
Embora não receba tanta atenção quanto o dia das mães, o dia dos pais não é, de forma alguma, uma data menos importante. Neste domingo (10), milhões de pais e filhos comemoram a data, que representa não só os laços genéticos, mas, principalmente, os afetivos.
Entre 2019 e maio de 2025, 320 crianças e adolescentes foram adotados no estado do Pará, segundo dados do Tribunal de Justiça do Estado. Estas crianças, esse ano e para o resto da vida, comemoram o dia dos pais não mais com a família em que nasceram, mas com a família escolhida.
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No entanto, outros casos, não registrados, embora tenham diminuído com o passar do tempo, ainda são muito comuns, como a do porteiro Gerson Dias e sua filha, Samily Lima.
Sem nenhuma formalização, Gerson e sua esposa, Cristina, são responsáveis por cuidar de Samily, que completou 19 anos na última sexta-feira (8). Tio da mãe biológica de Samily, Gerson e a esposa se tornaram os "pais" da menina quando ela tinha três anos de idade, quando a mãe biológica de Samily precisou deixá-la para cuidar das outras filhas.
"Apesar de receber um salário mínimo e ter três filhas, além de uma boa quantidade de gastos para o tratamento médico da mulher, ele resolveu me 'adotar'. Ele não me deu o sobrenome ou conseguiu minha guarda legal, mas sempre esteve do meu lado", contou a estudante.
Ela, que já nasceu com graves problemas de saúde, também relata que o pai era sempre o primeiro a saber quando ela ficava doente, e segundo Samily, sempre foi a figura paterna que ela precisou. "Sou muito grata por ele ter me escolhido. Ele me ensinou que sou amada e querida, e que eu nunca posso esquecer que sou filha dele e ele me ama".
"Eu acredito que somos a soma de todas as pessoas que passam por nossas vidas, então eu acredito que não seria quem eu sou hoje se não fosse por tudo o que ele me proporcionou, por cada exemplo que ele me deu ao longo dos anos", relatou.
Gerson, por sua vez, explicou que não foi necessária nenhuma adaptação para receber a pequena Samily em casa, na época. "Naquele momento ela estava em tratamento de saúde, e todas as vezes que ia ao médico ela ficava alguns dias conosco. Pelo fato de já termos uma família , não tivemos problema nenhum em recebê-la como filha, e hoje temos esse sentimento de que ela é nossa filha. Não a geramos, mas ela nasceu em nosso coração e nós a amamos".
Ambos, no entanto, descartaram a possibilidade de oficializar a adoção, não pela falta de amor, mas pelo medo de causar mágoas aos pais biológicos da filha. "Algumas vezes pensamos na adoção, mas resolvemos evitar, para não ter problemas com a família", avaliou Gerson.
Samily, por outro lado, disse que ainda pensa sobre incluir o sobrenome dos pais adotivos oficialmente, agora que é maior de idade. "Comecei a pensar com frequência depois de fazer 17 anos. Sempre quis ter o nome da minha família adotiva, mas também penso que posso magoar minha família biológica, então é algo que ainda não me decidi".
No dia dos pais, segundo Samily, a programação é bem comum: almoço em família e, depois, culto em homenagem ao Dia dos Pais na igreja que a família frequenta.
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Adoção afetiva
O caso de Gerson e Samily não é único, e juridicamente já pode ser reconhecido com a filiação socioafetiva. De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Direito da Família (IBDFAM), a filiação socioafetiva, diferente da adoção regular, não substitui os pais biológicos.
Enquanto na adoção regular os direitos dos pais biológicos sobre a criança são desfeitos, na filiação socioafetiva, desde que sejam comprovados os laços afetivos entre o adulto e a criança, o processo de filiação, em alguns casos, pode garantir a multiparentalidade.
Neste caso, tanto os pais biológicos quanto os socioafetivos, assim como os avós, são reconhecidos na certidão de nascimento da criança, seguindo decisões anteriores tomadas tanto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), quanto pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
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