Anderson Melo, de 37 anos, é um dos mais jovens e dedicados livreiros do tradicional Sebo da Galeria, localizado na Galeria Alberto Lopes, na Avenida Presidente Vargas. Aos domingos, ele também marca presença na feirinha da Praça da República, das 8h às 14h, onde vende livros usados. Com seis anos de experiência na compra, venda e troca de livros, Anderson é um membro ativo do Movimento de Livreiros Alternativos da Praça da República.
“O sebo é um espaço físico de compra, venda e troca de livros, onde possibilita o acesso do livro à população de uma forma mais democrática, principalmente quando levamos em consideração o fato de que livro é um bem cultural caro no Brasil, haja vista que os preços que você encontra nos sebos são mais acessíveis em comparação aos valores cobrados nas livrarias ou outros locais, incluindo os de venda on-line”, explica Anderson.
Para ele, no entanto, os sebos são mais do que apenas locais de comércio. “Os sebos são esse espaço de resguardo, de cuidado com os livros. E os livreiros são esses entes responsáveis por esse zelo, por esse cuidado com os livros. Quando o livreiro pega um livro usado, ele conserta, ele recupera aquele exemplar. Por isso, além de um ofício, de um emprego e de uma geração de renda, ser livreiro também é uma causa, uma luta e um movimento de resistência cultural”, afirma.
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ESPAÇO NA FEIRA PAN-AMAZÔNICA DO LIVRO
Anderson destaca a importância de sua profissão na democratização do acesso à cultura e ao conhecimento. “Nós lutamos pela universalização da cultura, do conhecimento por meio dos livros. Assim, nós contribuímos com o enriquecimento cultural do nosso povo e da nossa cidade”, diz ele.
Este ano, ele e seus colegas livreiros estão participando pela terceira vez da Feira Pan-Amazônica do Livro. “Nesta 27ª edição, nós ganhamos um corredor para os sebos. Essa é uma porta que se abriu não só para nós, mas também para os leitores, pois eles podem ter acesso a livros que nem estão mais nos catálogos das editoras e essa é uma experiência diferente e enriquecedora”, ressalta.
Anderson também reflete sobre os desafios enfrentados pelos livreiros em um mundo cada vez mais digital. “Acredito que esse é um momento importante de valorização dos sebos, principalmente por estarmos vivendo em um contexto em que as pessoas estão mais interessadas em redes sociais, na cultura digital e, até mesmo por conta disso, muitas livrarias tradicionais acabaram fechando as portas por falta de interesse nos livros físicos”, observa.
Tempos difíceis
Anderson relembra os tempos difíceis que a categoria enfrentou no passado. “Nossa vida como livreiros nunca foi um mar de rosas. No passado, nós chegamos a ter materiais apreendidos pelas autoridades. Na época, antes da nossa luta, nós livreiros éramos vistos como qualquer outro vendedor ambulante que, teoricamente, estaria prejudicando a economia formal. Felizmente, essa época passou e agora nós temos nosso espaço respeitado na Praça da República", conclui.
Equipe Dol Especiais
- Reportagem: Sales Coimbra
- Coordenação e Edição: Anderson Araújo
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