve a extorsão de vítimas que enviaram fotos íntimas pela internet. Criminosos ameaçam expor essas imagens ou envolvem falsos agentes da lei para coagir a vítima a realizar pagamentos sob o risco de ter sua privacidade violada.
Esses crimes exploram tanto a vulnerabilidade técnica quanto a emocional das vítimas, e exigem um cuidado redobrado no uso de meios digitais. Além desses citados acima, listamos os cinco golpes mais comuns no Brasil.
Confira:
1. Golpes com Inteligência Artificial
Golpistas utilizam ferramentas de IA para criar mensagens e interações falsas que parecem legítimas. Isso inclui e-mails de phishing, chamadas telefônicas automatizadas e até comandos por voz, conhecidos como vishing (phishing por voz).
2. Golpes pelo WhatsApp
Com o aumento do uso do WhatsApp, os golpes neste aplicativo têm se tornado frequentes. Os criminosos podem usar mensagens falsas que parecem de empresas legítimas para obter informações pessoais ou induzir vítimas a clicar em links maliciosos. Outros golpes incluem o WhatsApp clonado, onde a conta é roubada e usada para solicitar dinheiro aos contatos, e a falsificação de código de SMS para acessar contas.
3. Golpes do PIX
Com a popularização do PIX, surgiram várias fraudes associadas a ele:
• Copia e Cola do PIX: O golpista cria um QR code falso que o usuário copia e cola, enviando o dinheiro para o criminoso.
• Bug do Pix: O golpista espalha um boato de que chaves PIX aleatórias devolvem valores em dobro, mas na verdade, o dinheiro vai para o golpista.
• Desvio do Pix: Aplicativos maliciosos monitoram suas atividades e desviam dinheiro quando uma transferência é feita.
• GoPIX: O golpista intercepta pagamentos via PIX feitos para lojas online, desviando o dinheiro para sua própria conta.
4. Golpes de Investimento
Com o aumento do interesse em investimentos, especialmente em criptomoedas, golpistas oferecem retornos rápidos e garantidos para atrair investidores. Esses golpes frequentemente envolvem esquemas Ponzi ou ativos fictícios, resultando em grandes perdas financeiras.
5. Golpes de Phishing
Os golpistas enviam e-mails, mensagens de texto ou telefonemas fingindo ser de empresas ou instituições legítimas para obter dados pessoais e financeiros das vítimas, como senhas e números de CPF, com o objetivo de roubar identidades e cometer fraudes financeiras.
Vítima de Phishing
Um exemplo claro do golpe do Phishing, foi o caso recente da gerente Cristina Monteiro, 34 anos. Como muitos brasileiros, Cristina quer ter o nome limpo depois de ter se complicado com dívidas que não conseguir quitar. Ela estava determinada a limpar seu nome, mas acabou caindo em um golpe justamente onde menos esperava: no site do Serasa Limpa Nome. A plataforma, conhecida por oferecer descontos atrativos para inadimplentes, tornou-se alvo de golpistas que se aproveitam da boa-fé dos consumidores.
O que aconteceu ?
Cristina relatou que recebeu um e-mail supostamente enviado pela plataforma, oferecendo um desconto irresistível para quitar suas dívidas e limpar o nome. A mensagem dizia: "Ao fazer o pagamento, seu nome será retirado do Serasa em até cinco dias".
Encantada pela oferta, Cristina agiu rapidamente. "O desconto era tão bom que eu não pensei duas vezes. Fiz o PIX imediatamente e ainda influenciei outras pessoas a entrarem na plataforma para negociar suas dívidas e aproveitarem a mesma oferta", compartilhou.
No entanto, a alegria durou pouco. Quando os dias passaram e seu nome continuou na lista de inadimplentes, Cristina percebeu que algo estava errado. A desconfiança se confirmou: ela havia sido vítima de um golpe, e o valor pago não teve o efeito prometido.
O caso de Cristina serve como um alerta para os consumidores sobre a importância de verificar a autenticidade de e-mails e ofertas antes de realizar qualquer transação financeira online.
O que fazer ao cair em um golpe pela internet?
Como vimos, existem várias formas de cair em golpes digitais. Mas, ao perceber que foi vítima de um golpe pela internet, o primeiro passo é manter a calma. Existem ações que podem ser tomadas para minimizar os prejuízos. Para evitar que seus dados sejam utilizados para transações fraudulentas.
- A primeira medida é bloquear imediatamente seus cartões de crédito e débito, além de carteiras virtuais e outros serviços financeiros que possam estar comprometidos.
- Logo depois, informe o ocorrido às suas instituições financeiras. Isso permitirá que elas monitorem possíveis movimentações suspeitas em suas contas.
- É também essencial alterar todas as senhas que possam ter sido expostas, incluindo senhas de e-mails, redes sociais, contas bancárias e outros serviços online, como plataformas de streaming ou aplicativos de transporte.
- Após essas etapas, é fundamental registrar a ocorrência junto à polícia. Dirija-se à delegacia mais próxima e faça um boletim de ocorrência, garantindo que o incidente seja formalmente documentado.
- Por fim, avise seus amigos e familiares. Os golpistas podem utilizar suas informações para entrar em contato com pessoas próximas, pedindo dinheiro em seu nome. Se eles estiverem alertados, será mais difícil que caiam em uma nova fraude.
Como se proteger dos golpes virtuais?
- A prevenção é sempre o melhor caminho. Existem diversas medidas simples que você pode adotar para se proteger contra golpes na internet.
- Tenha cautela ao compartilhar informações pessoais em redes sociais ou em conversas on-line com desconhecidos. Até mesmo um dado aparentemente inofensivo, como seu número de telefone, pode ser utilizado para aplicar golpes.
- Desconfie de e-mails suspeitos. Se não tiver certeza sobre a confiabilidade do remetente, evite responder ou abrir anexos. Muitos golpes começam por meio de e-mails fraudulentos que imitam empresas conhecidas.
- Ao navegar em sites sempre verifique se são seguros antes de fornecer qualquer informação. Confira se o endereço da página está correto, pois até mesmo uma letra trocada pode indicar que o site é falso. Além disso, procure por um cadeado ao lado do endereço, o que indica que o site possui uma camada de segurança adicional.
- Mantenha um bom antivírus instalado em seus dispositivos, preferencialmente com um módulo de proteção online. Esse tipo de software pode identificar e alertar sobre riscos na web, como sites maliciosos ou infectados.
Equipe Dol Especiais:
- Reportagem: Mayra Monteiro
- Coordenaçao e edição: Anderson Araújo
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