Em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, exibida neste domingo (19), a primeira funcionária da CBF a denunciar Rogério Caboclo, presidente afastado da entidade, por assédio moral e sexual afirma que o impacto do caso em sua vida é "uma dor que não acaba. É uma dor que hora nenhuma sai de mim."
Depois dela, outras duas pessoas fizeram reclamações semelhantes contra o dirigente.
Sem mostrar o rosto ou ser identificada, ela reiterou fatos que já haviam sido apresentados por escrito à comissão de ética da Confederação. Falou também que o comportamento de Caboclo era de alguém que se achava acima da lei.
"Ele falava: 'sou homem de 100 milhões de reais. Quem ela pensa que é?' Ele mandou carro me vigiar em casa", disse, completando ter medo do antigo patrão.
A funcionária, que fazia parte do cerimonial da CBF, passou a secretária e depois foi assessora da presidência, voltou a trabalhar na sede da entidade, no Rio de Janeiro, no início deste mês. Ela estava licenciada desde junho, quando apresentou a denúncia.
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O presidente foi afastado pela comissão de ética, mas esta julgou que ele não cometeu assédio sexual, mas sim, conduta inadequada. Foi determinada sua saída do cargo por 15 meses, mas a decisão ainda terá de ser ratificada por assembleia geral da entidade.
"Minha depressão chegou a um nível que eu pensei: vou morrer. No dia seguinte, achava que não seria tão ruim, precisava do emprego. Só que eu chegava [à CBF] e era pior", disse.
A funcionária deu detalhes sobre o dia em que, alega, Caboclo a comparou a uma cadela e lhe ofereceu comida de cachorro.
"Ele começou a fazer comentários sobre determinado diretor da CBF. Ele disse que eu ia contar para Fulano, 'você é cadelinha do Fulano'. Quando eu comecei a falar, ele começou a latir para mim. Ele vai à cozinha [em seguida], volta com biscoito de cachorro e me oferece", contou.
Em uma das conversas, gravadas pela denunciante, Caboclo perguntou se ela se masturbava. "Eu saí correndo. Aquilo foi o meu limite."
Segundo a funcionária, Caboclo lhe fez uma oferta em dinheiro, um curso na Europa com tudo pago e promoção na CBF com um cargo em que ficaria até se aposentar. Mas ela teria de assinar termo dizendo jamais ter sido assediada e que teria se afastado da entidade por problemas familiares. A proposta foi recusada.
Rogério Caboclo nega ter cometido assédio contra a funcionária e afirma ter pedido desculpas por comentários que reconheceu inapropriados. Em nota ao programa, disse não ter oferecido nenhum acordo financeiro, mas sim, sido procurado por uma terceira pessoa que buscava um acordo.
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