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ANÁLISE

Os garotos-propaganda do Qatar trabalham para a ditadura

Paulo Vinícius Coelho, o PVC, faz uma análise sobre a participação de Messi e Mbappé na Copa do Mundo do Qatar

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Imagem ilustrativa da notícia Os garotos-propaganda do Qatar trabalham para a ditadura camera Reprodução: Internet

Aplausos para Messi e Mbappé. É raro uma Copa do Mundo terminar com os dois protagonistas disputando cabeça a cabeça o título, a artilharia e o prêmio de craque da competição. Palmas para os garotos-propaganda do Qatar, questão tão debatida no início desta empreitada pelo Oriente Médio. Direitos humanos são inegociáveis.

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Raras vezes esta frase veio acompanhada dos nomes de Messi e Mbappé. Neymar também está na lista dos que recebem para trabalhar para o emir. O Paris Saint-Germain é patrocinado pela Qatar Airways e pelo Qatar National Bank (QNB). A companhia aérea, fundada pela família real, mantém até hoje 50% das ações nas mãos do governo.

Então, Mbappé, Messi e Neymar trabalham para a ditadura.

A recém-disputada Legends Cup reuniu mais de cem ex-jogadores-celebridades, muitos dos quais passaram a Copa recebendo diárias da Fifa e mordomias que garantiam não gastar nem um mísero centavo para tomar um café.

O torneio foi disputado no Complexo Khalifa, próximo ao estádio onde neste sábado (17) será disputado o terceiro lugar, entre Marrocos e Croácia.

A colombiana Catalina Usme deu assistências, fez gols. Clarence Seedorf esteve, como sempre, em boa forma física, o oposto de Sneijder e Stoitchkov, que distribuíram passes e dribles. Incrível a capacidade de finalização do búlgaro, até hoje.

Nuno Gomes, 69 minutos em Copas e um gol, demonstrou seu enfado ao tentar autografar uma camiseta de um torcedor que não conseguia esticá-la o suficiente, para que a caneta funcionasse. Pizarro, nenhuma Copa, driblou, finalizou, deu show de bola e simpatia. Todos remunerados com dinheiro do Qatar.

Havia magros, gordos, brancos, negros, supostamente uma atleta homossexual. Enfim, um banho de diversidade na Copa. Claro, só faltaram os pobres.

Foi possível admirar a cultura árabe no primeiro Mundial no Oriente Médio, sem deixar de observar todos os detalhes. Direitos humanos são inegociáveis e nada paga sua consciência.

Não são só Mbappé, Neymar, Messi e os craques-celebridade. Pep Guardiola renovou seu contrato com o Manchester City, o outro clube-estado, financiado pela Ettihad, companhia aérea nacional dos Emirados Árabes, também uma ditadura opressora.

Nem todo árabe é muçulmano, nem todo muçulmano é árabe, tem terroristas de todos os tipos, ditadores há e houve em todos os continentes e a questão é quem aceita trabalhar para eles, ser financiado por eles, fazer propaganda direta ou indireta deles.

Ninguém vai deixar de aplaudir Messi e Mbappé pela Copa do Mundo brilhante que fazem. Só não custa lembrar que o Paris Saint-Germain é um clube qatariano, com sede na França, assim como o Manchester City é um time dos Emirados Árabes, sediado na Inglaterra. São mantidos por ditaduras e os salários de seus astros são pagos, em grande parte, com esse dinheiro.

Em campo, Messi x Mbappé repetem o raro caso de Romário e Roberto Baggio, nos Estados Unidos. O melhor jogador do mundo de 1993 contra quem o sucedeu em 1994. Os dois tinham cinco gols e podiam se juntar aos artilheiros da Copa, Stoitchkov e Salenko. A decisão foi um 0 a 0 castigado pelo calor do meio-dia, em Los Angeles. Neste domingo, a final será às 18h, do Qatar, temperatura provável de 24ºC.

O mundo vai aplaudir Messi ou Mbappé. Não se esqueça do Qatar.

* Jornalista, autor de ‘Escola Brasileira de Futebol’, cobriu sete Copas e oito finais de Champions

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